Capítulo 12

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SELIN

Eu estava de frente a porta da mansão, confesso que estou sem coragem de apertar a campanhia.

Hoje depois do almoço que foi um desastre após eu confessar a minha gravidez, os meus pais me obrigaram a procurar o pai do bebê, eles queriam vir comigo mas obviamente neguei.

Respiro profundamente e tomo coragem para finalmente tocar a campanhia, olhei no meu relógio de pulso e marcava sete horas da noite.

Levei um pequeno susto quando a empregada abriu a porta e sorriu gentilmente para mim. Tentei retribuir o seu sorriso mas eu estava nervosa demais para qualquer coisa.

— Pode entrar, senhorita.

Entrei e sorri ao avistar Mari sentada no sofá brincando com uma boneca ao seu lado estava o seu pai.

Meu coração disparou em nervosismo, tento me acalmar enquanto me aproximo dos dois.

— Théo? —chamo, ao ouvir a minha voz ele e a filha viram os seus rostos para me encarar.

Enquanto Théo me encara surpreso, a pequeno Mariana se levanta e corre em minha direção me abraçando pela cintura.

— Selin! Você veio para brincar comigo?

Me abaixo ficando na sua altura e beijo o seu rosto.

— Outra hora brincamos está bem?

Ela balança a cabeça enquanto o sorriso permanece em seus lábios. Me levanto e encaro Théo.

— Será que podemos conversar? —pergunto hesitante.

— Sim. —responde se levantando do sofá. — Filha, porque não vai até o quarto da sua vó brincar com ela?

— Sim, papai. —a garotinha concorda e sorri para mim. — Até mais, Selin.

Aceno para ela, e assim que ela sobe de vez a escada volto a encarar o homem a minha frente.

— Vamos para o meu escritório.

O segui até o seu escritório, ele se senta em sua cadeira e eu me sento de frente para ele, a única coisa que nos separa é a mesa que está entre nós.

— Vou direto ao ponto, acontece que eu estou grávida.

Théo suspira fundo e passa as mãos pelo rosto frustrado.

— Eu imaginei que isso pudesse acontecer. —disse ele após alguns minutos. — Mas eu ainda tinha esperança de que não tivesse acontecido.

Começo a mexer nos meus dedos um pouco nervosa.

— Olha, me desculpa a culpa foi toda minha. —confesso irritada comigo mesma. — Se eu não tivesse te ligado naquele dia...

— A culpa também foi minha. —asseverou se reencostanto na cadeira. — Eu fui porque quis, e além do mais agora não adianta culpar ninguém.

— E o quê faremos agora?

— Não se preocupe, darei toda a assistência que você precisar e assim que criança nascer serei presente.

Não era nada disso que eu queria para a minha vida. Tudo o quê eu mais queria era estudar, me formar, conseguir um emprego, me casar e ter um filho de preferência com o meu marido e não com qualquer um.

Sem me conter acabo chorando, Théo me olha preocupado.

— Não fique assim isso pode fazer mal ao bebê. —aconselheu e se levantou da cadeira e me abraçou de lado meio sem jeito.

Me virei ainda sentada e o abracei forte, chorando de soluçar. Me pergunto em que momento a minha vida se tornou toda essa bagunça.

Tudo isso foi culpa do meu professor, se ele não tivesse me passado aquele trabalho nada disso teria acontecido.

Começo a chorar mais ainda, claro que a culpa não foi do meu professor as outras alunas receberam o mesmo trabalho e nenhuma delas estão grávidas.

É que às vezes parece mais fácil colocar a culpa nos outros quando na verdade os únicos culpados somos nós mesmos.

— Eu molhei toda a sua camisa. —me separo dele e vejo a sua camisa molhada com as minhas lágrimas. — Me desculpe.

— Não se preocupe. —ele sorri sem jeito. — Hum, você aceita jantar aqui hoje?

Faço uma careta.

— Qual é, vai me dizer que você não vai surtar? —ergo a minha sobrancelha. — Você tem noção que você vai ter um filho de uma estranha?

— Sim, eu tenho noção. —respondeu suspirando fundo. — Mas o quê você quer que eu faça? Já passei por tanta coisa nessa vida que aprendi que tudo o quê nós fazemos tem sua consequência.

— Mas... —ele me interrompe.

— Vamos jantar, uma vez uma garota me disse que comida não se recusa.

Acabo sorrindo esquecendo um pouco todo o drama de novela mexicana que está a minha vida.

Seco as minhas lágrimas e me levanto da cadeira e juntos vamos até a sala de jantar. Não demora para que Nancy e a neta se juntem a nós.

— Filha, o quê você acha da ideia de ter um irmão? —Théo pergunta casualmente no meio do jantar.

Arregalo os meus olhos sem acreditar  no que acabo de ouvir. De repente o rosto de Mariana se ilumina e ela abre um enorme sorriso.

— Eu iria gostar muito! —bate palma empolgada, e depois me olha. — Você tem um bebê na barriga?

Sorrio nervosa, pelo visto Mariana é uma garotinha pra lá de esperta.

— Tenho.

Ela sorri feliz, enquanto Nancy está surpresa.

— E o bebê é o meu irmãozinho? —pergunta em expectativa, apenas assinto. — Então você está namorando o meu papai?

Encaro Théo que limpa a garganta constrangido.

— Na verdade é um poquinho complicado minha linda. —respondo. — Um dia quando você crescer eu te explico.

— Então eu serei avó novamente? —todos olhamos para a senhora Nancy. — Meu Deus que emoção!

Acabo sorrindo feliz pelo meu filho ter sido tão bem recebido. Meu filho... Eu não conseguia explicar, por mais que eu tenha descoberto dele somente hoje já sinto que o amo infinitamente.

— Papai a Selin pode ir com a gente para o cinema amanhã?

Abro a boca para negar mas Théo fala antes de mim.

— Se ela quiser. —diz ao me encarar.

— Você aceita Selin? —olho para Mariana que me olha cheia de felicidade.

Penso em negar, mas os seus olhos pidões não me deixam outra escolha a não ser aceitar.

— Aceito sim.

— Oba! —comemora e se levanta vindo em minha direção para me abraçar.

Discretamente levo as mãos a minha barriga e fecho os meus olhos deixando um pequeno sorriso forma-se em meus lábios.

Acho que mesmo as circunstâncias não sendo as melhores ter um bebê não parece ser tão ruim quanto parece.

Um Pouquinho De Felicidade [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora