11 - Ritmo Cubano

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- Vocês estão aí! Três guias estão procurando as senhoritas - Um homem alto, segurando uma lanterna surgiu por entre as árvores.

As duas mulheres, ofegantes, ouviam as palavras do guia, mas não ousaram desviar o olhar uma da outra. Ou talvez não conseguissem, hipnotizadas.

- Ei! - O homem chamou, as retirando daquele torpor.

Camila foi a primeira a reagir, se aproximando do guia, sendo seguida por Lauren. Caminharam em silêncio até o início da trilha.

Completamente encharcadas, atravessaram a passarela, entrando no navio. Lauren observava Camila atentamente, esperando uma palavra, ou um olhar, recebendo total indiferença. A mulher passou por ela com elegância e esplendor, como se nem a percebesse ali.

Chegando em sua cabine, Lauren retirou suas roupas lentamente, relembrando e absorvendo os últimos acontecimentos. Sorriu quando lembrou dos lábios da latina tocando os seus, um desejo crescente em seu peito a tomando por completo. Não somente o desejo de a ter novamente, mas a vontade de conhecê-la ainda mais, contente por finalmente Camila ter permitido sua carranca de superioridade cair. Passaram o dia verdadeiras uma com a outra, sorrindo, conversando e sem interpretar nenhum personagem.

Lauren percebeu como Camila poderia ser doce, divertida e engraçada. Como amava a natureza e parecia fazer parte dela quando não estava mascarada por joias e vestidos de grife.

Em seu alojamento, Camila jogava suas vestes com força no chão:

- Idiota - Pronunciou entre dentes.

Estava ensopada, irritada e praguejando aos céus pelo dia que tivera. Camila se sentia vulnerável por se abrir, por mostrar quem realmente era, por permitir ser beijada e beijar de volta. Sentia seu autocontrole longe de si.

O receio de estar sendo enganada era muito mais que orgulho, era temor. Medo de estar prestes a cair numa armadilha ou de se perder em seu próprio jogo. Sabia que naquele ramo não havia amizade, não havia romance, não havia nada. Era uma vida luxuosa, mas solitária.

Arremessou na parede um bolo de papel molhado, o que antes seria o mapa causador de todo aquele transtorno. Não, não o mapa, mas aquela mulher, pensou.

Vestindo ainda o biquini molhado, Camila andava de um lado para o outro dentro de sua pequena cabine:

- Vou até o quarto daquela garota, mostrar com quem ela está lidando. Ninguém me insulta e depois... - Pensava alto, rangendo os dentes em raiva.

- Não, eu vou embora agora mesmo e ela nunca mais me encontrará - Caminhou para o lado esquerdo da cabine, chutando os sapatos.

- Não, eu vou... eu vou... urgh! - Grunhiu em desespero, sentando-se na beira da cama, passando as mãos pelos cabelos, tentando regular sua respiração.

Inspirou por alguns segundos, controlando sua raiva. Levantou-se da cama convicta que iria retomar as rédeas da situação. Não iria gritar com Lauren, não daria o gosto da vitória, muito menos iria partir como uma perdedora conformada. Iria fazer o que ela faz de melhor, roubar a cena.

No dia seguinte, o cruzeiro anunciava seu último dia em Roatán, partindo em poucas horas para Tegucigalpa, a capital de Honduras.

Lauren procurou Camila por todo o restaurante durante o café da manhã, não a encontrou na piscina nem nas saunas. Descendo pelo deque, o corpo moreno chamou sua atenção. A peruca de cabelos pretos e curtos, vestindo um macacão jeans.

Camila saia do navio com um homem elegante, vestindo um terno de corte fino. Sua mão segurava a cintura da mulher com firmeza. Ela enroscou seu braço no do homem, e juntos caminharam até o cais.

EscapeWhere stories live. Discover now