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Apagou o mesmo verso pelo que parecia ser a enésima vez. Viu a folha se tornar cada vez mais desgastada e soprou as sobras da borracha para longe.

Se dispôs a ir até sua cafeteria favorita naquela manhã de sábado, tentando buscar inspiração para novas composições. Deu certo até certo ponto, escreveu ao menos uma introdução inspiradora, o primeiro verso também saiu da forma que queria. Mas o refrão…

Passou parte da noite em claro, essa música martelava em sua cabeça fazia um tempo, decidiu finalmente tirar um tempo para si e quem sabe por seu talento em ação.

Em sua mente, a melodia exata de como queria no resultado final já estava pronta, todo o ritmo da canção soava perfeitamente.

Apenas a letra que se tornou um problema.

Estava em sua segunda xícara de capuccino, o lápis não parava um segundo. Hinata queria que aquela música ficasse perfeita, porque havia passado uma ideia louca na sua cabeça, e, talvez, essa ideia poderia ser real.

Naquele mesmo caderno, havia composições das quais não chegou a mostrar para ninguém, porque eram íntimas demais. Elas expunham cada pedacinho do seu ser, apenas três das muitas músicas que lançou chegavam nesse mesmo nível. O restante ficava guardado para si, esperando o momento certo para expor ao mundo quem era de verdade.

Todas as suas inspirações, frases, tudo aquilo que a incentivava a compor estavam contidas naquelas páginas. Tirá-las do seu quarto e trazer novamente para fora depois de alguns meses foi revigorante para si, pois desde então, vinha compondo com certa frequência.

Desde que se encontrou com ele.

Respirou fundo, tomando mais um gole da sua bebida, e encostando o lápis novamente na folha, onde sua caligrafia bonita dava traços a uma nova frase, dessa vez da maneira como realmente queria.

Sorriu simples, em breve seus representantes teriam músicas novas para divulgar, e seus fãs, que sempre estavam lhe apoiando, saíram da seca após quase dois anos sem lançamentos.

— Finalmente te achei – uma voz disse rente ao seu ouvido, o hálito quente a fez se arrepiar, e quase derrubou tudo da mesa.

Maldita mania que seu amigo tinha de chegar dessa forma.

Ao encará-lo, o moreno jazia rindo da forma como a assustou. Hinata quis bater fortemente nele, assim que o viu sentar-se na cadeira a sua frente.

— No que tava pensando, hein? Essa porcaria tá quente, poderia me queimar – disse ela em falsa irritação apontando para a xícara.

— Que seria uma cena hilária de você pulando como um Pincher assustado. E olha só, deu certo – o sorriso cínico dele fez com que ela o olhasse em descrença.

— Passamos meses sem nos ver e esse é o primeiro pensamento que tem ao me encontrar? – cruzou os braços.

— Não, a primeira foi que eu precisava realmente conversar com você sobre um assunto sério, na verdade. Minha segunda opção foi chegar de fininho.

— Você não presta, Kiba – riu abertamente dessa vez, mas sem se esquecer do que ele disse sobre o tal assunto sério.

Se levantou calmamente, viu-o fazer a mesma coisa e ambos apertaram-se num abraço caloroso, repleto de saudade.

Há tempos se conheciam e viam um no outro suporte para suas carreiras. A dela como artista e a dele como empresário, apoiaram-se mutuamente desde a época da escola, quando ainda sonhavam alto até finalmente verem diante de seus olhos tudo o que conquistaram com muita garra.

A Bel PrazerDonde viven las historias. Descúbrelo ahora