10.08.2017

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Chicago
Atrás das barreiras

Querido Zayn,

Você não foi me buscar.

Hero e Diego chegaram alguns meses atrás no orfanato. Meu irmão fez dezoito anos, passou algum tempo me procurando e preparando a papelada para que eu fosse liberada daqui. No caminho, ele encontrou o Hero, um amigo seu de infância de quem havia se perdido por causa da guerra.

Já maior de idade, conseguiram a concessão da minha saída. Eu estava organizando todas as minhas coisas dentro de caixas de papelão quando encontrei esse diário. Reli tantas vezes que fui capaz de trazer à memória cada relação entre palavra e momento. Mesmo depois de dez anos, eu sei que a criança que eu era nunca duvidou que você a encontraria.

Mas não encontrou.

Eu não sei onde você está, já faz muito tempo. Não sei nem por qual motivo estou escrevendo nisso de novo. Talvez pela nostalgia... ou porque eu acredite que esteja vivo, acredite que você tentou. Éramos só crianças, vítimas de uma guerra injusta, certo?

Apenas fico imaginando se você se lembra ou sente a minha falta, porque, encontrei esse diário e percebi que, embora tenha se passado algum tempo a mais de dez anos desde a última vez que eu te vi, tentando me esconder sob o alçapão, eu ainda sinto a sua.

Eu ainda sinto a sua falta.

Mantive os pensamentos quietos durante todo esse tempo e, agora, eles me tiram o sono à noite, porque não sei onde você está, se está vivo, protegido, se ainda mora no mesmo lugar...

É possível que eu te veja de novo?

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