10. Melhor que dedinhos entrelaçados

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Depois de ter certeza que não teria como calçar os tênis e correr, se deu conta de que não havia mais rotas de fuga, agora que Taehyung finalmente havia feito a pergunta. Jimin precisava dar uma resposta.

O que a gente é?

Não podiam mais escapar de uma definição do que sentiam, porque era madrugada e estavam sozinhos, à meia luz do quarto do dançarino. E a pergunta enfim havia sido feita.

Se assentou na cama, enfim despertando plenamente. Taehyung fez o mesmo, mas ele usava um conjunto de moletom quentinho de Jimin, emprestado como habitualmente, depois de transarem sobre a escrivaninha, como se cama estivesse muito distante e não a apenas alguns passos de onde começaram a se beijar. Ao contrário do desenhista, o dançarino dormia apenas com um short - a primeira peça que pegou depois de dar o que vestir ao outro - desnecessariamente, porque o próprio Taehyung tinha guardado aquelas roupas dobradas num cantinho da prateleira do guarda-roupas e podia muito bem pegá-las por conta própria. Caiu no sono um minuto depois, e acordou no meio da madrugada com a luz do abajur aceso e um Taehyung sério, declarando que tinha pensado em alguma coisa não declarada e fazendo aquela pergunta. Diante de toda aquela seriedade, cobriu o peito com o cobertor, como se a situação exigisse alguma formalidade.

"Melhores amigos. Você é o melhor amigo que uma pessoa poderia ter, Taehyung Souza Kim. Não conheço ninguém que teria feito por mim o que você fez."

Taehyung assentiu, assimilando a resposta. Não era exatamente o que esperava, mas era justa.

"Você é a melhor companhia pra qualquer coisa. Até quando a gente briga, é divertido." Jimin acrescentou, encarando a parede acima da escrivaninha, coberta com alguns cartazes de divulgação de espetáculos de dança em que havia participado. Sem encarar os olhos castanhos ao seu lado, o dançarino deixou seus dedos curtos e gordinhos agarrarem a mão comprida e fina do ilustrador. "E eu não consigo imaginar passar nenhum minuto imaginando você longe da minha vida, Taehyung. Sonhei com isso e foi meu pior pesadelo. Eu não suportaria não te ver, nem por um diazinho sequer. Mas eu tenho medo também."

"Medo de que?"

Taehyung pousou os olhos em Jimin rapidamente, mas depois voltou a encarar o nada.

"De alguma coisa mudar se a gente... você sabe."

"Não sei não, Jimin!" As sobrancelhas se levantaram tanto que se esconderam abaixo da franja  castanha "Se a gente o quê? O que é que você andou pensando?"

"Você é que andou pensando! Em namoro, não foi? Não é isso que tá virando?"

Taehyung cruzou os braços, olhando para Jimin, que levou alguns segundos a mirá-lo de volta.

"Eu também tenho medo. Mas não de alguma coisa mudar. Eu tenho medo é de não mudar, nunca."

Jimin o encarou, levantando as sobrancelhas, pedindo por uma explicação.

"Por favor, me escuta até o fim. Não foge do que eu vou dizer. Eu aceito seu medo. Mas nunca te fiz nada ruim, não precisa ter medo."

Jimin acenou um sim e ouviu Taehyung se explicar pausada e calmamente, apertando seus dedos contra a pele do dançarino.

"Eu quero mais do que isso. Quero andar de mãos dadas com você na rua, e quando a gente se formar - eu me formo esse semestre, Jimin, e já tô pensando nisso - eu quero morar com você."

Jimin arregalou os olhos e quase puxou a mão de volta, mas Taehyung a segurou.

"Eu andei pensando mesmo, Jiminie. Os seus amigos também se formam esse ano e cada um quer morar em um lugar, então você que já tem um emprego aqui pode continuar no mesmo estúdio de dança até decidir o que fazer e pra qual cidade ir. A gente divide a casa, pode ser perto do estúdio onde você tá dando aulas agora. E eu posso trabalhar de qualquer lugar, desde que tenha espaço pra minha mesa digitalizadora."

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