11. Novo normal

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[N/A: Ahhhh quanto tempo! Amo voltar para essa história, atualmente está sendo minha favorita de escrever! Espero que gostem! Amo vocês! <3]

QUATRO MESES DEPOIS

Segunda-feira, 14 de maio de 2018, 08h36

Wanda Maximoff tentou engolir o soluço mas não conseguiu. Estava quase na hora de entrar no trabalho, mas o choro não dava trégua. Parada no estacionamento da empresa, segurava o volante do carro com os nós dos dedos brancos, a testa apoiada num ângulo que fazia as lágrimas caírem livremente sobre a calça azul. Os lábios estavam esticados para trás, puxados na expressão de mágoa.

Sentia como se estivesse sendo esmagada pelo luto, literalmente. O corpo inteiro parecia se encolher sob a força da tristeza avassaladora de todos os catorze de maio desde dois mil e quinze. O fôlego escapava, e naquele momento, a dor era a única coisa que existia. Saber que, por mais que tivesse seguido, a vida nunca mais seria a mesma trazia um sentimento de impotência e desespero que às vezes era difícil se apegar a qualquer outra coisa.

Se jogando contra o encosto do carro com um suspiro alto, respirou fundo, aparando a água que caía dos olhos com os dois dedos indicadores. O lado racional do cérebro tentava dissolver a nuvem opressora do desespero, elencando os motivos pelos quais ela tinha que viver aquele dia como qualquer outro e não sucumbir às lágrimas. Tommy. Billy. Pietro. As contas a serem pagas.

E é claro, ele, e o que ele ia querer que ela fizesse da própria vida, se ainda estivesse ali. Ceder ao luto seria um insulto à sua memória.

Demorou quase dez minutos para se acalmar, e já sabia que seria um dia horrível, mas precisava encará-lo. Esticou a mão para o porta moedas ao lado do câmbio e puxou uma corrente fininha. Tinha tentado parar de usá-la, mas ainda não conseguia. Olhou os três objetos que usava como pingentes: a aliança de casamento, o anel de noivado e o pequeno coração, que era o único originalmente pertencente ao colar.

Pegou o celular - a foto dos filhos sorridentes adornava a tela de bloqueio. Corrigiu rapidamente a maquiagem antes de sair do carro e caminhou devagar. A temperatura começava a esquentar - a primavera finalmente começava a se instalar. Entrou no prédio e então no elevador, sem prestar realmente muita atenção ao redor. A porta estava quase se fechando quando uma mão apareceu, fazendo com que elas se abrissem novamente. James Barnes entrou, e imediatamente, Wanda sabia que ele estava tendo um dia ruim, também. As olheiras não negavam, sem contar o vinco entre as duas sobrancelhas, que denunciavam que ele estava ou com dor de cabeça ou de péssimo humor. Possivelmente os dois. Barnes não era exatamente alegre no trabalho, mesmo quando estava tudo bem.

Trocaram um bom dia apressado. Porém, Bucky olhou para ela com mais atenção. Viu os olhos inchados e o rosto vermelho apesar da maquiagem, e a pergunta saiu antes que pudesse se conter.

"Está tudo bem?"

Se arrependeu no instante seguinte. Wanda olhou para ele com as sobrancelhas cerradas, e ele sabia que possivelmente viria uma patada, mas não foi o que aconteceu. Ela parecia genuinamente confusa, como se ninguém jamais tivesse perguntado aquilo antes.

"Vai ficar." Maximoff respondeu. "Obrigada por perguntar."

Os dois quebraram o contato visual no momento seguinte. Descendo no mesmo andar, cada um foi para uma direção. Bucky estava encarando uma ressaca horrível. Tinha ido com Steve a um bar na noite anterior, um programa de solteiros. Tinha bebido mais do que deveria, principalmente depois de se sentir culpado por beijar uma mulher, como se isso fizesse sentido. Não estava traindo ninguém.

Os últimos quatro meses tinham sido uma verdadeira montanha russa emocional. Alugou um apartamento para si assim que conseguiu - Steve ainda estava muito solteiro, e Bucky não conseguia lidar com aquele ritmo de ver uma mulher diferente a cada dois dias. Desde o divórcio, não tinha passado dos beijos com ninguém.

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