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(Carina POV)

Era uma sexta feira de tarde e eu havia acabado de fazer uma consulta na clínica solidária da estação 19. O dia para os bombeiros parecia estar agitado, desde manhã eu já havia contado quatro chamados. Inclusive, nesse momento, só havia eu e Vic na estação, enquanto esperávamos o resto do grupo voltar de mais um incêndio.

— Então... não deu certo? – Vic comentou enquanto organizávamos alguns materiais hospitalares.

Scusi? (Perdão?) – Eu devolvi a pergunta sem entender o assunto.

— O noivado... tem uns dias que reparei você sem aliança, mas não quis ser invasiva. – Ela explicou apontando para o meu dedo livre da peça de ouro.

Va bene... eu não estava feliz, apesar de nutrir um carinho muito grande pelo Mason, nossa relação estava falida há muito tempo. – Eu disse num tom calmo. – Achei melhor colocar um ponto final. – Eu finalizei soltando um suspiro enquanto voltava a mexer nos materiais.

Desde o dia que voltei a beijar Maya, eu tinha certeza que não poderia mais continuar minha relação com Mason. Era injusto com todos na situação e eu odiava enganar os outros. Mais do que isso, dar de cara com a minha ex-provavel futura-sogra naquele dia tinha me deixado extremamente desconfortável, afinal, eu não estava enganando só o Mason, mas toda a sua família e eu sabia que isso também incomodava Maya, por mais que ela parecesse tranquila.

Na mesma semana eu marquei um almoço com Mason e expliquei que minha decisão final estava tomada. Ele ainda tentou argumentar, como eu esperava, mas no final foi bastante compreensivo e encerrou nossa conversa sem mágoas. Eu não contei sobre mim e Maya, afinal, nós duas nem ao menos voltamos a conversar sobre tudo o que estava acontecendo. No entanto, se nossa relação avançar, eu irei propor a Maya para deixarmos tudo em panos limpos. Por mais que isso possa magoar Mason e seus pais.

Por falar em Maya, a semana na estação e no hospital havia sido tão intensa que trocamos apenas poucas palavras sobre o cotidiano. Ela parecia respeitar o meu tempo e isso me deixava extremamente confortável e feliz por perceber que a mulher sabia dar espaço quando necessário. Parecia que a cada dia eu me sentia mais atraída por ela.

— Você fez o certo... manter uma relação por casualidade não é saudável... – Vic disse naturalmente. – E isso quer dizer que agora temos mais uma para o time dos solteiros, precisamos marcar uma noite no bar. – Ela disse sorridente empurrando levemente meus ombros e eu ri.

— Vamos com calma. – Eu disse sem jeito.

— Eu estou calma, mas você é bonita, inteligente, italiana, vão cair em cima de você. – Ela rebateu dando de ombros.

— Fico feliz pelos elogios, mas... – Eu tentava escapar da conversa, afinal, já havia outra pessoa na minha mente.

Nós fomos interrompidas pelo caminhão entrando na estação seguido da ambulância. Assim que os bombeiros começaram a descer nós percebemos que havia algo errado. As expressões eram um misto de cansaço, tristeza e decepção. Maya desceu do caminhão batendo a porta com força e esboçando um rosto vermelho.

— O que aconteceu? – Vic foi a primeira a perguntar e recebeu uma troca de olhares em silêncio. – Miller, está faltando o Miller. – Ela contatou ao passar os olhos pelas pessoas e começar a respirar nervosamente.

— Ele não resistiu, Vic... sinto muito. – Maya disse num tom firme ao passar pela mulher e deixar um leve afago em seu ombro.

Eu abri a minha boca em choque com a contatação da mulher. Eu senti meus olhos encherem de lágrimas, enquanto Vic começava a chorar compulsivamente. Os dois eram melhores amigos e aquela notícia certamente havia destruído o coração da mulher por dentro. O resto do grupo se aproximou de nós nos acolhendo em abraços firmes e complacentes, enquanto Maya caminhou direto para a sua sala. Todos pareciam chocados e incrédulos. Até aquele momento eu não havia me dado conta de como o trabalho deles realmente poderia ser perigoso e isso causou uma pontada no meu coração.

The Other BishopOnde histórias criam vida. Descubra agora