Capítulo 3 - A Fuga

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         No banho, uma das meninas de Verônica Cabañas auxiliava o forasteiro a se assear no ofurô, lavando suas costas e fazendo-lhe massagem nos ombros. Aos poucos, o forasteiro se recompunha dos ferimentos que havia sofrido e um sentimento de segurança e tranquilidade começavam a se assentar em seu espírito. O estabelecimento de Verônica era uma construção modesta, mas muito bem organizada. A peça em que o forasteiro se encontrava era bem espaçosa e arejada, as paredes de madeira eram altas e reforçadas e, em seu desenho, durante a manhã, deixava transpassar a luz solar por entre pequenas brechas.

— Olha, menina - começou o forasteiro. — Já disse para sua senhora que não sei como vou pagar pela hospitalidade. — Disse sorrindo. — Vou dizer a ela que a massagem não foi como eu gostaria e por isso vou pedir ressarcimento...

Em resposta ao cortejo descarado, a moça apenas deu um sorrisinho tímido.

— Pegue meu baralho que está ali. — Disse ele apontando, como se lhe houvesse uma ideia repentina. - Vou lhe mostrar uma coisa.

A moça assim o fez.

Com as cartas em mãos, o forasteiro misturou-as por um tempo e pediu a moça que pegasse uma carta. Ele afirmou que adivinharia qual seria e, aceitando o desafio, ela cortou.

— Um às de copas! — Disse ele, imediatamente.

A mocinha não conseguiu segurar a expressão de surpresa. Realmente o forasteiro havia acertado. E foi neste momento que Verônica surgiu.

- Não pense que vai levar uma de minhas meninas para cama com esses seus truques. — Disse Verônica, contornando a lateral do ofurô. — Aqui estão as suas roupas. Em seguida, ela olhou para a moça e a dispensou.

Enquanto a mocinha saia, o forasteiro precipitou-se em olhar para Verônica e abrir os braços, elevando-os, tal como o fazem as pessoas que ficam desapontadas.

— Eu nem tinha começado meus truques ainda. — Disse.

— E talvez nem consiga terminar, Camacho. - Retorquiu ela.

De forma mais preocupada, Verônica deu uma rápida olhadela pela porta.

— Parece que Cliffe está desconfiado que esteja aqui e em algumas horas aparecerá. Tem de ir.

— Droga... é difícil para um pobre homem permanecer por alguns instantes no paraíso. — arrematou o forasteiro, com bom humor.

— Onde estão minhas coisas?

Verônica prontamente entregou as roupas e os outros pertences do forasteiro, incluindo a bolsa, e ele vestiu-se rápido.

— Para ajudá-lo, preparei um cavalo que poderá usar na fuga.

— Olha moça...

— Me chame de Verônica.

— Olha, Verônica, realmente não sei como vou pagar por tudo isso...

— Já pagou. - Disse ela, de imediato, lançando um olhar imponente.

— Como assim? - Perguntou ele.

— Veja a sua bolsa.

Ao ouvir isso, o homem ficou pálido, e imediatamente se pôs a abrir o acessório.

— Só três gemas?! - Gritou ele. — Você me roubou!

— Não o roubei. Foi seu pagamento!

— Não pedi para que me ajudasse. - Retorquiu o forasteiro.

— Como já lhe disse, camacho, aqui em Einsengurst nós temos nossa própria forma de fazer negócios.

— Pare de falar essa merda, por favor! — berrou. — Desculpe-me, minha senhora, mas eu preciso que me devolva. Essas gemas são muito importantes para o meu contratante.

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⏰ Last updated: Aug 25, 2022 ⏰

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O Renegado de EinsengurstWhere stories live. Discover now