CAPÍTULO 21

3.4K 167 113
                                    

LIZZIE ROUGE

Spa-Francorchamps, Bélgica.

As férias de verão acabaram e as Fórmulas voltaram às pistas no circuito mais perigoso e adorado pelos amantes do esporte a motor: Spa-Francorchamps. O circuito belga é lugar de inúmeros acontecimentos marcantes no automobilismo: a estreia de Michael Schumacher na Fórmula 1 em 91, a primeira vitória do mesmo em 92 pela Benetton, a primeira vitória de Charles LeClerc na Fórmula 1 e a inesquecível corrida de 2021, que praticamente não ocorreu devido a chuva intensa.

Mas Spa não guarda somente as seis implacáveis vitórias de Michael Schumacher, ela também guardava memórias horríveis com a mais perigosa, traiçoeira e temida curva Eau Rouge. Não é de hoje que os pilotos não saem impunes dessa curva, é o traçado mais perigoso da pista, é um ponto cego, você não sabe para onde está indo. Em 2018, a Fórmula 2 perdeu um grande talento no circuito, Anthoine Hubert, piloto júnior da Renault, um dos melhores amigos de Pierre Gasly, Charles LeClerc e Esteban Ocon, eles cresceram juntos no kart e sua morte precoce foi tão sentida pelo automobilismo que aposentaram o número 19 na Fórmula 2.

Deus o tenha.

No ano passado, durante a qualificação da Fórmula 1, Lando Norris acabou derrapando a sua McLaren na Eau Rouge. Foi terrível. Se com a Fórmula 1 já ocorreram acidentes desse tipo, colocar a Fórmula 3 para correr aqui era um absurdo.

E pensar nisso só aumenta a minha ansiedade, frustração e preocupação com a Fórmula 3 correndo nessa pista, principalmente se estivesse chovendo.

E está chovendo.

É sábado, dia da Sprint Race nas Fórmulas 3 e 2, e de qualificação na Fórmula 1.

Eu estava no hotel ainda, tinha acabado de acordar e observava a chuva caindo na minha janela. Confesso que não sou fã de corrida na chuva, acho um tanto quanto frustrante e perigoso.

Se vocês acham que eu estou disposta para ir ao autódromo, estão enganados. Meu corpo pedia para ficar na cama pelo resto do dia. Não vou dizer que eu estava 100% indisposta como se estivesse doente, mas eu não tinha motivação alguma para ir trabalhar com essa chuva.

Meu despertador tocou mais cedo do que deveria, normalmente eu me encontrava com Arthur antes dos horários para passar um tempo com ele, mas hoje eu não queria levantar da minha cama para nada.

Duas batidas foram deixadas na minha porta. Se eu queria atender? Nenhum pouco, eu poderia fingir que estava dormindo ou que não estava lá. Bateram de novo, decidi ignorar.

Mas não adiantou, bateram de novo.

Me levantei lentamente, resmungando várias palavras durante o caminho e me arrastei até a porta. Eu vestia meu pijama de inverno - não estávamos no inverno, mas estava fazendo frio na Bélgica -, um conjunto azul claro, era uma blusa e uma calça. Abri a porta com muito esforço e me deparei com Arthur, ele vestia uma jaqueta da FDA e uma calça jeans, nos pés estavam seus tênis de sempre.

- Você está horrível - foi a primeira coisa que ele disse ao entrar no meu quarto e fechar a porta - Está tudo bem?

Voltei a deitar na cama e me enrolei no cobertor. Arthur se deitou do meu lado e ficou me encarando até que eu falasse algo, mas o encarei de volta.

- Você não vai levantar hoje, Rouge? - Me virei de costas para ele.

- Eu estou bem, LeClerc. Só queria estar dormindo de novo - senti seus braços se apoiarem sobre meu corpo, olhei de lado vendo Arthur me fitando novamente.

Ele me olhou como se estivesse decifrando um enigma, levantando uma sobrancelha.

- Por que você não me chamou para te fazer companhia na noite passada? - Arthur perguntou, acariciando suavemente minha bochecha e levantando meu queixo para dar uma olhada melhor no meu rosto - Você não dormiu bem essa noite, mon amour?

DON'T BLAME ME | Arthur LeClerc ✓Where stories live. Discover now