Reencontros

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— Taehyung! Meu Deus, como você está bonito!

— Oi, tia! — Abraçou de volta a mulher que passou os braços finos pelo seu pescoço — A senhora também está linda.

"Tia". Era a forma carinhosa à qual Taehyung se referia à melhor amiga da sua mãe, também mãe do seu melhor amigo de infância, Park Jimin. Aliás, eles não se viam já ia fazer uns dez anos, mas imaginava poder chamá-lo de amigo ainda assim, já que sua mãe também não via a amiga pelo mesmo período de tempo e as duas se abraçaram apertado com todo o amor do mundo.

— Você está morando numa casa tão grande... — Taehyung ajudou as duas mulheres a levar as malas do estacionamento pra sala — Não se sente sozinha?

— Nem tanto, já que o Jimin ainda mora comigo... — Foram deixando as poucas malas num comprido sofá ao longo de uma das paredes — Minha futura nora também têm me feito companhia... e vocês também, agora!

— Aha... Só vamos ficar uns meses...

— Uns meses? É o suficiente pra eu te convencer a ficar pra sempre?

— Ara, ara... — Taehyung viu sua mãe rir desconcertada, abraçada pela amiga que não parava de sorrir desde que tinham chegado. Também sorriu vendo as duas, então se afastou um pouco pra dar espaço pra elas, olhando em volta. De fato era uma casa bem grande, e o andar de cima com o mezanino nos corredores fazia parecer bem mais amplo por dentro do que realmente era, ainda assim, era confortável e aconchegante. O cheiro das roseiras no jardim que entrava na casa pelas janelas talvez fosse o que ajudasse Taehyung a ter aquela impressão, uma vez que eram as mesmas roseiras que a senhora Park cultivava no jardim da antiga casa, de quando as duas famílias ainda eram vizinhas, dez anos atrás — Amiga, tem alguém na porta...

— Ah, deve ser ela — A senhora Park correu pra entrada, avisada pela amiga — Minha nora — Taehyung até parou de olhar os quadros na parede pra ver quem era que chegava.

— Taetae!

— Florzinha?

"Florzinha". A moça tinha ganhado aquele apelido pelos seus longos e lisos cabelos num tom castanho quente, na infância sempre enfeitados por um laço vermelho e agora mais compridos que nunca. Ela correu pra abraçar o amigo de infância, que devolveu o abraço calorosamente. Se aquele lugar estava cheio de nostalgia antes só pelo cheiro de rosas, estava ainda mais agora com aquele sorriso solar que a moça agora crescida ainda preservava de criança.

— Uau, como você está alto!

— Você está do mesmo tamanho.

— Taetae! — Deu-lhe um tapinha no peito, apesar de estar rindo com ele — Pois saiba que eu cresci bastante sim, sou até mais alta que o Jiminnie!

— Eu só acredito vendo... — Pegou as mãos da moça nas suas, sem poder evitar olhar pro anel dourado no seu dedo anelar da destra — ...aliás, vocês dois...?

— Uhm, uhm! — Ela fez que sim com a cabeça, sorrindo largo — Nós vamos casar! — Pôs as mãos no rostinho corado. Taehyung riu — Nos deseje sorte.

— Muito mais que isso — Pegou nos ombros pequenos e apertou de leve — Eu espero que vocês sejam muito felizes, muito mesmo.

Muito feliz, sim, muito feliz mesmo, era como Taehyung se sentiu durante toda aquela tarde. Poder viajar de férias com sua mãe, rever a senhora Park e seus amigos de infância, e ainda saber que estavam noivos, ele não podia ter pedido por mais bênçãos. Seu coração estava quentinho, seu sorriso estava radiante...

— Não precisa me ajudar com a louça, Tae... — A senhora Park tentou o impedir de amarrar o avental na cintura — Você é meu convidado...

— Não se preocupe, tia... — Mas ele amarrou o nó atrás da cintura mesmo assim — Só estou me redimindo por todas as louças que já sujei na sua casa antes... — Riu, e a senhora Park riu junto.

— Ora, não diga isso — Ela pegou um pano pra ajudar a secar a louça — Você sempre foi um menino muito prestativo.

— O Jimin também — Disse.

— Sim, o Jimin também... — Ela concordou, mas com um suspiro — Você deve estar louco pra vê-lo, não é?

— Sim, eu estou — Pôs um prato no escorredor — Ele sempre volta tarde assim?

— Sempre... — A mulher secava um copo, distraidamente — Ele assumiu os negócios do pai, então... — Olhava pras flores no jardim, pra onde dava a vista da janela ampla à frente da bancada da cozinha — ...fica até tarde no escritório, normalmente.

— Eu entendo... — Observou o olhar distante da senhora Park de soslaio, pondo mais um prato no escorredor, ouvindo de longe sua mãe e Florzinha conversando no sofá animadamente — ...mas ele... é feliz? — A mulher levantou os olhos pra ele, com algo de surpresa neles — Digo... nesse trabalho...

— Be-bem, ele...

— Estou em casa — Ouviram uma voz cansada se anunciar, e então a porta da frente sendo fechada de volta à chave.

— Jiminnie!

— Flor, sem abraço: eu estou suado.

— Mas...

— Jimin! Meu Deus, você está tão bonito...

— Oi, tia — Taehyung segurou firme o prato que quase lhe escorregou da mão ensaboada enquanto escutava — A senhora está maravilhosa...

— Ara!...

— Fi-filho!... — A senhora Park acenou discretamente com a mão pra sala, bem visível através da entrada ampla da cozinha — Sobrou jantar... — Taehyung também se virou para olhar, com as mãos ainda dentro da pia cheia de louças.

— Uhm, obrigado, mãe... ah — Jimin estava lá, a alguns poucos passos de distância, com o paletó do terno num dos braços dobrados, e com a mão livre afrouxando a gravata — Taehyung... quanto tempo.

— O-oi... — Piscou os olhos em espasmos, meio incrédulo, meio deslumbrado — Oi, Jimin...

More than friends - VminWhere stories live. Discover now