𝐀𝐓𝐎 𝐗𝐕𝐈: me sentindo a s/n das histórias.

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"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.
Clarice."

─ Uma semana, caralho! ─ falei exasperado enquanto fitava Heeseung que fazia de tudo para não me olhar. Ele mexia os pés todo sem jeito, sorria sem graça e não me olhava por nada, o safado. ─ Eu parecia um menino de luto dentro do meu quarto! Tem noção de quantas
lágrimas derramei por você? Heeseung! Fala alguma coisa!

O intervalo chegou naquela manhã de segunda e uma coisa aconteceu: Heeseung veio falar comigo e pediu que fôssemos conversar. Prontamente aceitei, e ali estávamos nós dois, um pouco mais afastados discutindo em plena escola e intervalo enquanto algumas pessoas analisavam a cena. Embora devêssemos ficar mais distantes, o assunto era meio urgente de ser tratado. Ao meu ver, sim.

Bando de desocupadas, onde já se viu ficar focando na minha vida como se fosse novela? Ava. Mentira, eu faço isso mas não desejo que façam comigo. Vai entender.

─ Você tem de entender que eu fui traído. A palavra gado demais nunca fez tanto sentido como agora, caceta. ─ respondeu num tom indignado e baixo.

─ Segue o exemplo daquela música: faça dos seus chifres uma coroa. ─ rebati cruzando os braços. Ele subiu o seu olhar até mim e timidamente abriu os braços num pedido mudo de abraço. ─ Assim você me quebra, vem aqui, Seungie. ─ ele prontamente vem em minha direção e passa seus braços ao redor de minha cintura. ─ Eu sei que você tá bem magoado e que isso tudo te deixou mal, mas quer ver um filme mais tarde em casa? Só nós dois, como nos velhos tempos.

─ Você me conhece bem.

─ Eu sou seu amigo há anos, eu certamente saberia algumas coisas sobre você.

( . . . )

As últimas aulas se passavam lentamente
enquanto eu recebia um carinho de Heeseung por estar ao seu lado na cadeira. Ele voltou a se sentar ao meu lado e isso me deixou bem feliz, somos uma espécie de Tom e Jerry, só que sem as brigas tão frequentes. Quando fala
de um, sua mente logo associa com o outro. Assim somos nós dois.

Saio de onde estava e peço licença ao
professor para poder ir ao banheiro. Tendo certeza de que ninguém me olhava, coloco os fones de ouvido e aperto play na faixa em questão.

─ otoke oh baby tell me why... ─ murmurei assim que adiantei a música para o refrão e sigo até o banheiro.

Dancei diante daquele espelho posto dentro do local, admirei o quanto sou bonito e tenho sardas belas e após isto fui arrumar o meu cabelo. Pequenas prioridades primeiro.

A tonalidade loira parecia fraca diante de mim, os fios se encontravam meio ressecados. Isso sem contar com algumas pontas duplas que insistiam em ficar por ali.

─ Já sei o que farei depois.

Guardei os objetos no bolso da calça e voltei calmamente para a sala. Uma explicação se fazia presente naquele instante, tentei não atrapalhar a pessoa que ensinava e fui até meu cantinho ao lado de Heeseung.

─ Você já falou com seu ex macho? ─ lhe perguntei baixo enquanto mantinha minha concentração na breve explicação, que logo seria seguida de uma possível atividade. Sempre era assim.

─ Não, e não estou afim de falar com ele.
E me desculpe pelas coisas que eu acabei
falando a você naquele dia, você não é nada do que eu disse ou pensei.

─ O que você pensou de mim?

─ Eu só digo que depois do talarica, o nível desceu muito e eu me arrependo disso. ─ disse, apenas. Havia receio em sua voz, ou pelo menos deduzi que fosse isso. Minha expressão entregava o quanto estava surpreso por esse lado vindo de Heeseung, toda via, ele tinha seus motivos. Não tô dizendo que foi certo, mas né.

Mexo em meu caderno encontrando uma
pequena coisa diferente neste. Por entre as páginas brancas existia um mínimo post it de cor verde. A expressão de Heeseung permanecia neutra, então talvez não fosse dele ou algo assim. Sua atenção estava voltada ao quadro, então ele nem percebeu meu foco desviado de si.

"Eu fui um idiota, mas você aceitaria esse idiota lhe conquistando do modo certo?"

Abaixo do tal post it, havia outro na cor rosa.

"Sei que não sou o príncipe dos seus sonhos, mas tentarei ser o melhor."

E acabava por aí. Não sabia como estes dois papéis haviam sido colados em meu caderno, parecia um mistério, mas uma parte mínima minha dizia que eu sabia de quem eles eram.

Ali existia uma grande dúvida: ou
possivelmente aceitava o que estava sendo me dado, ou ignorava todos os sentimentos que venho guardando desde então.

Ai, meu Lee Taemin, o que eu faço de minha vida?

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