Capítulo 3

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Goiânia - Brasil - 20:30 - Quarta-feira.

Vou conseguir vencer mais uma semana, sei que vou, sou uma garota forte.

Cheguei em casa exausta, hoje ainda é quarta. Acho que preciso de férias.

Lauana estava largada no sofá, Maiara devia estar tomando banho.

— Boa noite, Lau.

— Noite, Isa. Está saíndo com quem?

— Eu? Acho que com o mico, nos últimos dias é só isso quem me acompanha.

Lauana apontou para uma mesinha, tinha um buquê de flores.

— Flores? – Lauana confirmou com a cabeça. — Pra mim? – Ela balançou a cabeça de novo.

Franzi o cenho e fui até lá. Tinha um envelope, abri.

"Te observar é um ótimo passatempo, desde seus passos apressados, a sua carinha emburrada quando algo acaba dando errado e, querida, tantas coisas dão errado para você, chega a ser cômico. Maraisa, não tente me imaginar, espere o dia que irá me encontrar, mas saiba, você será minha."

M.M

Li a cartinha para Lauana ouvir, ela tinha uma sobrancelha levantada, eu também devia estar assim. Que porra é essa?

— Você tem um admirador secreto agora, Carla Maraisa Pereira?

— Sei lá que merda é essa. Será que é algum velhote daquela empresa? Eca!

— Amei o "Você será minha". A pessoa é confiante, Isa. Acho que você achou a pessoa para te foder bem que tanto queria.

— Nossa, Lau! Será que achei meu Christian Gray? Misericórdia!

Lauana começou a rir e eu também.

— Bonito como o Christian eu não sei, mas dinheiro ele tem, essas flores não parecem baratas.

Ainda tinha o envelope em mãos, senti que tinha outra coisa dentro. Puxei e vi que era uma foto. Foto da cintura, dando muito destaque nas mãos, delicadas.

Por que eu sou tão apaixonada por mãos? Eu acho tão bonitas e sexy.

Espera... Não é um homem.

— Jesus Cristo, Lauana! É uma mulher!

— Mentira? Erraram o remetente, deveria ser pra mim. – Lauana tomou a foto da minha mão e olhou. — Nossa, Maraisa. Parece ser linda.

— Como você sabe? Só tem as mãos dela aí e a cintura. E se a Maiara ficar sabendo desse comentário de que as flores eram pra você, tu perde uns quatro dentes, dona Lauana.

— Maraisa, isso aqui é mãos de quem trabalha com caneta. Super delicadas, além das jóias que devem custar o valor de um carro novo do ano.

— Deve ser tudo de latão, hoje em dia fazem umas bijuterias lindíssimas, se cair água, acabou o brilho.

— Tu é pobre mesmo, né, Maraisa? Isso aqui nem de longe é latão.

— O que essa mulher quer de mim? Aí, Lauana... Agora eu estou com medo, como ela sabe onde eu moro?

— Acho que ela quer teu corpo, amiga.

— Lauana, eu estou falando sério!

— Eu também, Maraisa. Você acha que ela quer o que? Tomar cafézinho com você? Ser amigas? Fala sério, ela deixou bem claro aí que você será dela.

— Ela que tire o cavalinho da chuva, pois está é doida!

Vi Maiara sair do quarto, com roupas confortáveis e toalha na cabeça.

— Perdi o que? – Disse ela.

— Tem uma anônima atrás de comer a Maraisa.

— Lauana!

— É o quê? Como assim? – Maiara veio rapidamente ao meu encontro.

Tomou o cartão e a foto da minha mão.

— Por que essas coisas não acontecem comigo?

— Lauana, está ouvindo o que sua namorada está dizendo? – Puxei o envelope da mão dela.

— Isa, é sério. Você gosta de mulheres?

— É claro que não, Maiara! Fica com as flores pra você.

Fui até meu quarto, tirei meu salto e vestido antes de ir para o banheiro.

Tomei um banho quente relaxante, minha musculatura estava inteiramente rígida. Queria ser rica ou ter um namorado bom com massagens, uma massagem nos meus pés seria perfeito, esse salto me destrói.

Por que eu não nasci rica, hein? Nasci para andar com roupas de marcas caras, Balenciaga, Chanel, talvez Saint Laurent, Gucci... Cansei de ser pobre.

Me deitei na cama, tinha um e-mail de trabalho.

"Boa noite, senhorita Pereira. Me desculpe o incômodo de mandar-te e-mail tão tarde da noite, presumo que não esteja mais em seu horário de trabalho. Gostaria, por obséquio, se este e-mail te for entregue, o agendamento do horário de almoço do senhor, João Gustavo Mendonça."

Att: CEO global YSL.

Abri minha boca incrédula, João Gustavo vai almoçar com a CEO global YSL. Puta merda, ele sempre me leva nesses almoços de negócios.

— Olá, senhora CEO da Saint Laurent. Poderia me dar uma bolsinha dessa grife que custa o valor de um carro novo? Obrigada pela atenção.

Comecei a rir sozinha. Manda isso e tu fica desempregada, Carla Maraisa.

Respondi o e-mail formalmente, confirmando o agendamento.

Será que essa mulher é coroa? O luxo que esse ser humano deve ser, não está escrito.

Aí... As roupas da Saint Laurent são tão lindas, eu amaria usa-las.

O que será que essa mulher quer com João Gustavo? Será que está atrás de modelos para o desfile da marca? É bem provável.

Levantei e comecei a dançar em cima da minha cama.

— Vou conhecer gente rica!

Rebolei minha bunda, mas logo me senti uma palhaça com Lauana entrando no quarto, então, desci e me deitei.

— Que euforia é essa?

— Só estou animada para o dia de amanhã. A CEO global da Saint Laurent terá um almoço terá um almoço com João Gustavo e provavelmente estarei junto.

— Pede à ela um perfuminho da marca pra gente?

Comecei a rir de Lauana, pois pensa exatamente como eu, mas é tão cabeça erguida quanto. Lauana não aceita que paguem ao menos um sorvete para ela.

Queria mesmo ter coragem para ser pidona, mas minha mãe me ensinou a ter vergonha na cara e conseguir minhas coisas por mérito próprio.

In Paris | Malila.Where stories live. Discover now