𝐀𝐓𝐎 𝐕𝐈𝐈: o príncipe encantado vira sapo.

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"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.
Clarice."

A conversa que tive com Heeseung me rendeu uma dor de cabeça exorbitante. Digo, na verdade, era o assunto que me estressava.

A tarde de sábado havia sido muito longa,
deveras puxada e cheia de diversos
sentimentos que eu não entendia muito bem. Primeiro que dentre todos os assuntos citados, todos - leia-se todos mesmo - giravam em torno de Park Sunghoon. O que resultou em um Kim Sunoo estressado.

Olha, fácil não foi.

Heeseung havia dito os motivos pelos quais tinha escondido quem era o menino que ele gostava, as razões que o levaram a tal coisa e por aí foi. Em alguns momentos, eu estava de boa e nos outros, fugir parecia uma opção viável. Veja bem, eu amo o meu melhor amigo
e considero ele muito em minha vida. Mas
toda aquela situação me deixava nervoso e eu não sabia porquê. Ou se imaginava, fingia não saber.

Duas semanas haviam se passado e hoje é terça. O que significava dia de teatro, dia de ensaiar e de quebra - apenas talvez - de beijar Jungwon.

A carne é fraca, irmãos.

─ Vamos lá, Sun. ─ Heeseung dizia segurando em minha mão. Esse gesto é bem comum vindo da gente, toda via, após o seu namoro assumido, eu ficava meio sem saber como agir. O menino leva-me até o local que sempre ficávamos no intervalo e Sunghoon já esperava nós dois. Sua expressão era neutra, aquela
típica feição que sempre o acompanhava, mas ao ver Heeseung, logo sorriu amplamente.

E que sorriso, meus amigos.

Foco, Sunoo.

Os dois se cumprimentam sem beijo ou sinal de carícias mais íntimas, por assim dizer. O que, acho eu, foi por minha causa. E, sendo sincero, eu não aguentaria ver ambos aos beijos.

Nem sou alguém amargurado, puff, nunca nem vi.

Optei por ficar mais afastado deles, assim eu não seria taxado como vela e tentaria ficar de boa. Escutei Heeseung falar animadamente com seu namorado enquanto o rapaz parecia sem graça. Qualquer um que olhasse para nós três veria o quanto eu me mantinha deslocado
perante a tudo. Então, diante disso tudo, digo a Heeseung que preciso ir na biblioteca da escola.

Ele concorda de modo superficial pois sua
atenção estava voltada a Sunghoon mas eu vi quando seu namorado me olhou por alguns segundos antes de voltar sua atenção a Lee.

Soltei o ar que nem sabia estar prendendo
assim que entrei na biblioteca. Havia poucas pessoas no recinto e minha chegada foi prontamente ignorada. O que, ao meu ver, foi ótimo.

Eu nunca foi uma pessoa confusa em relação às coisas. Sei que não existe certo ou errado no amor, que está tudo bem em cair ou até mesmo entendia que as coisas que você negava no passado, hoje até mesmo gosta. Tudo é questão de tempo e maturidade.

Só que, veja bem, eu sempre fui péssimo no quesito amor. Claro, existiram situações onde eu não fui tão bem quanto eu imaginei, mas doía relembrar.

─ Oppa, você está bem? ─ escuto a voz de Chaehyun indagar. A mesma se senta ao meu lado enquanto seu olhar me analisava com bastante atenção.

─ É, digamos que sim. ─ lhe respondo
instantes depois. Chaehyun não parece tão convencida assim, e eu bem sabia o quanto ela conseguia ser persistente em um assunto.

─ Sunoo, sério mesmo, o que tem acontecido contigo? ─ indagou num tom de voz baixo, a menina me olhava com evidente preocupação, e até mesmo havia me chamado pelo meu nome e não pelo pronome comum em nossa terra. ─ Não é porque sou mais nova que não entendo das coisas. E não é por ser menina que eu não possa te ajudar. Além de vizinhos, somos amigos, não é mesmo?

─ Somos sim, Chae.

