08.05.2019

9 0 0
                                    

Chicago
Atrás das barreiras


Hoje é dia das mães.

Eu e o Diego estávamos na roda gigante de madrugada. Agora já é de manhã. Estou olhando para a luz fraca do sol que está batendo na minha janela enquanto eu escrevo.

Deixei de escrever durante o último ano, logo depois de pedir para o Quatro e a Tris pararem de procurar por você. Eles continuaram mesmo assim; são teimosos demais, mas dizem que eu quem sou a teimosa, que não conheço o sistema da Nova Ordem e a quantidade de heróis que se refugiam nele.

Desde então, busquei aceitar que você não ia mais voltar. Eu não podia viver me perguntando se ia, porque já fazia muito tempo. Em algum momento entre os meses passados, os meus pesadelos pararam de acontecer. Ainda bem, porque, do contrário, o Dylan não ia conseguir impedir que os Eruditas me expulsassem, eu acho. Você parou de aparecer nos meus sonhos e já não era tão frequente nos meus pensamentos. Eu entreguei todas as coisas do orfanato para os defensores para não deixar em casa, menos isso — o meu diário.

Não consegui me desfazer de todas as memórias que eu coloquei aqui. Seria como te apagar totalmente e não é o que eu quero. Gostaria apenas de aprender a viver com isso.

Pensei que tivesse aprendido, mas, hoje de manhã, quando eu acordei e vi a maioria dos heróis que vivem aqui comemorarem o dia das mães, eu lembrei da minha mãe. Você sabe que eu não sei muita coisa sobre ela, eu era tão pequena quando ela morreu...

Lembrei, repentinamente, que a sua família me deixava passar essa data com vocês. Todo ano depois da morte da minha mãe, a Lisa e o Ryan me deixavam ficar na casa deles e passávamos o dia inteiro brincando. Você fazia desenhos no meu caderno, me dizia para contar como eu lembrava que a minha mãe era e a desenhava nas folhas. Fazia isso por mim.

Eu quis tanto que você tivesse aqui. Eu quis com todo o meu coração que estivesse.

Não consigo deixar essas memórias serem apenas memórias. Eu tentei, tentei durante um ano, mas elas voltam. Elas sempre se tornam esperança de novo e de novo, porque a verdade é que você não pode ser apenas uma memória. Eu preciso de você.

Preciso de você aqui.

Diário Aberto | BÔNUSOnde as histórias ganham vida. Descobre agora