prólogo.

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Eu segurei seu pulso, quase que encurralando o garoto de cabelos cinzas. Ele me fitou ainda mais intensamente com seus olhinhos felinos. Senti a barriga gelar, mas meu coração estava derretendo.

— 'Cê já sabe o que eu quero, Hoba. - ditou baixinho, ainda me olhando nos olhos. Quase enlouqueci ouvindo o apelido saindo tão melodicamente de seus lábios brilhosos e vermelhos.

Hoba. Hoba. Hoba.

— Acho que me esqueci, gatinho... - comecei meu jogo. Yoongi sorriu pequeno, mordendo o lábio quando sentiu minha mão em sua cintura. - Por que você não me mostra, hm?

Ele envolveu seus braços em meu pescoço. Senti seus dedos magros passeando pela minha nuca e me arrepiei todo, aproximando meu rosto do seu.

E, então, ele me mos... Que barulho é esse?

— Caralho! - resmunguei, reconhecendo o som irritante do alarme do meu celular.

Pois é. Eu sonhei com ele. De novo.

Já era a terceira vez na semana que Yoongi invadia meus sonhos. Se isso perdurar, vou sair colando cartazes com fotos suas e a frase "Você já sonhou com este homem?" pela rua.

Mas, ei, isso não é uma reclamação. Dizem que, quando se sonha com alguém, essa pessoa deve estar pensando em você. Pensa mais em mim, gatinho!

Resmunguei, desligando o alarme; resmunguei mais, levantando da cama 'pra me arrumar; e resmunguei mais um pouco, pegando minhas coisas e indo ter a primeira refeição do dia com minha mãe e Jiwoo.

— Bom dia, filhote! - cantarolou dona Tiffany. Balancei a cabeça 'pra ela, que me olhou indignada. - Dormiu comigo? Responde direito, porra!

Me esquivei do tapa da mulher mais velha, resmungando novamente e respondendo:

— Bom dia. Na verdade, só dia. Te digo se foi bom às 23:59. - dessa vez, seu tapa me achou. Ai!

Tiffany Young não era minha mãe. Digo, ela é, mas ela não me pariu. Isso mesmo, eu e Jiwoo fomos adotados.

Nossos pais não morreram num acidente nem nada desse tipo, eles só sumiram no mundo assim que eu e minha irmã completamos 6 meses de vida. Fomos parar em um orfanato e lá ficamos até os nossos 5 anos.

No dia do nosso aniversário, coincidentemente, mamãe e seu (agora ex) marido foram visitar o orfanato onde minha irmã e eu morávamos. Tiffany se apaixonou perdidamente por nós e, bom, cá estamos, morando com a mulher há quase 14 anos.

Minha mãe era casada com um rapaz que ela conheceu quando ainda morava na Europa, jurava que ele era o grande amor de sua vida. Uns 3 anos mais tarde, Tiffany descobriu o que todos já sabiam: ela gostava de mulheres, mas não contou de imediato para o marido, que descobriu sozinho, gerando um bafafa gigantesco.

O ex-casal passou horas brigando, enquanto eu e a minha irmã só ouvíamos tudo, as orelhas coladas na porta do meu quarto. Por fim, o europeu juntou suas coisas e foi embora. Eu nunca mais soube desse cara na vida, mas, também, não me importo muito.

Desde então, tem sido apenas eu, mamãe, Jiwoo e seu peixe beta, o qual nós chamamos carinhosamente de Carniça.

— Já 'tá com o burro amarrado, sombra? - foi Jiwoo quem disse, indo até nossa mãe e lhe saudando com um beijinho na bochecha. Revirei meus olhos beeem de-va-gar, continuando a mexer meu café com leite quentinho e açucarado com uma colherinha.

— Eu vou te mostrar a sombra meia-noi-

— Crianças, são 7 da manhã. Deixem 'pra ficar se bicando nos corredores do colégio, capisce? - mamãe me cortou. Eu e minha gêmea suspiramos, a garota começando a arrumar sua comida.

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