Era amplo para outros, mas tão pequeno para ele.

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A sala era ampla o suficiente, mas não havia lugar para Porsche ali.

Era isso não era? Sempre foi.

O coração de Kinn era grande o suficiente para abrigar Porsche, mas não havia realmente um lugar para ele lá.

E a situação era a mesma naquela sala, com Tawan sentado ao lado de Kinn, Khun gritando sobre isso e Kinn mandando Porsche embora.

Não tem lugar para ele no coração de Kinn, muito menos naquela sala.

Puxando Khun com força que seus braços já quase não tinham, ele saiu da sala, ele precisava sair dali, sua respiração desregulada e sua visão nauseada eram preocupantes, mas seu corpo inteiro doía então não era como se estar tonto importasse.

Ele não tinha sido espancado, Khun parou de se debater quando foi puxado para fora, Kinn nem tocou nele, então uma ferida física era impossível. Mesmo assim, ao soltar Khun fora da sala, ele se apoiou na parede e tateou seu corpo em busca de algo.

Era mais fácil explicar a dor de um ferimento físico do que a de um ferimento emocional. Porsche queria que houvesse um machucado, um hematoma, um corte, uma sangramento, qualquer coisa que ele pudesse curar com ataduras e remédios dermatológicos. Algo que ele pudesse ver a olho nu, algo que explicasse sua dor.

Mas isso não existia. Ele não estava ferido fisicamente e no fundo ele sabia.

Khun não sabia.

-Porsche?- Foi quando se acalmou e olhou novamente para o homem que percebeu o estado de Porsche: escorado na parede, cabeça baixa, olhos desfocados, pele pálida e lábios roxos. As mãos procurando algo em seu corpo sobre as roupas.

Khun correu para Porsche o apoiando quando ele escorregou pela parede até o chão, segurando o homem de aparência doentia como se segurasse sua vida.

-PORSCHE?! VOCÊ ESTA BEM?! PETE! ARM! POL! PORSCHE EU JURO QUE SE VOCÊ MORRER EU TE MATO!- Ele gritava, mas o que chegava aos ouvidos de Porsche era apenas um zunido alto.

Porsche sabia que Khun estava gritando, e de certa forma era bom que ele se preocupasse. Mas havia o fato de que eles estavam muito próximos do quarto de Kinn ainda, os gritos de Khun seriam facilmente ouvidos pelo irmão do meio e Porsche não queria isso.

Porsche não queria ver ninguém, muito menos Kinn.

Alguém o levantou do chão, não era Kinn. Porsche não reconheceu o toque como o dele. Também não era Khun, pois ele ainda gritava e berrava. Provavelmente era Arm ou Pol, até mesmo Pete conseguiria o levantar se precisasse.

Ele foi levado pelos corredores da mansão, carregado nas costas de alguém que corria. Durante o trajeto ele não assimilou nada, as vozes o implorando para ficar bem, o caminho percorrido, o seu corpo dolorido, sua mente bagunçada e seu coração apertado. Ele nem notou quando algo escorreu por suas bochechas, lágrimas.

Eles entraram correndo por um sala, gritaram algo para alguém e o colocaram em uma cama, Porsche estava quase apagado quando alguém segurou sua mão sussurrando que ele ficaria bem. Era a voz de Pete.

Foi reconfortante saber que eles estavam do seu lado quando ele estava caindo em dor. E quando ele fechou os olhos tinha pessoas ali para o proteger, tinha pessoas para segurar sua mão, tinha amigos com ele em seu momento mais vulnerável, de certa forma foi menos solitário fechar os olhos sem saber se os abriria de novo ou não tendo eles ao seu lado.

Mas ele abriu.

E a primeira coisa que notou foi que estava na ala médica da casa, sua mão ainda era segurada, suas lágrimas tinham secado, e sua dor havia melhorado. Não sumido, no fundo ainda sentia a presença dela através de sua pele, mas não doía, só o lembrava que já doeu.

It's just a dream when you wake up (Kinnporsche fanfic)Where stories live. Discover now