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Dois meses se passaram desde a formatura de Íris e ela foi realmente efetivada a CLT no escritório em que fez estágio, então agora ela era oficialmente uma arquiteta!
Mas as novidades são maiores que apenas essa, já que Nyx foi chamada para gravar seu primeiro álbum original e, em comemoração, chamou a turma toda para fazer um piquenique no parque da cidade. Íris e Irene estavam ansiosas para vê-la de novo, já que depois do natal, ela teve que voltar para sua cidade por conta do trabalho no bar. Ela, tendo esse contrato com a gravadora, poderia passar mais tempo com eles, já que a gravadora fica na capital. Além de tudo isso, Irene tinha algo a mais para ficar ansiosa, algo que ela infelizmente não podia dizer à Íris... por enquanto.

Chegando no dia, Íris vestiu um vestidinho amarelo com mangas compridas brancas e sapatilhas roxas, enquanto Irene decidiu por uma calça jeans simples e um cropped regata branca, usando seus Converse vermelhos. Pegaram seus celulares e saíram do apê, descendo até o hall de entrada do prédio e rumando até a moto de Irene. Íris se sentou e segurou firme na cintura de Irene, enquanto a outra deu partida. Menos de 10 minutos depois, elas estacionaram na entrada do parque e desceram, tirando o capacete. Irene balançou a cabeça para espalhar os cabelos e passou a mão, tentando ajeitar o frizz insistente. Virou-se para Íris, com a expressão interrogativa.

— Tá bom assim?

— Tá ótimo, não se preocupe.

— É que não tô acostumada ainda com esse corte... Nem com essa cor... — disse ela, olhando pelo espelho retrovisor da moto e ajeitando o que ela conseguia ver. Tinha pedido para a cabeleireira repicar um pouco e pintar de vermelho marsala, mas fazia tanto tempo que tinha ficado com o seu natural castanho e do comprimento abaixo do ombro, que parecia estranho.

— Confia em mim, amor, tá bom assim — Íris disse, colocando o capacete no braço e puxando Irene pela mão em direção à entrada.

Elas encontraram Maitê, Nyx e Sebás e começaram a esticar a toalha colorida embaixo de um ipê-roxo de aparência antiga, sentando-se depois e arrumando as comidas que trouxeram. Infelizmente, Emy não pode ir e Deh acabou perdendo o contato com Irene, que acabava sentindo saudades, mas entendendo, já que nem todo mundo fica para a vida inteira.

Apesar do momento gostoso em amigos e o clima agradável de verão, Irene estava nervosa. E ficou mais ainda quando notou que seus amigos se entreolhavam às vezes e olhavam depois para ela, tentando entender o que ela estava esperando. Irene também queria saber porque hesitava. Então tomou a decisão, respirou fundo e chamou Íris, que olhou a namorada com um morango ainda na boca e começando a ser mastigado, com aqueles olhos grandes e de um tom âmbar que ao sol pareciam dourados. Irene engoliu em seco e colocou a mão no bolso da calça jeans. Limpou a garganta e precisou tomar um gole de água, já que parecia que tinha um deserto do Saara em miniatura dentro da boca. Íris levantou as sobrancelhas, percebendo que o assunto era sério.

— Está tudo bem? — disse ela, franzindo as sobrancelhas.

— Olha... Eu tenho uma coisa muito importante para te falar...

— É, percebi. Pode falar, meu bem.

Irene então expira o ar que não tinha notado que estava preso e assim que segura a caixa em seu bolso, ela olha para o chão e começa a falar.

— Íris. Eu te amo muito, você sabe. Você é tudo pra mim e mais um pouco e eu não sei o que seria de mim sem você... Tipo, eu não consigo imaginar uma vida sem você... — Irene falou e Íris pegou sua mão solta, sorrindo docemente para a "nova" ruiva à sua frente, mas continuou em silêncio e balançou a cabeça, sinalizando um "continue" — E eu decidi que já era hora de dar um passo a mais, então...

Irene tirou a mão do bolso com um movimento um pouco lento pela falta da outra mão, que Íris segurava com tanta firmeza que a mão de Irene estava ficando vermelha, e abriu a caixinha vermelha que segurava, onde continha duas alianças de ouro dentro.

— Casa comigo?

Íris sorri, não totalmente surpresa, e não sabendo como expressar o que está sentindo. A explosão de felicidade, a ansiedade, a alegria, a paixão, o amor. Tudo misturado como uma vitamina de banana no liquidificador. Todos a olhavam com expectativa, Maitê sorria e balançava o pé com a pressa em ouvir a resposta, Sebás entrelaçava as mãos como numa oração silenciosa para que ela dissesse sim e Nyx segurava as lágrimas danadas que queriam cair e ela nem ao menos tinha respondido ainda. Então apenas sorriu largo.

— Claro que sim.

Todos bateram palmas e Irene sorriu de orelha a orelha, soltando a mão de Íris e pegando a aliança para colocar em seu dedo, mas a mão escorregadia de suor a fez quase derrubar o aro dourado. Todos se assustaram, mas se recompõem e ela pegou a mão direita de Íris, que agora também tinha lágrimas escorrendo por seu rosto, tirando a aliança de prata e colocando a de noivado. Íris olha a mão e ri, limpando as lágrimas com as mãos um pouco trêmulas de emoção. Ela então tira a aliança de namoro de Irene, retira a outra dourada da caixinha e pega a mão de Irene, mas Nyx protesta.

— Amiga, calma que ainda não é o casamento. É na mão direita.

Íris ri, meio sem jeito por ter pegado a mão errada, então pegou a mão direita e colocou a aliança de ouro. Ambas serviram certinho em seus dedos, como se tivessem sido feitas para elas. Seus amigos bateram palmas e ficaram cantando "Beija, beija, beija", ao que elas deram um selinho demorado vergonhoso. Eles então voltaram a conversar e a comer como antes para apaziguar o clima constrangedor. Íris deitou a cabeça no ombro de Irene e a abraçou, suspirando e sorrindo em seguida.

— Enfim noivas!

Irene sorri e deita sua cabeça na de Íris.

— Enfim, noivas!

Uma Mesa Para Duas • ⚢ •Where stories live. Discover now