> FATE IS SICKLY, BUT THE GODS ARE MORE

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Não é como se eu estivesse realmente feliz em me encolher no canto do sofá com um garrafa de uísque barato enrolada no braço enquanto meu melhor amigo fodidamente simpático depois de uma dúzia de cervejas garantia o entretenimento da minha véspera de ano novo. Clifford, o pequeno maldito traidor, abana a cauda aos pés de Jisung como se fossem velhos amigos. Felix, por sua vez, apenas fuma um cigarro mentolado com as pernas cruzadas devidamente acomodado na minha poltrona velha, com olhares furtivos sendo dispensados para Changbin sempre que possível, ele não parece realmente incomodado com a pressão terrível que é estar perto do beta. Tampouco Jisung, percebo. Eles estão claramente cômodos, confortáveis e suficientemente satisfeitos com suas bebidas e conversa leve. Não parece certo. Do meu lugar afastado de toda a porcaria da comoção, tento não deixar a sensação frustrante de ser ignorado na minha própria casa escorregar pela parte interna da minha garganta como uma cobra peçonhenta pronta para dar o bote a partir dos meus lábios. É irritante, na verdade. "Talvez o álcool não os deixe perceber o quão é exaustivo" penso sentindo a comum pressão no peito sempre que estou no mesmo cômodo que meu melhor amigo. Eu o amo, imensamente. Mas... porra, às vezes eu também o odeio. E talvez essa noite – a porcaria da véspera de um novo ano nos meus vinte e nove – eu realmente o faça seriamente. Changbin Payne sempre foi a própria encarnação de James Dean, desde muito jovem e quando suas habilidades não eram incrivelmente invasoras, ele era o garoto querido por todo com seus olhos castanhos e sorriso de quem pode consertar todas as coisas erradas que há com você. E tudo bem, quer dizer, todos sabemos o quão os betas abençoados com o Grande Dom podem ser como estrelas do Cosmos brilhando na terra dentro de suas peles de carne. É de conhecimento geral o quanto eles são incrivelmente persuasivos, gentis e simpáticos sob quaisquer circunstâncias. Crescer ao seu lado sempre foi meio que estar nos bastidores de sua vida até o momento em que as luzes do palco se transformaram em mortalmente doloridas. Changbin perdeu o controle de si mesmo e o que era o calor oferecido por sua essência se transformou em um maldito holofote cegando todos que se aproximavam demais. Hoje, no entanto, sinto-me novamente com oito anos tentando entender por quê diabos ninguém se importava com o ômega esquecido no quanto enquanto todos rodeavam a grande estrela ali.

Com um bufo silencioso, termino minha segunda garrafa conforme Cliff pula em Changbin como sempre fez. Merda. Até mesmo meu cachorro é um traidor de merda que esqueceu quem o alimenta todos os malditos dias. Sim, possivelmente estou com um humor fodido de tão ruim. E, sim, talvez estar de volta aos bastidores do show do meu melhor amigo depois de tantos e tantos anos tenha me deixado realmente com ciúmes. E raiva. E completa indignação porque não temos mais oito anos e eu não preciso de absolutamente ninguém para reafirmar a porcaria do meu valor, muito menos de dois alfas que mal conheço. E, bem, dane-se que um deles é a porra da minha aequalis, supostamente. "Para mim, chega" penso com o gosto amargo da raiva frustrante escorrendo por minhas veias como veneno. Odeio a sensação. Mas não há nada que eu possa fazer além de esperar que ambos fiquem próximos de Changbin o bastante para perceber que a sensação de formigamento dentro de seus corpos vem dele. Tempo o bastante para que o pequeno choque nas pontas dos dedos se tornem agonizantes, até. Porque é sempre assim. Primeiro as pessoas ficam deslumbradas com a maneira como Changbin as fazem se sentir. Depois, o incômodo. E então a dor de merda fodendo nosso cérebro como se não houvesse nada que podíamos fazer. E não há. Não para a maioria. Fecho minha cabeça com todas as barreiras que conheço e sinto o alívio quase imediato. Somos em três, isso facilita para eu na hora de bloqueá-lo. Espero ter certeza de que não vou cair nos meus próprios pés antes de me levantar e andar meio cambaleante até o banheiro minúsculo do final do corredor. Há um no meu quarto também, mas todas as coisas naquele pequeno espaço faz com que eu me lembre de Nancy. Ainda há fios longos de seus cabelos no ralo do box.

O que me encara de volta no pequeno espelho depois de eu levar um tempo longo demais tentando urinar é quase... triste. Meus olhos estão opacos como se eu não estivesse me alimentando o suficiente, há sombras escuras abaixo deles e a pele do meu rosto é quase cinzenta. A sombra escura de barba for fazer apenas torna tudo pior. Droga. Faltam apenas alguns dias até que eu esteja novamente com minhas crianças, mas... céus, como posso fazer algo assim se o mundo que conheço está ruindo aos pedaços? "Talvez eu deva pedir uma licença ou alto do tipo" penso em segundos de devaneios e então rio de mim mesmo, os olhos fixos na maneira como meu rosto se torce e meus dentes parecem incrivelmente amarelos. Não posso deixá-las dessa forma. Aqueles pequenos diabinhos cheios de energia são a única coisa que pode me manter firme enquanto tudo ao meu redor é realocado. Não tenho mais uma namorada. Não tenho mais a certeza da minha própria liberdade emocional. Meu melhor amigo aparentemente fodeu com a sua existência depois de fugir do inferno. Eu preciso de algo concreto e é isso o que as crianças são, um motivo para eu me erguer todos os dias da cama e seguir em frente mesmo que nada faça sentido.

AEQUALIS || MINSUNG VER.Where stories live. Discover now