Uma Mesa Para Duas • ⚢ •

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Nyx se sentou no palco e terminou a música, recebendo aplausos de todos, ao que ela agradeceu e subiu no palco para começar a próxima. Como Irene bem reparou, a próxima seria Earned It. Irene suspirou e pensou, ainda meio dividida,"Vai ser uma longa noite". O que mais desconcertava Irene eram os olhares ocasionais que a morena no palco lhe lançava, mas ela continuou dizendo a si que ela olhava para todos e seus olhos penetrantes tinham o mesmo efeito em todos, não só nela. Pelo menos, era o que ela torcia para ser verdade. Irene não queria se envolver com mais ninguém naquele momento, ainda estava com o coração dolorido por causa de Íris e tudo o que rolou nos últimos dias, então apenas queria ficar de boa no seu canto.

Ao pensar nisso, olhou para baixo e mordeu o lábio até que viu os sapatos sociais do garçom, ao que ela se ajeitou e ficou a postos para comer sua sobremesa, que assim que colocou a primeira colherada na boca, parecia sentir seu cérebro derreter junto. Era simplesmente a sobremesa mais deliciosa que já tinha provado! Ela revirou os olhos e agradeceu aos céus por tamanha deliciosidade.
O resto da noite passou mais tranquila, tanto pelas músicas terem sido menos "provocativas" quanto por Nyx ter sido trocada por um homem de cerca de 30 anos após as duas horas de apresentação. Mas o destino ama brincar e quando você menos espera, ele te dá um soco. Irene estava tranquila até os noivos se levantarem e chamarem ela e Maitê para conhecer Nyx, que naquele momento já estava quase saindo do camarim, ao que todos acabaram se desencontrando. A noiva pediu que Irene segurasse o buque de cravos rosados enquanto iria ao banheiro, ao que Irene ficou meio sem reação e acabou aceitando. Quando o casal foi para a direção dos banheiros, Maitê sorriu maliciosa e disse:

— Sei que você vai negar até a morte, mas eu sei que você tá caidinha pela Nyx.

— Não estou. Ela canta bem e é bonita, só isso.

— Pare de negar Irene, eu vi como olha pra ela. Parece que se ela te mandar latir, você até senta e late. Mas nem julgo, ela tem um sex appeal bizarro de gigante, até eu latiria. 

Elas se entreolharam e começaram a rir, mas Irene logo voltou a ficar séria e com melancolia no coração.

— Eu sou compromissada, nem deveria pensar coisas assim. Nem sentir. 

Maitê suspirou alto e colocou uma das mãos no ombro da outra.

— Você mesma me disse que deram um tempo. Pare de se culpar pelo passado e curte um pouco, ela só precisa de espaço, então dê isso a ela. E enquanto isso... 

Maitê apontou para a frente delas, onde Irene virou a cabeça e já avistou a garota de cabelos extremamente escuros vindo. Engoliu em seco e seu corpo ficou tenso. Nyx, assim que se aproximou o suficiente, reconheceu as duas e sorriu, com seus dentes brancos. 

— Eram vocês que estavam com minha irmã, certo? Então suponho que esse buquê seja para mim.

Irene apenas assentiu com a cabeça e entregou-o nas mãos da morena, que logo o levou ao seu nariz e inalou, expirando alto depois, abrindo um sorriso contente. Irene não pôde deixar de abrir um pequeno sorriso nos lábios vendo a cena. Ela parecia tão... tranquila... Para onde havia ido aquela garota dominante, sexy e provocante? Irene não fazia ideia, mas era meio interessante de ver.

Logo os noivos voltaram e eles se abraçaram, apresentando as meninas oficialmente. Nyx apertou a mão delas e sorriu, logo convidando-as para ir a um bar, ao que Irene ficou meio hesitante, mas acabou por concordar graças a insistência de Maitê. Aquela garota tava realmente empenhada a fazer Irene se divertir... Ou seja, lá o que estivesse passando naquela cabecinha de cabelo castanho médio.  Elas foram no carro de Maitê e Nyx em sua lambreta vermelha. Irene ficou apaixonada assim que viu a motoca e ficou com uma leve inveja, apesar de gostar de sua moto. Enfim, foram para o bar e não demoraram a chegar, entrar no local e pedir umas bebidas. Quando a sua chegou, Irene ficou mexendo o guarda-chuvinha sem tomar um único gole. Nyx franziu a sobrancelha em preocupação.

— Está tudo bem?

Irene suspirou alto e assentiu.

— Certeza? Pode me fazer de psicóloga se quiser desabafar com alguém de fora e tals — Nyx comentou e tomou um gole de sua bebida, sorrindo gentilmente para Irene. Maitê, por sua vez, foi para a pista de dança havia uns minutos. Não tava afim de ser psicóloga de gente bêbada, então quis aproveitar já que a vida era sua e não girava em volta de Irene, por mais que parecesse assim às vezes. Irene não a culpava, era difícil ouvir os lamentos de pessoas desoladas pelo amor. Ela ouvira Deborah reclamar durante tempo o suficiente para não julgar. Mas, por que se abrir com ela? Que diferença poderia fazer?