Capítulo 5

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Fico com medo de que ele possa ter vindo atrás de mim e só paro quando chego ao gramado, já depois da cerca. Respiro. Não há ninguém. Agora acho que todos já se recolheram. Subo para o meu quarto e encontro Capitu dormindo, aos pés da minha cama.

Pego meu celular. Uma chamada de um número desconhecido, cinco minutos atrás. Uma mensagem do chefe confirmando minhas férias e só. Quem será que me ligou quase à meia-noite? Fico curiosa, mas hesito em retornar receando que seja Téo, ligando do celular de alguém.

Vou tomar banho e revivo mentalmente meus encontros com Benjamin durante o dia. É, definitivamente, ele não é um menino. Preciso me afastar dele antes que eu faça alguma besteira.

Coloco minha camisola e vou me deitar. Quando apago a luz meu telefone vibra. Uma nova mensagem. E é do número que ligou mais cedo.

Começo a ler e a tremer, vendo a foto de Benjamin no remetente:

Sou tão atrevido que você vai sonhar comigo hoje, fazendo o que não teve coragem de fazer acordada. Benjamin.

Fico olhando para a tela sem saber o que dizer. Penso em escrever algo, ou não escrever nada, mas, sem raciocinar ligo para ele:

- Alô?

- Oi Olívia mesmo. - ele diz quando atende.

- Como você conseguiu meu número de telefone, Benjamin?

- Não foi tão difícil assim.

- Como? - Eu insisto.

- Eu disse a Rômulo que estou de mudança, precisando de uma arquiteta competente e voilà, ele me deu seu número.

- Não se pode mais confiar nem na família - eu digo meio sem graça - Ok, era só o que eu queria saber.

- Olívia?

- Sim?

- Você gostaria de ir a Porto de Galinhas comigo amanhã pela manhã?

- O que você vai fazer lá? - Pergunto curiosa.

- Eu quero dar uma volta de moto, ir a Porto é somente um pretexto. Podemos tomar café da manhã juntos, ou podemos fazer qualquer outra coisa que você queira.

- Você quer me levar a Porto de moto?

- Sim, qual é o problema? Tenho um capacete para você, e piloto há mais de cinco anos.

- Não sei, Benjamin, acho que moto pode ser muito perigoso - de repente a única razão da minha hesitação é o fato de irmos de moto. E ele percebe.

- Olívia, você sabe o que de mais perigoso existe no mundo? Viver, Olívia. Viver é perigoso. Nós nunca saberemos por quanto tempo ainda estaremos aqui.

Eu fico em silêncio e ele continua.

- Mas se você não quer ir de moto, não tem problema, vamos de carro. Eu te pego às nove horas?

- Mas o motivo da viagem não era o passeio de moto? - pergunto confusa. Ele ri e repete:

- Às nove, então! Boa noite, Olívia Mesmo - E ele encerra a ligação, sem cerimônia.

Fico tentada a ligar e desmarcar, mas gosto do atrevimento dele.

Desligo o telefone e vou dormir.

**

Quando acordo, na manhã seguinte, vejo Benjamin sentado na poltrona do meu quarto, com os pés apoiados na beira da minha cama, lendo meu livro de estimação. Esfrego meus olhos e pergunto:

Na chuva com BenjaminOnde histórias criam vida. Descubra agora