Capítulo 2 - Orar

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Depois das aulas... A hora de lanchar chega e fomos para o recreio lanchar.
A melhor parte pra mim, pois, infelizmente as vezes faltam alimentos em casa e aqui tem bastante.

Eu e Tobias sentamos nas cadeiras em frente a mesa quadrada e digo:

- Muita coragem sua falar do cordeiro e do livro sagrado. Nem todo mundo quer falar isso em voz alta.

- Não tenho porque esconder. - Tobias diz colocando o chapéu na cabeça. - Se eu acredito e acho incrível, preciso dizer a todos.

- Então tá. Vamos pegar o lanche!

Pegamos as bandejas e as mulheres e também os porcos dá cantina colocam uma vasilha com colher, garfo, faca, alimentos que são folhas e etc... Perto da vasilha colocam frutas. Eles também colocam um copo com suco na minha bandeja e na bandeja do Tobias.

Eu lambo meus lábios e minha barriga pede por esses lanches.

Eu e Tobias voltamos a sentar onde estávamos e deixamos nossas bandejas em cima da mesa. Ele diz:

- E a senhorita?

- Eu o quê? - Digo enchendo o garfo de folhas que tem dentro da vasilha.

- Acredita no Cordeiro? - Tobias pergunta e morde um pedaço da banana. 

- Eu ainda não li o livro. - Eu respondo sem olhar pra ele. 

- Porque não? - Ele diz e vejo ele tomar um gole do suco.

- Eu não sei... - Digo mastigando e olhando para ele. Eu digo: - Eu não gosto de coisas novas, então fico sem saber se devo arriscar.

- Realmente não é só um livro. - Tobias diz deixando o copo na mesa. - Minha avó teve que me explicar algumas coisas que não entendi. E não é um livro mais novo, faz um tempo que a mulher, o homem e a cobra escreveram. Eles nem vivos estão mais você deve saber. 

- Eu sei! - Digo tentando me explicar. - Eu só... Só não sei...

Ele ri e então segura minha mão que está na mesa e fico constrangida. Ele para de ri e eu olho para ele que diz:

- Não precisa ficar com medo. Você vai se apaixonar pelo Cordeiro. E por tudo que aconteceu a muitos anos atrás.

- Vamos ver. - Digo nervosa afastando minha mão dá dele.

Pego o copo de suco que estava na bandeja e tomo um gole.

Fico dizendo a Tobias que moro com meus pais, digo do que eles trabalham e que amo desenhar e até costurar vestidos que eu desenhei. Fui acostumada a costurar algumas roupas e acabei fazendo minhas próprias roupas!
Tobias acha isso incrível e pergunta se o vestido que uso eu costurei e eu digo que não.

- Quando não tinha o que vestir, eu costurava. - Digo. - Minha mãe conseguia comprar tudo o que eu precisava para costurar. Ainda bem. As vezes ela até achava cobertas na rua e eu conseguia fazer um vestido.

- Uau! - Tobias diz parecendo surpreso. - Quero ver um dia esse seu talento. Tanto no desenho, tanto nas roupas. 

- Pode deixar. Amanhã eu trago.

Ele sorri.

Depois o sinal toca e temos que voltar pra sala de aula.

Nós dois somos altos e magros.
Correndo com Tobias, eu acabo tropeçando no sapo e ele diz:

- Olha por onde anda!

- Perdão! - Digo.

Depois das últimas aulas... Eu e o Tobias pegamos o carro e depois o trem.

Eu digo:

- Ainda tem que me contar mais ao seu respeito. Sua avó conseguiu um emprego?

- Ainda não. - Ele diz olhando para frente..

Sentamos em um banco e pergunto:

- Você muito apegado a seus pais?

- Sim. - Ele responde me olhando. - Mas, creio que eles irão conhecer o Cordeiro primeiro que eu.

Ele não para de falar desse cordeiro! 

- Então eles sabem do livro. - Eu digo impaciente. 

- Sim, eles sabiam. - Tobias diz. - Minha mãe demorou em acreditar, mas, depois acreditou.

- Minha mãe está doente. - Digo me desanimando. - Tenho que ficar usando máscara em casa, é horrível.

- Eu lamento. - Tobias diz colocando a mão em meu ombro. - Se quiser posso orar por ela.

- Orar? - Pergunto confusa.

- Sim. - Ele responde tirando a mão do meu ombro. - Na bíblia o Cordeiro nos ensina a orar como ensinou a todos na época.

- Isso é algo bom? - Digo assustada. 

- É claro que sim. - Tobias diz sorrindo. - Ele só ensina coisas boas.

- Então tá. - Digo desconfiada olhando para o chão. Eu olho para ele e respiro fundo, eu digo: - Ore por minha mãe. 

Meu ponto chega e então aceno dando tchau para Tobias e saio do trem.

Orar? Interessante.

Eu apareço em casa e meu pai diz:

- Prepara o almoço tá? Sua mãe está sem condição.

- Sim, senhor. - Digo e deixo a mochila no único sofá da sala. Eu olho para meu pai que está varrendo a sala e digo: - Papai... O senhor ora?

Ele me olha surpreso e então deixa a vassoura encostada na estante em frente ao sofá. E depois ele pega a coberta em cima do sofá e fica dobrando. Ele diz:

- As vezes. Como sabe disso?

Ele me olha e eu digo:

- Um colega que conheci tem a bíblia sagrada.

- Que ótimo! - Meu pai diz deixando a coberta dobrada no sofá. - Orar é sempre bom.

- Está orando pela mamãe?

- Com certeza, querida. O Cordeiro pede por isso.

- Ok... Vou tomar banho e volto para fazer o almoço.

Então saio dá sala.

Estou curiosa para saber como é orar, mas, estou com vergonha de perguntar. Afinal eu nunca quis ler esse livro.

O REI DO MUNDO DIFERENTE Where stories live. Discover now