Capítulo 1

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Mary
Dias depois

Acalmo minha respiração, torço para que ninguém possa ser capaz de ouvir os batimentos desenfreados do meu coração transbordando de medo, e enfio minhas mãos a fim de esconder o modo brutal como tremem juntamente ao papel dobrado com recortes de jornais e revistas, dentro da bolsa de lona que uso para vir até minha aula de Yôga. Rebecca, minha irmã do meio, me olha como se suspeitasse, ou até mesmo possuísse a maldita certeza que escondo algo, lhe envio um sorriso, torcendo para que saia o mais próximo que o natural possa a vir ser, porém, pelos olhos apertados não a enganei muito. Havia essa coisa em Rebecca, a mulher podia ser tão astuta às vezes como era uma pessoa desalmada na maior parte do tempo. Ela caminha até mim, deixando nossa professora, Brenda, falando sozinha. Desejo uma boa noite a todas, uma vez que já começava a escurecer e me adianto para o lado de fora, ignorando Rebecca, me gritar pelo nome e não apelido, por mais que soubesse como detestava meu nome. Marilyn Monroe e a paixão de vovô por ela que me perdoassem, mas, será que não tinha um nome melhor para mim? Ela repete, mais alto, atraindo alguns olhares das pessoas que tinha por perto.

Desalmada, como eu disse.

— Marilyn Romano! — esbraveja, impaciente, aceno para ela, já dentro do meu carro, dando a partida.

— Pega um táxi, eu pago — grito de volta, posso ver seu dedo do meio erguido para mim pelo retrovisor e posso jurar que está me xingando, só não posso dizer qual nome carinhoso havia sido escolhido.

Agora não, Rebecca! Agora não!

Como se a notícia que tive mais cedo não fosse o suficiente, agora isso?!






(...)

Alguns meses depois...

O barulho das ondas se batendo contra as pedras e alcançando a areia, há poucos metros de mim, não são o suficiente para levar para o mais longe possível a conversa que tive com Alison e Dante, minha vontade de arrebentar aquele rostinho sereno por cima da Alison ardilosa, também não. A mulher tinha, me posto contra a parede e, Dante foi como a última pá com terra para enterrar quaisquer que fosse minha negativa para o que me pediram. Eu nunca imaginei que Alison, fosse me cobrar pelo favor e pior, que se acontecesse, como aconteceu, tão rápido. Era suposto ela, me entender. Ela não tinha direito algum sobre isso, assim como o marido, ainda que eu entendesse mais o lado dele. Ela tinha contado ao marido todos os meus segredos, até mesmo minhas irmãs estavam às escuras sobre isso, sobre absolutamente tudo!Desde as ameças, minha viagem ao redor do mundo, quando na verdade estava há apenas poucas horas da cidade, e de provavelmente o maior deles.

— Senhora?

Seco às lágrimas e fico de pé, e ainda sim a imensidão do mar congelante a minha frente, continua grandioso, poderia me engolir para nunca mais voltar.

— Sim, Lucy? — me livro como posso da areia em mim, batendo minhas mãos e afastando, tão freneticamente que eu poderia estar usando isso para me livrar de todo o resto, como gostaria que fosse tão simples assim, mas não é, e quanto mais penso sobre a equação, letras surgem e eu devo descobrir seus valores. Eu sequer tinha entendido a parte onde letras entram nessa.

— A senhora Moretti está aí, senhora — avisa temerosa, o que é meu indício para não lhe perguntar quais dela se tratam, ainda que não fosse necessário.

A mulher do don era a única senhora Moretti, que sabia do meu paradeiro.

A mulher que poderia ser o próprio anjo caído. Não dizem que é belo? E um dia ainda foram capazes de questionar a escolha de Dante.

LUCA - III Trilogia Irmãos Moretti Onde histórias criam vida. Descubra agora