16 - Verdades e Mentiras

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Vitor

De tanto fazer questionamentos sobre o que realmente acontece entre mim e Laura,  acabei abrindo o jogo com o Lucas. Contei tudo sobre nossa aproximação, nossa sintonia e falei também sobre como tudo desandou essa manhã.

- Como assim, mentiu pra Laura que é vasectomizado? Você ficou louco?! - Lucas fica transtornado ao saber.

- Eu estava prestes a dizer a verdade porque nossa noite tinha sido incrível. Aí ela acabou surtando de repente, achando que podia engravidar e tal, pois seu método anticoncepcional está vencido. Enfim, enquanto eu tentava acalmá-la, ela acabou soltando que quer muito ser mãe um dia. Eu perdi a discurso. Quando me dei conta, já tinha mentido e ela já estava chocada, desapontada...

- Óbvio que ela se desapontou. Você disse mentiras. Se tivesse sido honesto, aposto que a essa altura, estaria junto com você, traçando um plano.

- Não, nem temos bagagem pra isso.

- Qual é? Vá contar a verdade pra ela, irmão! Não perde essa mulher não!

- Não sei se quero contar. Ela se sacrificaria por minha causa e eu acho que ela já fez demais pelos outros nessa vida.

Lucas mal disfarça a irritação.

- Laura é adulta, cara. Conta a verdade e deixa que ela decida se quer ou não entrar nessa história com você. Mentir só vai fazê-la ter ideias muito distorcidas a seu respeito. Quero nem imaginar o que ela deve estar pensando numa hora dessas...

É, também não quero pensar nisso. A ideia de chegar em casa, pegar a Laura pela mão e contar todos os meus fantasmas é tentadora. Quero muito fazer isso e se eu não soubesse tanto sobre ela, se ela não tivesse me dito sobre a sobrinha, juro que eu não pensaria duas vezes.

- Pelo jeito que ela te olha, está bem a fim de você, vai mesmo jogar essa chance fora?

- E se eu me apaixonar por ela enquanto tentamos ter algo sério? E se ela se cansar e for embora no final, frustrada por ter perdido seu tempo comigo?

- Ela não é a Isadora, coloque isso na sua cabeça.

- Não sei o que fazer.

- Então vá para casa e se desculpe com sua avó. Amanhã cedo você conversa com a Laura.

É o que faço. Volto para casa e encontro tudo em silêncio, apagado. Bato na porta do quarto de minha avó e entro. Ela está deitada, mas ainda não dormiu.

- Pode me perdoar pela grosseria de mais cedo?

Minha avó se senta na cama e me analisa:

- O que está acontecendo, filho? Você parece tão agoniado... Achei que a Laura estava levando embora a sua tristeza, mas ainda vejo ela aí...

- Vou ficar bem, vó. Desculpa, tá?  - abraço-a longamente e a deixo descansar pois já é tarde.

Não quero lhe contar nada justo na véspera de seu aniversário. Deixa para depois da festa dela.

Paro diante do quarto de Laura, mas não chamo. Hoje estou confuso demais... Melhor deixar essa conversa pra depois. Amanhã, talvez.

Amanheço mais um dia em claro. Cochilei bem pouco, na expectativa de que Laura aparecesse, mas ela não veio.

Noite passada também dormi pouco, mas ela estava comigo, grudada em meu peito e foi bom observá-la tão em paz em minha companhia.

Pulo da cama logo que o dia começa a nascer. Tomo um banho e desço, com o peito apertado por ter uma real noção hoje do quanto fiz merda ontem.

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