Nothing To Say - I

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Sinopse: Regulus é um bailarino mundialmente conhecido, mas sempre precisou de James para ser perfeito.

Alerta: Abuso parental (implícito, é dito brevemente), transtorno alimentar (indireto), auto-cobrança, menção a sexo, contusões.

O nome do capítulo remete a música "Nothing to say" da cantora "Sia" . (Sim, é a música do desenho "A bailarina" inclusive indico, é incrível.

》》》》》

Com os olhos fechados, ele sentiu as cortinas se abrirem e a luz branca tremeluzir sob suas pálpebras.

Estava começando.

Ele tinha quinze segundos antes da música começar.

Seu coração batia forte no peito, forte a ponto de doer, ele podia sentir as vibrações por suas costelas. Cada centímetro de seu corpo tenso em expectativa.

Regulus abriu os olhos dez segundos antes de iniciar.

Com sutileza, ele correu os olhos pela multidão de rostos ocultos pela penumbra do teatro.

Cinco segundos.

Seu coração deu um salto, e parou.

Com ansiedade, ele vasculhou com crescente desespero pelo rosto conhecido.

Mas não encontrou.

Três segundos.

James não estava ali.

Um segundo.

》》》》

É certo que todo bailarino precisa de um ponto focal.

Esse ponto te ancora durante um rodopio, uma pirueta, um giro, um arco, ou um salto. Ele te mantem centrado, segura seu foco e em consequência, o equilíbrio aumenta.

O ponto focal pode mudar de lugar, para pessoa. Ele pode ser uma parede. Uma rachadura no gesso. Uma porta. Uma cadeira. Um lustre, ou, um rosto. Mas tem que haver um ponto a se agarrar. Porquê se não, a chance de fracassar, de se perder, desconcentrar, tropeçar e cair aumenta significativamente para 80%. E um bailarino que fracassa, é descartado.

Regulus nunca pediu para ser bailarino. Ele já nasceu um.

Filho da honorária Walburga Black e do magnifico, Orion Black. Dois dos maiores bailarinos do último século. E descendente de outros antes deles.

A primeira coisa que ouviu ao nascer foi Bach. Ele assistiu os pais treinando ainda no berço, seus primeiros passos foi uma tentativa desajeitada de um rodopio. E seu passa-tempo favorito era vê apresentações de balé clássico. Ele iniciou seu treinamento com um ano, ensinado pela mãe, auxiliado pelo pai e praticando com o irmão que era apenas um ano mais velho. Era notável que embora Sirius Black fosse bom, ele nunca seria o melhor. Mesmo sendo disciplinado, Sirius não era o suficiente para o padrão de sua família. Sua mãe lamentava. Dizia que não eram todos que nasciam para serem extraordinários. Havia uma clara diferença, uma que apenas um apaixonado notaria, entre quem dança por obrigação, rotina, status, ou qualquer motivação que não fosse a devoção. E tinha aqueles que dançavam pelo mesmo motivo que respirava, necessidade. Aqueles que só viam beleza no mundo através dos passos da dança. Aqueles que se sentiam verdadeiramente vivos, nos movimentos. Aqueles que tinham fome e sede de paixão. A dança era o lar dos solitários. Dos renegados. Dos sofridos e apaixonados. A música era o oxigênio, o que seria da dança sem a música? O que seria do ser humano sem oxigênio? Nada. Não existiria.

Havia o dançarino que levava a dança e aqueles que eram levados por ela.

Regulus herdou a paixão dos pais, Sirius não. E Regulus levou anos para descobrir estar errado.

Oneshot's Starchaser/JegulusOnde histórias criam vida. Descubra agora