Capítulo 19

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Paris - França - 08:22 - Sábado.

Acordei já sentindo falta dela ao meu lado. Eu estava deitada sobre aquela enorme cama, com preguiça de levantar. Hoje é o desfile, tenho o dia inteiramente programado na companhia de Bruno e isso me anima. Os dias com Bruno são sempre divertidos.

Peguei meu celular, tinha mensagens de Lauana e Maiara me perguntando se estou viva, respondi rapidamente que sim e que estava com saudade, mas, que minha agenda estava um pouco corrida, o que de certa forma não é mentira.

Vi uma mensagem de Danilo, mordi meu lábio inferior para aquilo. Droga, o que eu faço? Abri a mensagem, ele tinha me mandando um "sinto saudades" e me perguntou quando estarei de volta ao Brasil. Respirei fundo, digitei rapidamente uma mensagem simples em resposta. Preciso dar um jeito nisso, darei assim que voltar, não por telefone, por mais que eu não ficava sempre com Danilo, já trocamos muito beijos e noites de sexo para um adeus escroto.

Mais duas mensagens, uma de Bruno, falando que quer minha presença na empresa às 09:15hrs, já são mais de 08:00hrs, Marília devia ter me acordado antes de sair.

A última mensagem era exatamente dela.

Marília: Bom dia, senhorita Pereira. Espero que tenha tido uma ótima noite de sono. Não faço muita ideia da sua programação de hoje, na companhia de Bruno, mas quero te desejar boa sorte. Entre em contato comigo se desgostar de algo.

Enquanto Danilo é um fofinho, todo delicado, Marília fala com certa formalidade, nem parece que passou a noite me fodendo. Pior que é exatamente ela quem faz meu coração bombear o sangue mais rápido.

Suspirei, travei meu celular e deixei sobre a cama, sem a responder. Marília é assim, ela usa WhatsApp como se fosse um e-mail, manda a mensagem e não espera que seja respondida. Se eu responder, ela ao menos vai visualizar.

Tomei um rápido banho, passei alguma maquiagem no rosto para disfarçar alguma olheira, muito protetor solar na minha pele e uma roupa bem soltinha, vestidinho florido cor azul de alças, sandália rasteira cor dourada e, para dar algum ar de luxo, peguei uma bolsa da YSL.

Desci as escadas, fui direto até a cozinha. Me foi servido um café da manhã bem reforçado.

Depois disso, Lamar já me levou ao encontro de Bruno. Eram 09:40, esse viado deve estar tendo um surto com meu atraso. Graças a Deus que meu compromisso não era com Marília, se eu me atraso 30 minutos para um compromisso com ela, Marília solta fogo pelas narinas.

— Maraisa, finalmente!

Ele segurou minha mão e já foi me puxando para fora do prédio.

— Desculpe, acho que dormi demais.

Saímos andando sozinhos na rua, eu tinha um braço ao redor do dele.

— Primeiramente, me conta uma coisa. Qual seu vínculo com Marília Mendonça?

— Algo como amizade, creio eu.

Bruno parou de andar, baixou o óculos de sol e me encarou com os olhos semi cerrados.

— Fala logo, criatura, eu já sei que Marília está te fodendo, mas quero ouvir da sua boca.

— Por que não pergunta para ela? Vocês não são amigos?

— Já fiz isso! Marília nunca vai me confirmar nada, aquela desgraçada da boca de zíper.

— Então não sou eu quem vai dizer.

— Maraisa! – Ele bateu o pé no chão, da mesma forma que eu faço com Marília, quando estou com drama. — Vou entender isso como um sim.

— Cada um tem direito a fazer sua fic, Bruno, não te julgo.

Entramos em uma clínica de massagem, pensei que iríamos fazer unhas, cabelo, depilação.

— Bruno, nosso destino não era salão?

— Está brincando? Fazemos isso a tarde. Sabe o que é isso? – Ele puxou o cartão do bolso.

— Um cartão.

— Não é apenas um cartão, é o cartão da Marília. Sabe quantas vezes ela me entregou essa belezinha aqui? Pois é, gata, nunca. Então, vamos aproveitar e torrar o dinheiro da patroa. Marília nem vai perceber.

— Acho que você subestima muito ela, Bruno.

Uma mulher veio a nosso encontro toda sorridente. Cumprimentou Bruno com palavras em francês, mas Bruno não parecia tão feliz assim.

— Essa é Maraisa, namorada de Marília.

Arregalei meus olhos para esse viado.

— Oh! É um prazer. – Respondeu a mulher sem humor, me encarando.

O brilho dela parece ter sumido com a informação. Apenas me cumprimentou com um aperto de mãos e sumiu por uma porta.

— Essa vadia vai comer na minha mão hoje. – Disse Bruno.

— Quem é ela?

— Dominique. Marília comeu ela um tempo.

— Raios, Bruno, por que me trouxe até aqui?

— Ela sempre foi uma convencida, pensava que Marília ia viver se humilhando pra ela. Essa biscate mal amada.

— Bruno, eu não namoro com Marília!

— Namora sim, cale a boca, ao menos hoje você namora a Marília. É o mais próximo que Marília teve de um relacionamento, eu esperei minha vida inteira por esse momento.

— Eu...

— Presta atenção, Maraisa. Essa mulher maltratava a Marília, eu não sei muito pois Marília nunca me contou os detalhes, acho que o que eu sei, é apenas a ponta do iceberg.

— O que você sabe?

Segurei a alça da minha bolsa com força, tinha um ódio subindo em mim, imaginando essa desgraçada maltratando Marília.

— Um tempo Marília simplesmente desapareceu, eu ligava, mandava mensagens e nada dela responder, coloquei a polícia atrás dela e nada de ser encontrada. Depois de 3 dias ela apareceu, cheia de hematomas pelo corpo, braço quebrado, estava inchado e Marília grunhia de dor. O cabelo enorme estava cortado todo picado a altura dos ombros. Ela parecia outra pessoa, fria, calada, parecia em outra dimensão. Na época ela me falou que tinha sido roubada, mas algum tempo depois ela acabou me confessando que Dominique tinha feito aquilo com ela.

— Bruno...

— Odeio essa mulher com toda a força que existe dentro de mim.

Nossa conversa foi interrompida por uma moça que trabalha na clínica. Fechei meus olhos por breves segundos, procurando a calma que não existia dentro de mim.

— Senhor Marques, você e sua amiga podem entrar.

Queria sair correndo daquele lugar, Deus precisa me dar forças para não surtar e arrastar essa mulher pelos cabelos.

Entramos no local de massagem, tinha uma música calma, e realmente parecia relaxante. Agradeci quando não vi mais aquela mulher, era capaz que eu pulasse no pescoço dela e começasse uma luta de MMA.

Depois dessa massagem fomos ao salão. Me produziram inteira, unhas, cabelo, sobrancelha e a maquiagem por último.

Já estava tarde, Lamar me esperava fora do salão. Me despedi de Bruno e fui para casa tomar banho e me arrumar para o desfile.

Não surta, Maraisa, vai dar tudo certo.

In Paris | Malila.Onde histórias criam vida. Descubra agora