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Essa era a primeira vez que Nilo via um exorcismo.
E desejava que fosse a última. No futuro, infelizmente iria se decepcionar.
Os feiticeiros fizeram um circulo em volta de Lucy. E gravaram símbolos brilhantes na neve.
Cada um falava em um idioma desconhecido e invocava magia das palma das mãos. Eram energias vivas e coloridas resplandencentes.
A magia era algo incrível, belo e poderoso. Em quanto eles se andavam em volta da menina com a magia na palma das mãos, as marcas ganahavam mais vida e luz.
Havia uma mulher, porém que não estava nesse circulo. Era ficava um pouco mais distante e flutuava com as pernas dobradas e os olhos fechados.
A garota dentro do circulo gritava e guinchava cada vez mais. As criaturas feitas de névoa saiam das suas costas e tentavam ir na direção dos feiticeiros para ataca-los, mas eles se batiam em um circulo de proteção que os limitava.
Os feiticeiros estavam falando todos os mesmo tempo em um coro e a feiticeira que flutuava no outro canto começava a brilhar em dourado a sua volta.
Foram ai que as coisas saíram do controle.
Correntes douradas surgiram da terra e prenderam os pulsos e pernas da irmã de Dante que se debatia. As correntes puxavam ela como se ela fosse um brinquedo de se esticar.
Rayssa abraçou Dante mais forte, e o peito de Nilo apertou quando viu que Dante olhava tudo sem piscar ou exibir qualquer expressão. Cristine estava tentando não olhar muito.
Nilo voltou a atenção para o evento. Conforme mais eles continuavam com oritual, mas a dor da menina no circulo era visível.
A pele dele estava começando a queimar e descascar.
E os feiticeiros pareciam se divertir com tudo.
Ele questionou o preço da magia. Será que a magia tirava algo de humano de você?
Mais gritos se sucederam, e ele fechava os olhos cada vez que eles eram intensificados.
“Nilo.”.
Abriu os olhos e buscou quem o chamava. Mas seus amigos estavam iguais. Temeu que estivesse enlouquecendo.
“Nilo. Nilo,Nilo.”.
Um frio subiu na sua espinha. Ele olhou pelos lados em busca da voz misteriosa.
“Nilo, Nilo, Nilo. O que você fez?”.
- Quem fala? – gritou.
Sua voz teve eco como se tivesse em uma caverna. Percebeu então que os amigos não o escutavam.
Ele olhou para o ritual e viu algo diferente.
Agora ele via energias douradas cercando e rodando os feiticeiros. As energias douradas todas se ligavam a que flutuava, que se ligava a Lucy.
Quando voltou a olhar para os amigos viu as mesmas energias dourada sem volta deles.
A de Rayssa brilhava como ouro claro. A de Cristine brilhava mas um pouco mais fraco. Já de Dante era uma sombra negra e escura.
Era um espaço, um vazio e um céu sem estrelas.
Como se percebesse que estava sendo observado, os olhos de Dante encontraram o do menino, e ele se assustou.
“Saia daqui”. A voz dele ressou na cabeça dele.
Nilo sentiu uma dor de cabeça imediatamente, e as auras douradas ficaram quase imperceptíveis.
“Não é lindo ver o mundo que ninguém vê, Nilo?”. Novamente a voz no seu ouvido.
Dessa vez ele achou a direção e viu a remetente.
A mulher alta, com pele clara e cabelos platinados estava o observando de longe.
Ela usava um sobretudo cinza e um chapéu que deixava escapar só duas mechas em cada canto do cabelo.
- Quem você realmente é? – perguntou ele temendo pela resposta.
Ela abriu um sorriso onde ele pode ver as presas. Nilo percebeu que não havia aura de nenhuma cor em volta dela.
“Sou a mãe dos filhos da noite. Rainha dos demônios. E você? Quem você realmente é Nilo Hansen?”
A perguntou ecoou em sua cabeça fazendo doer ainda mais.
Ele escutou um grito ainda mais perto e olhou para o ritual.
Uma projeção da feiticeira sentada estava agora tocando o rosto de Lucy.
Lucy tinha uma aura dourada com manchas pretas. Mas conforme o ritual continuava, as machas pretas pareciam ir diminuindo e indo para o chão.
Nilo sentia calafrios, ele sentia uma presença pesada a sua volta puxando energia. Se sentia cansado.
“Pelo visto nem você sabe ainda.” A mulher disse com diversão. “Cuidados com os espíritos que andam a noite, garoto.”.
Após falar isso, ele não conseguia mais ver ela. Ela havia sumido por completo.
E ele ainda estava lá.
Olhou de novo para o ritual e viu a feiticeira olhando com espanto para Lucy. A aura dela não havia subido, estava suspensa no ar.
Nilo sentiu a dor de cabeça ficar mais forte.
A feiticeira então mandou um olhar em direção a ele. Nilo tremeu.
- Eu não estou...
Foi quando percebeu.
Ela não olhava para ele, e sim para trás dele. Dante ainda encara sem expressão a cena, com uma aura negra ainda maior a sua volta.
Sentiu o pânico invadir seu corpo, e todas as vozes pareceram se misturar.
Agora ele estava escutando um coro de gritos a sua volta.
“Me solte”.
“Me liberte”.
“Me deixe passar.”
“Eu não fui mal.”
“Me ajuda a chegar a luz.”
“Por favor”
“Por favor.”
“Por Favor.”
Fechou os olhos e colocou as mãos sob a cabeça a gritou mais alto que as vozes na cabeça.
Sentiu uma mão gelada no seu rosto e abriu os olhos ofegante.
Cristine o olhava com preocupação. Rayssa estava ao lado dela com um pouco de água na mão.
- Você está bem? – perguntou Rayssa entregando o copo a ele.
Nilo se sentia fraco e com muita fome. Além de sua cabeça doer.
Ele pegou o copo de água e bebeu. De alguma foi revigorante.
- O que aconteceu? – perguntou.
- Você desmaiou no meio de tudo. – falou Dante saindo das sombras.
Nilo sentiu um arrepio. O olhar de Dante encarando tudo ainda estava na sua cabeça.
- Nill? – perguntou ele parecendo perceber algo estranho.
Esse Dante era diferente da sua visão. Os olhos dele estavam vermelhos, e o cabelo com neve ainda. Parecia cansado e que havia chorado.
- Eu só estou um pouco tonto. – disse..
Nilo percebeu que estava na casa de alguém, Parecia ser a de Cristine. Era de madeira de pinheiro e moveis e decoração simples, mas com o desenho de flores roxas. O ambiente cheirava a biscoitos de chocolate.
- Okay. – disse Rayssa se levantando e lhe oferecendo mais um cobertor. – Então, estamos todos bem.
Cristine voltou ao comodo com uma bandeja de biscoitos de chocolate, e Nilo ficou com muita vontade de falar que amava ela. Era facilmente comprado com chocolate.
- A gente precisa avisar os nossos pais. – disse Rayssa, olhando de realce para Dante que estava sentado em uma poltrona encarando os biscoitos.
Nilo que estava já no seu terceiro biscoito, ficou olhando o amigo.
Ele não fazia ideia de Lucy estava viva ou morta. E não sabia como perguntar sobre isso.
O clima ficou em um silencio enquanto os jovens comiam os biscoitos, todos estavam famintos depois de um dia agitado. O único que não comia nada era Dante, o que era estranho, já que era o que alegrava o ambiente sempre.
- Minha tia não se importa se você passar a noite aqui, Nilo. – disse Cristine.
Em primeiro momento ele não entendeu o porque da proposta, mas ai compreendeu. Os Belanovas precisavam ficar sozinhos.
- Claro.
Dante o olhou nesse momento, e ele se arrependeu na hora de ter concordado. O menino parecia abatido demais.
Rayssa se aproximou dele e colocou a mão no ombro dele. O garoto desviou do gesto e se levantou. Deixando a garota surpresa.
- Preciso ir para casa. Ver se Lucy se acordou.
- Eu posso ir com você, se quiser...
- Não precisa, Rayssa. Eu vou ficar bem.  – falou grosseiramente. Mas parece ter percebido o erro e logo emendou. – Vejo você amanha, okay?
Ele se aproximou dela e a abraçou. Ela o abraçou mais forte. Nilo e Cristine observavam a cena comento biscoitos.
- Eu estou aqui com você, ta? – ela disse para ele.
- Claro que está. – ele respondeu e a beijou.
Cristine soltou um “Vão para um quarto!” baixinho. E em um momento tudo parecia normal.
- Tchau, Dan.
- Até, Nilo.
Ele saiu e a porta se fechou.
Rayssa foi na cozinha, e ficaram ele e Cristine na sala.
Já perdendo as contas em qual biscoito estava, Nilo quase engasgou quando a garota tirou um livro pequeno de capa de couro preta das roupas.
O livro era o mesmo que ele havia ganhado a mulher misteriosa. O mesmo dos sonhos.
Nilo sentiu a cor e vida saírem do seu corpo.
Cristine o olhava com uma cara seria.
- Vai me explicar o porque de Lucy estar com esse livro no momento em que tudo aconteceu?

Filhos da Magia e CaosWhere stories live. Discover now