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— Como se sente, Lady Allycia? — questiona o Papa, assim que termina o processo de cura em meu ferimento

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— Como se sente, Lady Allycia? — questiona o Papa, assim que termina o processo de cura em meu ferimento.

— Muito melhor. Obrigada, Vossa Santidade — agradeço, levantando-me da cama.

O homem me observa por alguns instantes e assente, parecendo aliviado com a minha resposta. Duda e Luka ainda exibem uma expressão preocupada, mas parecem melhor depois que eu sorrio, garantindo que estava bem.

Eles estavam sentados mais afastados, esperando que o Papa finalizasse o tratamento para que pudéssemos dar continuidade aos preparativos de retorno ao salão de festas. Felizmente, minha dama de companhia já havia preparado do novo vestido e apenas teria mais problemas para preparar uma nova maquiagem, já que a que eu usava estava completamente borrada.

— Infelizmente, o meu poder não foi forte o bastante para curar o ferimento ao ponto de não deixar cicatriz — informa o Papa, dando um sorriso compadecido.

— Está tudo bem. É melhor uma cicatriz do que não estar viva. Eu sou muito grata por ter salvado a minha vida, Vossa Santidade — agradeço mais uma vez e ele parece surpreso.

— Não se importa com a cicatriz? — questiona o homem, cauteloso. Nego e ele parece enxergar mais um olho em minha testa. — Mas uma cicatriz pode fazer a dama perder o seu valor. Vai precisar usar algo para esconder a cicatriz sempre que estiver em público. Como pode não se importar?

— Perder o meu valor? — murmuro, irônica.

E lá estava mais uma ideia nada racional que esse mundo machista possui. Eu não estava surpresa, afinal, estou vivendo nesse mundo há meses, mas isso não significa que eu não me sinta frustrada por ouvir tamanha besteira.

— Com todo respeito, Vossa Santidade, cicatrizes fazem parte da vida. São a prova de que estamos vivendo e superando as dificuldades. Não estou feliz por ter me machucado, mas me sinto grata por ter essa cicatriz, que me lembra que eu sobrevivi. Então, mesma que eu "perca o meu valor" por ter uma cicatriz, não irei me envergonhar por isso, tampouco a esconderei, apenas para satisfazer os olhares de outras pessoas — respondo, chocando Luka, Duda e o Papa.

Eu sabia que deveria me calar e que o Papa não tinha dito tais coisas com o objetivo de me prejudicar. Ainda assim, eu já não conseguia mais me manter omissa a comentários tão tolos. Nem mesmo em meu mundo, quando sofria as agressões verbais, eu me sentia tão frustrada como tenho me sentido ao ouvir sobre "valor" e "obrigações" das mulheres.

No entanto, ao contrário do que pensei que poderia acontecer em seguida, Luka não me repreende pela minha atitude. Na verdade, ele parecia orgulhoso. Por outro lado, Duda demonstrava todo o seu desespero.

— Certo. Sinto muito se eu a ofendi de alguma forma, Lady Allycia. Não foi a minha intenção — garante o Papa, visivelmente desconcertado pela minha resposta. — Agora que terminei o meu trabalho, retornarei para o salão de festa.

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