Capítulo 12 - Perca de memória

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Fico jogando bola com uns garotos e Tobias e a avó continuam na água. Meu pai fica tomando sol sentado na areia. A mulher chamada Andressa fica conversando com a filha chamada Bianca um pouco distante de todos. Sentadas em cadeiras em frente a mesa perto do lugar que vende comida e bebida.
Elas deixam as cadeiras em direção ao mar.

Meu pai algumas vezes olha pra essa mulher e eu conheço esse olhar. Ele olha assim quando tem interesse em alguém.
Mamãe dizia que ele levanta uma das sobrancelhas e sorrir de lado. Mas, além disso, quando ele está apaixonado ele vivia se enrolando nas palavras e rindo atoa.
Ele nunca me disse que queria outra mulher depois dá morte da mamãe. Mas, eu entenderia se ele quisesse. Ele merece ter alguém. Mamãe jamais seria esquecida.

Eu me aproximo de Andressa e dá filha Bianca.
Eu digo:

- Oi.

A filha dela abaixa a cabeça em direção ao mar e fica com os pés mexendo na areia.

A mãe dela levanta da cadeira e segura em minha mão me afastando. Em voz baixa, ela diz:

- Me desculpa. Mas, eu estou afastando todos que se aproximam de minha filha. Ela vai perder a memória e pode acabar ficando confusa se alguém falar sobre isso. Eu só trouxe ela aqui por causa do Cordeiro, se não nem trazia.

- E como a senhora faz pra ela ir a escola? - Pergunto confusa. - Quantos anos ela tem?

- Quatorze anos. - Ela responde. - Ela não vai mais a escola, eu até ensinei ela algumas coisas, mas, não vale a pena.

- Não pode tirá-la do mundo. - Eu digo. - Ela já tentou escrever em algum diário para lembrar das coisas?

- Sim. - Andressa diz soltando minha mão. - Por exemplo, ela escreveu o porque ela pintou o cabelo de duas cores. Ela sempre amou cores, ama o arco-íris e tudo colorido. Então ela não quis esquecer e anotou outras coisas também. Mas, ela sempre chora quando ler e então as vezes evito que ela leia. Pois, aí ela lembra que perde a memória. Também anotou como ela teve o acidente, que foi de carro. O pai dela bateu o carro e ela bateu a cabeça. O pai dela morreu.

- Minha nossa. - Digo surpresa. - Eu sinto muito.

- As vezes não queria ter memória. - Andressa diz de cabeça baixa. - Lembrar dele ainda dói.

- Lembrar dá minha mãe também dói. - Digo desanimada. - Mas, ainda assim é bom ter memória. Lembrar dos momentos incríveis que tive com ela. - Andressa me olha e eu digo: - Deus nos deu a memória por um bom motivo.

- Verdade, falei besteira. - Ela diz sorrindo. Eu sorrir a olhando e ela diz: - Então sua mãe também morreu?

- Sim. - Digo aos poucos parando de sorrir. - Uma doença.

- Eu lamento. - Ela olha para a filha e depois me olha e diz: - Eu preciso voltar pra ela.

- Deixa eu tentar. Eu prometo não falar nada demais.

- Tem certeza? Não pode tentar fazê-la se lembrar. O médico diz que pode deixá-la pior. Há não ser que seja com muita calma.

- Só quero ficar um pouco perto de alguém que tem quase a minha idade. E... - Eu olho para o me pai e digo: - E a senhora, devia fixar perto de alguém dá sua idade. Ou quase. 

Eu a olho e ela olha para meu pai e depois me olha e diz:

- Como sabe a minha idade?

- Com certeza é bem mais velha que eu.

Ela rir e diz:

- Não tanto. - Eu rir. Aos poucos paramos de rir e ela diz: - Eu tenho cinquenta com cara de trinta e pouco. - Eu rir mais ainda e ela diz: - Eu costumo falar demais e me intrometer na vida dos outros. - Eu paro de rir e ela diz: - Ele não vai gostar de mim.

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⏰ Última atualização: Oct 31, 2022 ⏰

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