CAPÍTULO 8 - MEDO

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Três dias haviam se passado, estava farta de assistir séries e desenhar. Era noite, as luzes apagadas, estava deitada em meu quarto desenhando sob a luz de uma luminária, havia acabado de jantar com os meus pais, estava ansiosa para ver meu celular, que só eles sabiam onde estava. Logo comecei a pensar em Dilan novamente, parei de desenhar e fiquei pensando no que ele poderia estar fazendo naquele momento. Gostaria de ligar para ele, saber se ele estava bem, ou simplesmente ouvir sua voz.

- "Será que Dilan também está pensando em mim?"

Soltei um suspiro e falei para mim mesma:

- Por que estou pensando isso? Será que...

- Não, não pode ser. É claro que não estou apaixonada... ou será que estou?

- Não é possível! Não, não e não!

De repente fui interrompida por um estrondo, um raio havia caído como uma pedra sobre uma árvore bem próxima dali. Sobressaltada, respirei fundo, levei uma das mãos ao peito e me deitei. Uma forte tempestade estava por vir.
Era 3h da manhã quando escutei um barulho no quintal de algo sendo arrastado entre as folhas, estava sonolenta, mas me levantei e fui até à janela, abri uma fresta da cortina e observei atentamente olhando para a escuridão lá em baixo. De repente, silêncio absoluto, logo pensei que poderia ser algum bicho caçando uma presa, mas estava enganada. Pensei em falar com meus pais, mas estava exausta, então me deitei e adormeci novamente.
Estava dormindo, já era tarde, mais de meia-noite quando de repente algo inesperado aconteceu, passos apressados passeavam pelo meu jardim, acordei assustada, desci e rolei para debaixo da cama junto com o cobertor. Logo me veio à mente a grande probabilidade de ser o sequestrador, já conseguia o imaginar, um homem alto, máscara, capa preta, e olhos sombrios.
Fiquei ali em silêncio enquanto escutava os passos se aproximarem e em seguida parecia estar escalando a grande árvore próxima à minha janela. Senti um forte arrepio, comecei a tremer, as mãos a suar e com uma enorme vontade de gritar por "socorro".
E para piorar a situação, foi então que me lembrei:

- "Estava tão sonolenta e me esqueci de fechar a janela ".

De repente o silêncio se fez presente, mas foi então que escutei os passos novamente, estavam dentro do meu quarto, entrei em pânico, me senti como se estivesse em uma prisão com um leão ao redor.
Sobressaltada, prendi a respiração, foi então que de repente a luz foi acesa.

- Suzy? -imediatamente reconheci a voz.

Era Dilan. Saí rapidamente debaixo da cama, um pouco trêmula, me aproximei e o abracei. Seus olhos estavam úmidos e um pouco inchados, aparentemente parecia ter chorado muito. Em silêncio, ele se sentou, e voltou seu olhar rumo ao chão, me sentei ao lado dele, encostei uma das mãos sobre o seu ombro e perguntei:

- Como você está?

Ele começou a chorar e respondeu:

- Nada bem.

- O quê aconteceu?

- Minha mãe... desapareceu. - disse ele e caiu de cara na minha almofada.

Me senti profundamente triste e muito assustada com a notícia.

- Eu sinto muito, Dilan.

- Como aconteceu?

- Estávamos dormindo, quando de repente escutei passos se aproximando no jardim, acordei e fui logo falar com meu pai. Ao chegar lá, ele estava desesperado, disse que minha mãe havia desaparecido, procuramos pela casa inteira, mas não a encontramos.

Ele se sentou, encostou a cabeça no meu ombro e disse com a voz embargada pelo choro:

- Eu também quero desaparecer... talvez seja melhor.

Segurei uma de suas mãos e falei sussurrando:

- Não diga isso, dias melhores virão, acredite.

Com os olhos cheios de lágrimas, acrescentei:

- Vamos procurar sua mãe.

Ele começou a limpar as lágrimas com a manga da sua camisa e disse:

- Procurar?

- Há quanto tempo sua mãe sumiu?

- Há alguns minutos atrás.

Soltei sua mão, me coloquei de pé, e exclamei:

- É nossa chance! É bem provável de que o autor ou autora do crime esteja por perto. Pois está acontecendo de várias pessoas desaparecerem de madrugada.

- É perigoso, não devemos sair assim. Acho melhor chamarmos a polícia.

Falei olhando fixamente nos olhos dele:

- Dilan, se chamarmos a polícia, a situação pode ficar pior.

Ele suspirou e disse:

- Você tem razão.

Peguei algumas coisas e com cuidado saímos nas pontas dos pés, fazendo o possível para não acordar meu pais. Chegamos na porta de entrada, abri com minha chave reserva e partimos.
Ao passarmos pelo quintal percebemos algo estranho, havia um espaço entre as gramas, sinal evidente de que alguém havia passado por ali.

Depois da meia-noiteWhere stories live. Discover now