Eu gostaria que você ficasse nas minhas memórias

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Bruges, Bélgica
Hoje

Seu peito palpitava constantemente, pálpebras tremiam sem comando, suas veias pareciam saltar, a jovem sentiu o controle de seu corpo deixá-la, como se o olhar enfático da multidão atingisse o mais profundo de sua alma.

- Ei, garota - um senhor de idade aparentemente avançada, fios claros, diversas marcas de expressão e um semblante alegre chamou ao se aproximar lentamente - Se sente bem?
- Oh, sim. - piscou várias vezes em uma tentativa falha de reportar a compostura - Estou bem. - concluiu, embora não fosse exatamente verdade.

O abalo era constante, desde as últimas semanas, não havia se passado um dia sequer sem ao menos uma queda de pressão.

O senhor, quando perto o suficiente, deu suporte para que se sentasse sobre os grandes degraus da universidade.

- É apenas, bem... - uma pausa de segundos para formular a resposta - um mal estar rotineiro. - terminou com um sorriso pouco convincente.
- Pois bem, se considerar uma consulta médica, não me sentirei incomodado em acompanhá-la.
- Agradeço a gentileza, mas como disse, é apenas um mal estar rotineiro.
- Então, nesse caso... fique bem, garota.
- Ei. - chamou alto o suficiente para que chegasse ao senhor, que em movimentos lentos, se afastava - Não me disse o seu nome.
- Oscar. Mas me chame como quiser. - o senhor retirou as palavras com dificuldade, seguindo-as por um riso fraco - E como se chama,
querida?
- Penelope. Penelope Park.

Por alguns longos minutos, Penelope apenas assistiu a silhueta desaparecer.

- Uou, você consegue ser gentil. - a voz familiar trouxe um pequeno susto.
- Te surpreende que eu não chute velhinhos? - sorriu após retomar a postura.
- Honestamente? - a garota não pôde conter a gargalhada, deixando o beijo rápido nos lábios de Penelope - Tudo bem? Você não parece. - indagou de forma honesta.

Mila sentou-se próximo à Penelope nos degraus empoeirados, enquanto ansiava por uma resposta.

- Sim, eu só... não sei, talvez apenas uma queda de pressão. Não se preocupe. - seu lábio inferior se curvou de maneira forçada, em uma tentativa de passar segurança.

A Park pressionou levemente as pontas dos dedos sobre a pálpebra superior, em sinal de frustração.

- Tem certeza? - insistiu - Posso te levar até enfermaria da Universidade, se for preciso.
- Estou bem, Mils. Mesmo.

- Oh, Mila, você pode ser melhor que isso. - desta vez, uma voz não identificada ecoou.

A silhueta masculina foi visível após alguns metros a menos de distância.

- Olá, garotas. - o som foi nítido - Olá, Tulipinha. - os lábios curvados soavam receptivos, junto do sarcasmo obtido em seu tom de voz. Penelope conhecia aquela dinâmica.
- Quem é...
- Meu irmão. Esse é meu irmão, Matêo. - concluiu entre os dentes.
- Irmão mais velho. - corrigiu - E não use esse tom ao se referir à mim, Tulipinha.

Penelope deixou escapar um riso nasal, recebendo um olhar de advertência de Mila.

- Por favor, não me chame assim.

Olhos castanhos suavemente puxados, cachos perfeitos sobrecaiam as orelhas, covinhas notáveis há quilômetros de distância. De certo ângulo, Mateo dispunha certo charme. E Mila trazia os exatos mesmos traços.

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⏰ Last updated: Jan 15, 2023 ⏰

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Friday Night Memories - PosieWhere stories live. Discover now