Capítulo. 5

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O momento em que você está com mais pressa é aquele que te deixa mais lenta.
_Droga! _xinguei desamarrando os cadarços dos patins que formaram um emaranhado de fios_ _Catherine pega meu celular na bolsa e liga para "sra. Roberts"!
Minha treinadora correu em busca do celular e eu me abaixei do lado de Emília e toquei no seu corpo caído no chão.
_ Você está bem? Está machucada? Sentindo dor? _uma torrente de perguntas saiu da minha boca_
_Qual é a senha? _escutei Catherine perguntar _
Meu rosto esquentou ao perceber que teria que falar em voz alta minha senha para ela, o que seria agora um grande constrangimento pelas escolhas de palavras para minha senha.
_Minha Metade.
_O que? Repete novamente! _ela pediu_
_Minha Metade! _falei mais alto_
Catherine pareceu não se importar.
_Estou bem... _Emília se apoiou nos cotovelos para se levantar_
_Fique parada não se mexe! _ordenei_
A última coisa que queria naquele momento era que ela se prejudicasse mais. Emília mexeu o pé que havia ficado preso e exclamou:
_Está doendo muito!
_Sheron está vindo pra cá nesse momento para levá-la ao hospital. _ela se inclinou e me devolveu meu celular_ _Posso ver seu tornozelo Emília? _Catherine tocou no pé dela_ _Relaxa sou formada em enfermagem.
Emília assentiu, Catherine começou sua inspeção pelo pé e por fim disse.
_Acho que foi somente uma torção grave, isso explica a forte dor que está sentindo, normalmente uma torção dói mais que o osso quebrado.
Um momento depois Sheron entrou, seu cabelo totalmente bagunçado, o que supôs eu ser da ventania lá fora, o rosto contraído e os movimentos meios tensos e desajeitados. As duas mulheres ergueram Emília do chão e a levaram até o carro estacionado do lado de fora.
_Obrigada pela ajuda. _Sheron agradeceu Catherine_
_Não foi tão grave, ela torceu somente o tornozelo. _tranquilizou-a_

Havia sido como Catherine havia dito o machucado no final não foi tão grave quanto o acidente presenciado na grade, Emília ficaria bem e o médico disse que ela teria que usar bota ortopédica por pelo menos um período de quatro semanas direto sem tirar para nada, o que não seria tão ruim se comparado a usar gesso no pé por dois meses.
_Acho que você deveria ir pra casa, sua mãe não vai ficar nada contente se você chegar tarde. _Emília comentou_
_Eu sei, ela mandou algumas mensagens perguntando porque ainda não voltei do treino. Mas não tem nada, vou embora quando você for, vocês são minha carona lembra. _sorri mas não senti meu sorriso chegar até os olhos_ _Quer água? _perguntei. Um por quê o médico disse que era importante ela se hidratar e dois porque eu queria fugir desse assunto, essa não era uma conversa para se ter no hospital, esse era um assunto com muitas coisas pra esclarecer, não precisávamos ter essa conversa e eu não queria também.
_Sim. _ela suspirou_ _Sua mãe falou algo de novo sobre mim...
Fixei meu olhar nos detalhes da jarra.
_Não precisa me esconder nada você sabe.
Uma lágrima escorreu por meu olho, lenta e pesada como a aflição que eu sentia naquele momento. Tinha tantas coisas pra falar, queria tanto contar pra ela o que minha mãe disse, queria desabafar e contar o que doeu quando ela disse que não devería mais ser amiga de Emília que deveria ir me afastando aos poucos porque essa "menina" por ela ser problemática demais e ser uma distração pra mim na patinação.
_Sabe o que ela disse Emília? _minha garganta se fechou com a vontade de chorar, mas não iria chorar agora, tinha que falar tudo antes ou perderia a coragem_ _Ela disse que eu deveria me afastar de você, ela disse que eu não podia dormir mais na sua casa. E sabe porque? Ela disse que era perigoso você surtar e acabar me cortando o meu pescoço enquanto dormia.
Ri amargamente, era minha mãe, mas ela estava errada, Emília nunca faria isso comigo, e isso doía mais ainda porque eu ao menos queria que fosse em mim e não nela, era horrível ver ela se cortando e dizendo o quanto queria morrer, ver ela chorando por quê não conseguia ser forte o suficiente para parar isso.
_Não! Não eu nunca faria isso você sabe disso. _ela se sentou meio ereta na cama _ _Isso pra mim é como um escape, não é algo como se eu escolhece fazer, quando vejo eu já fiz, tenho medo que da próxima vez seja no pescoço.
Emília estremeceu com suas palavras e fui onde ela e a abracei.
_Não fala isso, você vai melhorar e isso vai passar, você vai ver. _passei as mãos no seu cabelo_ _Somos um pacote, estamos juntas nisso lembra, como combinamos, quando terminamos a escola iremos estudar na França.
_Sim nós vamos.
_Eu te amo Emília não se esqueça disso, te amo tanto que chega a doer.
_Não chora... _ela passou as mãos pelas minhas_ _O quê foi isso?
_Meu irmão me mordeu só isso.
_Humm... _Emília franziu o cenho e depois balançou a cabeça_

Naquele dia eu dormir na casa da minha amiga, faríamos uma espécie de festa do pijama só com nós duas. Talvez porque precisávamos nós animar um pouco e deixar o choro no passado.

Minha MetadeTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon