Capítulo XXV - A Prova de Valor e A Determinação

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A escuridão da tumba nos engolia pouco a pouco, as lanternas nas mãos de Layla e Steven mal conseguiam sobrepor-se ao breu. Apesar do cenário assustador, Steven estava empolgadíssimo, vendo cada detalhe nas paredes exclamando elogios e contando pequenas histórias.

Estava sendo muito difícil lidar com os sentimentos espinhentos causados pela cena do beijo, entretanto, sentia felicidade genuína pelo moreno, que enfim via com os próprios olhos algo pelo qual era apaixonado.

Adentramos uma câmara estreita, onde havia uma mesinha dourada cheia de areia, paredes revestidas de ouro e vários corredores partindo dali.

-É um labirinto - Layla murmurou, iluminando a passagem de um corredor estreito.

-Pode ser - respondi espiando outro corredor um pouco mais largo.

-É muito legal né? - Steven comentou observando uma das paredes.

-Não, tipo... Existem seis caminhos - a morena veio para perto da onde eu estava, enquanto Steven observava a mesa, balbuciando consigo mesmo.

Olhei curiosa para o chão, onde Layla estava com os olhos pregados, vendo pela primeira vez pegadas e um cartucho de balas que não nos pertenciam. Ela se agachou, pegando o cartucho.

-Em quem estariam atirando? - Layla questionou, analisando a bala.

Um arrepio de aviso subiu pela minha espinha. Geralmente tumbas antigas e importantes eram guardadas pelos Sacerdotes de Amon-Rá, múmias vivas destinadas a protegerem artefatos importantes e túmulos antigos. Nós estávamos dentro de um lugar que guardava um artefato de extremo valor: o ushabiti de Ammit. As chances de encontrarmos os sacerdotes eram grandes.

Sacerdotes de Amon-Rá eram conhecidos por seus métodos brutais de matar as suas vítimas que profanavam as tumbas, elas eram mumificadas vivas. Por sorte, nunca cruzei o caminho de um. Até agora.

-Preste atenção em cada som ou movimento aqui dentro - avisei a morena, olhando ao redor - Além dos devotos de Ammit há mais gente aqui, muito mais perigosas.

Layla me olhou intrigada e abriu a boca para questionar, porém Steven soltando uma exclamação a fez se virar. A acompanhei para perto da mesa onde o moreno estava.

-Toda essa estrutura é um símbolo - Steven explicou, a lanterna apontada para a tampa da mesa enquanto desenhava pela areia.

Reconheci de imediato os traços que formavam o grande olho, com um delineado característico.

-O olho de Hórus - sussurrei, abrindo um sorriso fascinado.

-O símbolo real da proteção da vida após a morte - o moreno sorriu.

-Imagino os recursos necessários para construir isso... -Layla comentou pensativa e se virou para Steven - O último avatar dela foi... Um faraó!

-É isso, foi mesmo um faraó! -Steven soltou empolgado, sorrindo para ela.

Encostei o quadril na mesa perto de Steven, trincando o maxilar para conter o ciúmes corrosivo dentro de mim. Não havia motivos para me sentir assim, Steven fez sua escolha, eu só precisaria lidar com isso. Ser forte até toda essa história acabar.

-Então... Você acha que é um mapa? - Layla perguntou.

-É...Eu acho - assentiu - Tá, beleza... O olho de Hórus também é o olho da mente, representa os seis sentidos, seis pontos. Então - ele traçou o dedo na sobrancelha - você tem aqui a sobrancelha que demarca os pensamentos. A pupila, visão obviamente. Esse ponto aqui - apontou para o canto interno do olho - É a audição. Esse o olfato. O tato. E essa longa linha que termina em espiral é a língua.

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