Capítulo 93 - Batalha perdida

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Laura:

Abracei minhas pernas e me encolhi em cima da cama...
Meu estômago ronca alto, minha barriga doi, e sinto a fraqueza se apossar aos poucos do meu corpo...
Estou tentando ser resistente o máximo que posso, mas sinto que vou perder essa baralha para o Nacho a qualquer momento...
Fazem três dias que não coloco nada na boca, e bebo água da torneira do banheiro...
A possessividade de Nacho não me assusta mais, prefiro um milhão de vezes passar fome do que voltar a abaixar minha cabeça...
E falando no diabo, ouço o trinco da porta e uma arrepio ruim varre minha pele, me encolho mais contra a cabeceira da cama e viro de costas, tentando evitar qualquer contato visual...
Ele entra mas não diz nada, dá a volta na cama e para na minha frente...

- Hoje é seu dia de sorte, Amélia está lá em baixo querendo te ver... - Sua voz é áspera, o que significa que ele não está de bom humor, ou está apenas tentando me assustar...

Uma esperança nasce em mim, talvez Amélia possa me ajudar a sair daqui...
O vejo caminhar até o guarda roupa e vasculhar as peças, ele jogar um vestido vermelho perto de mim...

- Deixe os cabelos soltos e não passe maquiagem, te dou 15 minutos... - Arregalo os olhos e me viro para trás, Nacho está encostado na parede contando em seu relógio de pulso...

Agarro a peça nas mãos e corro para o banheiro, mesmo trêmula consigo tomar um banho de 5 minutos, apenas para tirar a aparencia de morta...
Jogo os cabelos de qualquer jeito em cima dos ombros e volto ao quarto sem coragem de ver meu reflexo no espelho...
Paro assim que piso no carpete, o olhar de Nacho se levanta e mais uma vez aquela sensação ruim está presente...

- Olha a minha menina, a mesma por quem me apaixonei na adolescência... - Permaneço muda, apenas o observo, ele me entrega um par de sapatilhas e minha vontade é de arremessar na cara dele, mas como não quero colocar tudo a perder, desisto...

Assim que fico pronta ele abre a porta, minha ansiedade é tanta que quase corro para fora, mas no momento em que eu ia passar, ele agarra meu braço com força...

- Não pense que me engana Laura, não adianta ficar animadinha, se tentar qualquer gracinha não terei pena de você entendeu? - Rosnou perto do meu ouvido...

Lá se vai minhas esperanças por água abaixo...
Espremi os olhos e virei o rosto, balancei a cabeça afirmando, e ele me soltou com um chacoalhão...
Desci ao seu lado feito um cachorrinho adestrado, atravessamos a casa direção aos fundos, quase chorei quando vi Amélia se levantar de um dos sofás...
Um enorme sorriso cresceu em seus lábios, e corri para abraça-la quando nos aproximamos...

- Laura, como é bom ver você... - Ela falou em um tom doce me apertando firme em um abraço... - Sente-se aqui comigo... - Apontou para o acento ao seu lado e encarou Nacho parado nos observando... - Acalme-se irmão, não vou sequestra-la... - Disse em um tom brincalhão...

- Vou verificar o almoço... - Ele disse me mandando um olhar de advertência antes de virar as costas...

Pude respirar um pouco mais aliviada...

- Ai Laura eu fiquei tão feliz quando Marcelo falou que você resolveu retomar o casamento de vocês... - Ela disse animada...

"Então foi essa a mentira que ele lhe contou? Ah Amélia se você soubesse..."
Forcei um sorriso fraco abaixando a cabeça...

- Você está pálida e abatida, está tudo bem? - Perguntou erguendo meu queixo...

Como eu queria dizer a ela a verdade, mas isso só traria mais problemas para mim e também para ela...

- Sim está, só não estou conseguindo comer direito esses dias... - Minto...

- Porquê não? - Amélia me olha com espanto, mas dou de ombros como se não fosse nada importante...

- O almoço será servido... - Nacho avisa...

Ela agarra minha mão e me conduz até a mesa de jantar, sou obrigada a sentar ao lado de Nacho e ela de frente para nós...
O aroma da Paella tomou o ambiente assim que ele retirou a tampa da panela sobre a mesa, pegou meu prato e me serviu sorrindo como se fossemos um casal de verdade...
Se eu tivesse algo no estômago teria vomitado...
O almoço até estava correndo bem, depois de tanto tempo sem colocar algo sólido no estômago, me incomodou bastante quando a comida chegou lá, e tentei disfarçar uma careta de dor...

- Marcelo, Laura não tem se alimentado direito, você sabia disso? - Amélia falou séria o encrando, fazendo Nacho me olhar fingindo preocupação...

- Oh querida eu não sabia... - Ele colocou a mão em cima da minha sobre a mesa... - Quer conversar comigo? Me dizer oque está acontecendo? - Ele levantou uma sobrancelha...

Me mantive de boca fechada, puxei minha mão da sua, curvei levemente os lábios e balancei a cabeça negando...

- Estou bem, não precisa se preocupar...

Eu poderia fingir um desmaio, mas sei que ele não vai me levar a um hospital e provavelmente ficar furioso comigo...
Tomei um longo gole de suco, meu corpo ainda está fraco mas já sinto uma grande melhora...
O restante do almoço correu tudo bem, pude me alimentar do jeito que eu queria, Amélia puxou um assunto aleatório e para tentar descontrair entrei no clima...
No final da tarde ela foi embora, e eu estava sozinha com o psicopata novamente...
Estavamos na sala de estar, ele se aproximou com um olhar predador...
Eu sabia suas intenções e fui tomada pelo pânico quando ele agarrou minha cintura e me puxou contra ele...
Seus dedos roçaram a minha bochecha, e fechei os olhos tentando não chorar...
Me sentia um cordeiro indefeso, preso com o lobo mau...

- Eu amo sua pele de pêssego... - Alisou meu braço... - O perfume natural da sua pele... - Seu rosto se aproximou do meu pescoço, e ele respirou fundo... - Você me deixa insano Laura... - Sussurrou ao pé do meu ouvido me apertando contra ele, e senti sua ereção na minha barriga...

Deus, eu estava morrendo de nojo...
Quando sua boca percorreu meu pescoço, direção a minha boca, eu entrei em alerta...
Preciso inventar uma desculpa para me livrar dele...

- Marcelo... - Seus movimentos pararam, seus olhos me encaravam repletos de luxúria, me obriguei a manter o contato visual... - Por favor, estou exausta e ainda me sinto fraca... - Falei baixo para simular fraqueza na voz...

Sua mandíbula cerrou e seu olhar ficou negro, ele mordeu o lábio deixando claro que ficou com raiva, mas acabou ne soltando e se afastou...

- Tudo bem deixarei você descançar, quero você bem quando eu reivindicar seu corpo...

Reprimi a ânsia e passei por ele subindo as escadas com pressa, ele veio atrás de mim e me levou para outro quarto, a suite principal...
O seu quarto...

- É aqui que quero você de agora em diante... - Eu engoli seco...

Ele saiu trancando a porta, me encostei nela e escorreguei até o chão...
As lágrimas que tanto lutei para segurar, se soltaram como um rio pelo meu rosto...
Não há nada que eu possa fazer, não há escapatória para mim...
Massimo está morto por culpa minha, a mágoa me rasga como uma faca afiada...
Não tenho como lutar, não sei onde estou e nem me dei o trabalho de perguntar a Amélia para não chamar a atenção...
Infelizmente perdi essa batalha...

Are you lost Baby Girl? (Parte 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora