No banho, uma das meninas de Verônica Cabañas auxiliava o forasteiro a se assear no ofurô, lavando suas costas e fazendo-lhe massagem nos ombros. Aos poucos, o forasteiro se recompunha dos ferimentos que havia sofrido e um sentimento de segurança e tranquilidade começavam a se assentar em seu espírito. O estabelecimento de Verônica era uma construção modesta, mas muito bem organizada. A peça em que o forasteiro se encontrava era bem espaçosa e arejada, as paredes de madeira eram altas e reforçadas e, em seu desenho, durante a manhã, deixava transpassar a luz solar por entre pequenas brechas.
— Olha, menina - começou o forasteiro. — Já disse para sua senhora que não sei como vou pagar pela hospitalidade. — Disse sorrindo. — Vou dizer a ela que a massagem não foi como eu gostaria e por isso vou pedir ressarcimento...
Em resposta ao cortejo descarado, a moça apenas deu um sorrisinho tímido.
— Pegue meu baralho que está ali. — Disse ele apontando, como se lhe houvesse uma ideia repentina. - Vou lhe mostrar uma coisa.
A moça assim o fez.
Com as cartas em mãos, o forasteiro misturou-as por um tempo e pediu a moça que pegasse uma carta. Ele afirmou que adivinharia qual seria e, aceitando o desafio, ela cortou.
— Um às de copas! — Disse ele, imediatamente.
A mocinha não conseguiu segurar a expressão de surpresa. Realmente o forasteiro havia acertado. E foi neste momento que Verônica surgiu.
- Não pense que vai levar uma de minhas meninas para cama com esses seus truques. — Disse Verônica, contornando a lateral do ofurô. — Aqui estão as suas roupas. Em seguida, ela olhou para a moça e a dispensou.
Enquanto a mocinha saia, o forasteiro precipitou-se em olhar para Verônica e abrir os braços, elevando-os, tal como o fazem as pessoas que ficam desapontadas.
— Eu nem tinha começado meus truques ainda. — Disse.
— E talvez nem consiga terminar, Camacho. - Retorquiu ela.
De forma mais preocupada, Verônica deu uma rápida olhadela pela porta.
— Parece que Cliffe está desconfiado que esteja aqui e em algumas horas aparecerá. Tem de ir.
— Droga... é difícil para um pobre homem permanecer por alguns instantes no paraíso. — arrematou o forasteiro, com bom humor.
— Onde estão minhas coisas?
Verônica prontamente entregou as roupas e os outros pertences do forasteiro, incluindo a bolsa, e ele vestiu-se rápido.
— Para ajudá-lo, preparei um cavalo que poderá usar na fuga.
— Olha moça...
— Me chame de Verônica.
— Olha, Verônica, realmente não sei como vou pagar por tudo isso...
— Já pagou. - Disse ela, de imediato, lançando um olhar imponente.
— Como assim? - Perguntou ele.
— Veja a sua bolsa.
Ao ouvir isso, o homem ficou pálido, e imediatamente se pôs a abrir o acessório.
— Só três gemas?! - Gritou ele. — Você me roubou!
— Não o roubei. Foi seu pagamento!
— Não pedi para que me ajudasse. - Retorquiu o forasteiro.
— Como já lhe disse, camacho, aqui em Einsengurst nós temos nossa própria forma de fazer negócios.
— Pare de falar essa merda, por favor! — berrou. — Desculpe-me, minha senhora, mas eu preciso que me devolva. Essas gemas são muito importantes para o meu contratante.
YOU ARE READING
O Renegado de Einsengurst
FantasyNinguém sabe ao certo de onde ele veio, quem ele é, e qual o seu objetivo em Einsengurst. A única coisa que se sabe é que esse forasteiro, aparentemente algum renegado da Baía dos Rejeitados, está com algo que pode mudar a vida de muitas pessoas (qu...