O Algodão da Tua Pele [DEGUSTAÇÃO]

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Apesar de todo o aborrecimento da manhã, foi o final dela que me deixou mais irritada. Mandei que Teresa fosse acomodar os homens e meu pai para fugir deles, mas espiava pela fresta da janela enquanto ela se oferecia para nosso visitante, o cínico marquês, como um presente de boas-vindas. O sangue me subiu para o rosto quando o vi tocar-lhe os dedos, e mais ainda quando escutei um português arrastado vindo de sua boca ao agradecê-la pelos bons préstimos.

Só esperei que Teresa entrasse em casa antes de puxá-la para longe dos ouvidos dos homens. Quis arrancar os dedos do Marquês e seus olhos da caixa do rosto, mas tive de me contentar em esbravejar com Teresa por sua falta de decoro e respeito para consigo mesma. Enquanto eu estava em fúria, a atrevida riu-se de mim, o suficiente para que eu desejasse arrancar-lhe também os cabelos da cabeça. Proibi-a de deitar-se com ele, enquanto ela ainda ria ao chamar-me de tola. Não a vi até a hora do terço, embora soubesse que não tinha seguido a poeira de Smith quando este levou seu marquês embora.

Para não dizer que nada nesta manhã chegou a animar-me, visitar a velha torre sempre traz alegria ao meu coração. Lembro-me de quando era pequena e minha mãe, do alto, observava eu e Ubiratã a brincar entre as árvores. Percebo que cada vez menos recordo de seu rosto. Seus cabelos soltos, os vestidos alvos e o cheiro de erva cidreira que ela sempre tinha me ficaram mais na memória do que o rosto que Nadi diz ter sido muito parecido com o meu. Já faz muito tempo que ela se foi.

Fico me perguntando se minha mãe também gostaria de nosso visitante, ou se teria a mesma má impressão que me persegue.