─ Então, o que aflige o seu coraçãozinho? ─ sua voz era doce e amável, além de que a menina fazia um ótimo cafuné em meus fios de cabelo. Xiaoting tem bastante sorte em possuir Chaehyun em sua vida. Contei as coisas
que eu vinha sentindo - ou pelo menos as
que eu tinha certeza – e Chaehyun ouvia tudo com atenção. Por fim, a mesma disse séria: ─ Você gosta do Sunghoon

Após ela dizer tal coisa eu tive de rir. Ok que muitas pessoas o acham bonito, mas, gostar dele? Aí já é exagero dessa menina. Eu nem suporto ele, quiçá gostar.

─ Chaehyun, menos. Bem menos. ─ digo após parar com o surto repentino de risada. Ela não expressava divertimento em sua face serena, então talvez ela estivesse falando mesmo sério. É que o assunto é surreal demais pra mim, afinal, estamos falando de Sunghoon. ─ Eu não gosto do Sunghoon, ok? Eu não sei o quanto de contos você anda lendo, mas eu realmente não gosto dele.

Chaehyun revira seus olhos de maneira rápida causando certos calafrios em minha pele. Ela sorri - o que dá um certo medo considerando todo o clima em que estamos e deposita uma tapa em minha cabeça.

─ Você só não quer ver. Mas eu acredito
que há bons sentimentos aí, e embora você esconda, uma hora eles virão a tona.
─ retomou aquele velho tom sério que me dava um certo medo. ─ Eu preciso ir, pense com calma, oppa. Até mais tarde. ─ e dizendo tal coisa, ela logo se vai.

Gostaria de dizer que a partir daí eu saberia como agir diante de tudo, entretanto, eu estaria mentindo se falasse isso.

Eu apenas fiquei na minha esperando a hora chegar. Não havia como evitar Sunghoon, ou até mesmo Heeseung, por isso tentei aceitar o fato desse namoro. Gostando ou não dele.

( . . . )

─ Olá a todos os alunos presentes aqui. ─ uma mulher diz em cima do palco. Embora usasse um vestido de tonalidade azulada com um casaco florido por cima e se mantivesse aparentemente tímida, exibia um sorriso cativante as demais pessoas. ─ Me chamo Lisa e ficarei com vocês por algumas semanas. Yeji estará ocupada com alguns projetos e pediu que eu ajudasse vocês. Bom, ela me passou uma lista do que será feito e disse com exatidão que devemos começar o ensaio hoje. ─ a mulher ia dizendo conforme
andava em cima do palco. O seu salto fazia um breve barulho enquanto andava, mas ela parecia não ligar muito para isso. ─ A apresentação de vocês será num prazo de um mês, o que, eventualmente, será em setembro.

Uma breve pausa para que ela absorva
oxigênio suficiente para continuar. Apesar
de falar muito, todas as suas palavras foram proferidas com clareza.

─ Sunoo e Sunghoon poderiam vir até aqui? ─ Lisa retoma o assunto. Paro
momentaneamente para compreender o que ela havia dito.

Como assim, Sunghoon?

─ Professora, não seria Jungwon? ─ Chaehyun indaga ao meu lado, evidentemente confusa como todos no local.

─ Yeji me informou que a dupla seria Sunoo e Sunghoon. ─ disse ela, instantes depois. ─ Pois, aparentemente, um dos protagonistas não poderia participar mais. E Yeji me pediu que Sunghoon fosse colocado no lugar.

De trás de onde Lisa estava que era
basicamente o centro do palco - Sunghoon surge. Exibia o seu típico sorriso convencido e nossos olhares se cruzaram.

─ Obrigado pelo convite, professora. Darei o meu melhor para esta peça, ainda mais atuando ao lado de Sunoo. ─ aponta para mim. Todos olhavam com bastante atenção a cena que se desenvolvia ali, eu apenas encarava o Park. - Já dizia um conto que amo muito: que os jogos comecem.

teatro ✧ sunsun.Where stories live. Discover now