imagines, noah urrea

casamento - brigas

Dois anos desde que vocês se casaram. Apenas isso. Parecia cedo demais pra ter tantas brigas e discussões durante uma mesma semana. O primeiro ano de casamento parecia perfeito, nada de brigas, encontros em restaurantes caros e chiques. Mas de uma hora para outra tudo mudou? É o que parece.

As viagens que Noah faziam o deixavam exausto, e geralmente o seu amor o confortava e o aquecia, mas dessa vez não adiantou de nada. Aquela chama que havia dentro dos dois. Fora apagada.

As roupas que antes eram deixadas jogadas pelo quarto em prova do amor que compartilhavam se tornou apenas mais uma pilha de roupas no canto do quarto, sem nenhum valor significativo. O vinho caro que toda quarta fazia vocês ficarem embriagados começou a juntar poeira na prateleira de bebidas. E as músicas românticas cantadas numa madrugada foram simplesmente esquecidas.

Todo o amor que vocês juntaram por um ano sumiu como um vapor, e você não fazia ideia de como trazer esse vapor de volta. Ainda amava Noah, claro que sim. Mas por que sentia raiva ao vê-lo ser tão despojado? Ele sempre foi assim, não é?

Nem mesmo nas louças ele tocava, apenas comia e ia direto para o quarto, deitar em seu próprio canto na cama e pegar no sono antes do boa noite com um beijo que sempre davam um ao outro. Vocês não se beijavam com muita frequência, na verdade era fácil contar nos dedos de uma só mão quantas vezes faziam isso genuinamente.

Chegava a ser agonizante observar o quão distantes vocês estavam um do outro, mesmo que morando na mesma casa e compartilhando o mesmo quarto. Nada parecia o mesmo de antes. E isso te torturava por dentro exatamente porque você não tinha ideia de como concertar as coisas. Sentia falta do toque, das borboletas, das noites em claro com seu marido.

Uma hora antes de você ir para o trabalho o chuveiro do banheiro ligou, dando a entender que Noah estava tomando banho. Você já estava quase pronta para sair, vestida no blaser habitual e o batom vermelho sangue que nunca abandonava seus lábios. Mas algo dentro de si lhe gritava para ir até lá e tentar conversar com ele. E você tinha uma hora para fazer isso.

Quando chegou à porta do banheiro deu três batidas fracas e com um murmuro sendo ouvido de dentro apenas entrou.

— Está tudo bem? — ele perguntou, a voz parecendo meramente preocupada, levando a mão para desligar o registro da água quando você falou.

— Não precisa interromper seu banho, só queria conversar um pouco antes de sair. — ele assentiu com a cabeça, esperando que as palavras começassem a sair de sua boca.

Você parecia hesitar ao entrar completamente no cômodo e se sentar na tampa do vaso, era estranho, depois de tanto tempo não saber mais o que falar ao cara que antes fazia sua mente borbulhar com palavras.

— Eu não sei como começar isso, sinceramente. — seu olhar vazio era apenas direcionado para a parede à frente, sem se dar ao luxo de encarar Noah uma vez sequer.