2. Tudo mudou

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Meus olhos se abriram lentamente, e eu podia ver os raios de sol tentando entrar no meu quarto pelas frestas da janela. Levantei-me e fui caminhando para fora do quarto para ir direto ao banheiro, mas estava tudo diferente. Deparei-me com um extenso corredor iluminado apenas com a janela de vitrais que havia no fundo do corredor. Voltei ao quarto e vi que o banheiro estava numa porta frente a minha cama. Eu não me lembrava de mandar construir o quarto como uma suíte.

Abri a porta e pude ver um banheiro de dar inveja a muita gente. Lavei meu rosto, e ao secá-lo notei como aquela toalha era macia. Fui ver a marca e era importada. Não lembrava onde comprei aquela toalha, mas penso que foi uma fortuna.

Saí do quarto e comecei a andar por aquele corredor até que no meio dele me deparei com uma escada larga de madeira, semelhante a daquelas mansões de novelas. Será que eu bebi e acabei dormindo na casa de algum amigo? Eu simplesmente não lembrava nada, de como fui parar lá! Comecei a descer as escadas e vislumbrar a beleza da arquitetura que as paredes que compunham aquele lugar. Quadros caríssimos enfeitavam as paredes e eu me sentia como se eu estivesse em uma exposição numa galeria de arte.

Direcionei o meu olhar para um relógio, eram por volta de sete e quinze da manhã. Eu já deveria estar na base das FE.

Fui até uma janela para ver como estava o tempo, o céu estava azul com poucas nuvens, mas o lugar em que eu estava não era onde eu esperava estar. Da janela eu podia ver a placa de Hollywood e algumas mansões ao redor. Comecei a ficar angustiado, pois eu não sabia de quem era aquele lugar onde eu estava e como eu fui parar lá.

Meus pensamentos foram interrompidos por uma voz que se assemelhava a de minha mãe:

- Bom dia, Senhor Cage.

Virei-me e vi uma singela senhora que tinha os seus sessenta anos, baixinha, atarracada e com seus cabelos trançados. Vestia uma roupa que aparentava ser dos países latino-americanos.

Dei um sorriso amarelo e respondi:

- Bom dia.

- O que faz acordado tão cedo? Normalmente você só acorda as dez da manhã ou mais.

De que Johnny ela estava falando? Sonya faltava me bater para eu não acordar tão tarde. Aquilo estava começando a me preocupar, mas continuei achando normal ela falando aquelas coisas. Respirei fundo e respondi:

- Estou tentando acordar mais cedo para aproveitar melhor o dia.

- Isso é muito bom. Não se esqueça da première que vai participar essa noite.

- Première?

- Sim – ela fez uma feição de desconfiança – do seu filme novo Duro na Queda 2. Não vai me dizer que não está lembrado.

Eu estava tentando lembrar-me de algo relacionado a esse filme, mas eu não estava conseguindo. Engoli seco e disse:

- Preciso tomar meu café da manhã, acho que essa falta de memória é fome.

- Vamos – ela disse colocando a mão no meu braço – vou pedir para que eles te sirvam na mesa da sala de jantar.

- Obrigado, senhora...

- Judith Fernandez – ela respondeu dando uma risada logo em seguida.

Ela me conduziu até a sala de jantar e pediu para que eu sentasse, pois logo iriam me servir. A cadeira onde me sentei parecia ser de uma madeira bem cara, onde eu havia visto apenas nas casas de amigos bem ricos. O couro dos estofados era de verdade e eu estava me sentindo cada vez mais estranho naquele lugar. Em volta tinha mais quadros famosos, uma cristaleira num canto e uma mesa com um enorme castiçal do outro lado.

Recostei-me na cadeira, peguei meu celular e a primeira coisa que fiz foi pesquisar sobre esse filme Duro na Queda 2. Aquele filme era um dos mais esperados no mundo inteiro e eu era um dos protagonistas. Eu estava impressionado com aquilo e comecei a rir sozinho e aos poucos a lembrança das gravações me veio. Em seguida pesquisei sobre mim e fiquei estupefato ao ver a quantidade de filmes que fiz. Mas como eu não conseguia lembrar todos? Li a minha biografia e não citava nada sobre a chacina que teve a vinte e cinco anos atrás onde meus amigos haviam morrido. Falava apenas da minha ascensão profissional, mas eu não achava nada sobre meu casamento com Sonya e sobre minha filha. Entrei em vários sites para procurar sobre esse tópico na minha biografia, mas nada aparecia e aquilo me angustiava mais ainda.

Mas algo me chamou atenção nas notícias do site de busca. O mundo estava em guerra! Mas as notícias diziam que era contra um mundo paralelo ao nosso e não deixava claro que mundo era esse. Será que era a Exoterra? E por que Raiden não chamou os combatentes de novo? Pois era provável que ele estava envolvido de alguma forma nisso.

- Senhor, seu café da manhã. – um empregado disse enquanto colocava uma bandeja com um copo de suco de laranja e um misto quente.

Agradeci, mas em seguida o chamei de volta. Ele logo se prontificou e eu perguntei:

- Você sabe o motivo real do mundo estar em guerra?

O rapaz coçou a cabeça e disse:

- Então, já faz uns quatro anos que está assim. Mas eu pensei que o senhor sabia.

Eu tomei um gole do suco, olhei para o empregado e falei:

- Deixa quieto. Vou descobrindo aqui. Obrigado.

O rapaz saiu me deixando sozinho naquela sala de jantar.

Peguei meu celular novamente e comecei a procurar mais coisas sobre a guerra. Achei uma reportagem que estava relacionada às FE. Abri e fiquei sem palavras ao ver uma entrevista com a general Jacqueline Briggs. Larguei o misto no prato antes de dar a mordida e foi daí que eu me lembrei do portal que eu entrei e me dei conta do que aconteceu. Mas eu ainda precisava confirmar se isso tinha mesmo acontecido ou se eu estava em um sonho. Eu precisava falar com a Jacqui e ir atrás de Raiden para me orientar no que eu podia fazer sobre o que está acontecendo.

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