5 - Rubi da Escandinava

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E ai, galerinhaaa
Como estão??

Vamos pro capítulo novo, não esqueçam de votar!!

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Havia um boato pelas vielas italianas sobre trabalho infantil no refinamento das joias da família Bianco. Era como um conto místico, todos sabiam, mas não falavam sobre, era um assunto que deveria ser dito em voz baixa. Embora resumidos à burburinhos, era a mais pura verdade. A família Bianco liderava o mercado de joias em boa parte da Itália. Surgiu há décadas atrás, encabeçada pelo "velho tio Billy", como todos se referiam a ele. E ano após ano, a empresa crescia, espalhando filiais por diversas cidades, era uma superprodução que para angariar tantos lucros, contava com pequenas mãozinhas para manusear as joias. Assim como seus antepassados utilizavam mão de obra infantil para produção de diamantes ou lindos rubis, a família Bianco continuava trabalhando de tal maneira. Muito se diziam enojados pela prática, mas ninguém deixava de comprar as mais belas lapidadas joias.

Marlon Gore pouco se importava com a trágica vida daquelas crianças. Boa parte eram imigrantes refugiados. Marlon estava mais interessado na pedra praticamente rara que a família Bianco acabara de encontrar. Ninguém sabia ao certo como funcionava as expedições, mas eventualmente uma nova joia era descoberta pelos escavadores da família. Raras e únicas em sua própria perfeição, custavam o valor que poucos poderiam pagar. Uma dessas joias era agora o rubi da Península Escandinava. Poucos eram encontrados, e os que eram, custavam preços exorbitantes. A sonho da maioria das mulheres era que encontrassem dois, para um par de brincos, mas se contentavam com um anel ou pingente.

Marlon sabia que a joia estava em processo de polimento, feito claramente por alguma criança do oriente médio. Ele planejava invadir a loja assim que o carregamento chegasse. Seus filhos estariam prontos, e ele também. Venderia a joia por inestimáveis milhões.

Enrico Bianco aguardava entediado no assento da loja, esperando que alguém de sua família reconhecesse seus valores afora de um mero caixa de loja. Era um Bianco, pelo amor de deus! Exigia respeito, mas este não deve ser exigido, caso contrário, não existe. Beirava seus quarenta e poucos anos, compartilhava da boçalidade e antipatia de sua família. Recém assumido como homossexual, odiava a tudo e a todos, apenas queria receber seu salário e fugir para Maldivas, ou Havaí, quem sabe não encontrar um lindo surfista, mas ainda lhe faltava muito dinheiro para isso.

O sino da porta da loja era música para seus ouvidos. Talvez recebesse uma boa gorjeta ou comissão por alguma venda grande. Se esforçava para manter o melhor sorriso possível:

Buongiorno, signora! Procurando por algo específico? — Enrico se aproximou, prestativo.

— Esta espelunca não deve ter nada que me interesse. Meu querido Viktor insistiu para que eu levasse algum presente da Itália, mas tudo aqui é tão... simplório — Suspirou, passando seus dedos pela bancada a procura de alguma poeira.

Além dos cabelos vermelhos como fogo, o sotaque puxando todos os "R" deixava claro a nata russa que acabara de adentrar a Bianco's Gioielleria. Semelhante aos italianos, os russos eram igualmente estilosos, ainda que dentro de sua própria cultura. Ambos se vestem de forma elegante, contudo, ao passo que os italianos fazem uso demasiado do gel de cabelo, os russos preferem a cabeleira solta, demonstrando um tanto de selvageria, ainda que refinada, coisa que causara imediato repulso em Enrico Bianco.

"Por Deus, uma russa não", pensou.

Signora, Bianco's Gioielleria é uma das melhores joalherias de toda a Itália — sorriu fraco — ficarei feliz em ajuda-la.

— Yekaterina Pavlova, prazer — Esticou a mão ossuda para cumprimentar o vendedor.

— Muito bem-vinda, signora Pavlova. Disse que procura algo para seu marido?

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