CAPÍTULO 11 - TARDE DEMAIS?

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Amanheceu. Abri os olhos, a minha visão estava turva, mas logo percebi que ao meu lado estava Dilan, desacordado, com os olhos fechados. Estávamos deitados em meio à uma plantação de dentes-de-leão e ao redor várias cercas fechavam o local, parecíamos estar longe da cidade. Havia algumas outras pessoas ao redor, de pé, andando de um lado para o outro.
Me sentei, e comecei a acordar Dilan:

- Dilan! Você precisa ver isso!

Ele esfregou o os olhos, se sentou e questionou espantado:

- Estamos no céu?

- Não é o céu, mas também não é o inferno.

Nos colocamos de pé, alguém de longe se aproximava, era uma mulher, parecia estar com os olhos fixos em Dilan, enquanto eu o observava, ele foi correndo ao encontro dela. O segui e o escutei dizer com voz trêmula.

- Mãe! Eu senti tanto a sua falta, achei que tivesse te perdido para sempre.

Ela colocou as mãos em volta do rosto dele e disse:

- Eu também senti sua falta, filho. Temia de que também viesse parar aqui.

Ao chegar até eles, abri um enorme sorriso e disse após dar um forte abraço na mãe de Dilan:

- Senhora Clarisse. Que bom te ver novamente. Fico feliz por saber que está bem.

- Obrigada Suzy, você é como uma filha para mim. Amo muito vocês dois. Mas preferia que vocês não estivessem aqui...

De repente um homem usando um pedaço de pano amarrado em volta da boca, estilo faroeste; alto, robusto, forte e expressão fria se aproximou e disse:

- Parem com as conversinhas, logo logo o chefe chega e não vai gostar nada disso. Volte ao trabalho agora!

Cabisbaixa, Clarisse se afastou de nós falou:

- Sim. Perdão, senhor.

- E vocês dois aí! Comecem a trabalhar. -disse aprontando para duas enxadas apoiadas em uma árvore.

Dilan sente uma enorme vontade de bradar com aquele homem, afinal, quem era ele para falar daquela forma com sua mãe? Ao perceber que o homem havia se afastado, Dilan correu em direção à sua mãe e eu o segui.

- Mãe, quem era aquele homem? Por que ele falou daquele jeito com a senhora?

Ela respirou fundo e respondeu:

- Filho, quanto menos você souber, melhor será.

- Mas mãe, por que está dizendo isso? Afinal, que lugar é esse?

Antes que ela pudesse responder, de repente uma mulher começou a gritar enquanto homem mascarado a puxava pelo braço impiedosamente:

- Não, por favor, não me leve! Tenha piedade, senhor!

A mulher tentava se soltar, mas em vão, ele a levou para uma floresta bem próxima dali. Dilan logo perguntou:

- Mãe, o que está acontecendo aqui? Para aonde ele levou aquela mulher?

Sua mãe estava muda, não conseguia dizer uma palavra. De repente um senhor calvo, franzino e cabelos grisalhos se aproximou e disse:

- Ele a levou para ser açoitada! É o que acontece aqui com a pessoas que não trabalham direito ou tentam fugir.

Estávamos espantados.

- Aqui é uma prisão? -indaguei.

O senhor riu e respondeu:

- Não exatamente, mas é como se fosse. Não vejo a minha família há 2 anos.

Acrescentou:

- Muitos aqui já estão considerados como mortos. E eu sou um deles, já faz dois anos que fui sequestrado. Perdi a esperança de sair desse lugar.

Dilan olhou atentamente ao redor e disse com o olhar de espanto:

- Então... esse lugar explica o motivo de tantos desparecidos.

- Sim. -respondeu o senhor. -Eles são trazidos para cá e são obrigados a trabalhar dia e noite, com direito apenas à água e alimentação.

Fiquei chocada, então provavelmente ficaríamos ali naquele lugar pelo resto de nossas vidas.

- É melhor começarem a trabalhar antes que o chefe chegue.

- E quem é o chefe?

O senhor fez um momento de silêncio e falou sussurrando:

- Ninguém sabe, ele nunca mostrou o rosto. Sempre vem com um óculos escuro, chapéu na cabeça e...

De repente o homem robusto começou a se aproximar novamente. O senhor sussurrou:

- Prazer, meu nome é Eddyn! Preciso voltar ao trabalho, depois lhes conto mais.

Pegamos as enxadas e começamos. Todos ali pareciam estar exaustos, como se não dormissem há dias, eu mal havia começado e já sentia um cansaço enorme.
No horário do almoço seguimos até um galpão quase completamente fechado e nos alimentamos.
O dia se foi, a noite fria chegou. A mãe de Dilan estava ao nosso lado, era a hora de dormir. Seguimos até um enorme celeiro, deitamos em meio às palhas, e exaustos, adormecemos.






Depois da meia-noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora