A melhor forma de amar

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Oioi meus amores, espero que gostem do capítulo ❤️
Boa leitura 💖

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Meus olhos estavam pesados. Ao meu redor alguns sons se destacavam ecoando como chamados distantes e confusos, apenas um "bip" incessante era capaz de chegar aos meus tímpanos de forma clara, mas o som irritante só contribui para aumentar ainda mais a minha dor de cabeça. Eu ouvia murmúrios ao fundo, pessoas conversando em sussurros, ou ao menos pareciam ser. Tentei piscar, meus olhos ardendo e meu corpo pesando uma tonelada, doendo em todas as partes onde eu posso imaginar. Céus, o que houve comigo? Me questionei ao constatar que estou em um quarto de hospital.

Virei minha cabeça para o lado, conseguindo finalmente abrir os meus olhos o suficiente para enxergar as pessoas que estavam no cômodo.

Kacchan estava sentado em uma poltrona ao meu lado, os ombros tensos caídos para frente enquanto seus dedos se afundavam nos fios loiros. Ele parecia tão cansado. Ao fundo, um médico alto de cabelos escuros e óculos engraçados, anotava alguma coisa em sua prancheta de forma concentrada.

Não entendo, porque estou aqui? Tentei falar alguma coisa, mas minha garganta seca arranha dolorosamente toda vez que forço a minha voz.

Busquei a mão de Katsuki ao meu lado, meu braço enfaixado dói que nem o inferno toda vez que se move um centímetro para o lado.

— Zuku?

Sorri meigo para Kacchan, mas nem de longe recebi o seu de volta. Em seu rosto estava presa uma expressão de cansaço e aflição, olheiras escuras se destacavam embaixo dos seus olhos e seus cabelos não passavam de um emaranhado de fios bagunçados.

— Você está bem? Está sentindo alguma coisa? Você se lembra do que aconteceu?

Balancei a cabeça negando todas as perguntas. O médico — que pelo o seu crachá pude identificar ser Tenya Iida — apareceu silenciosamente ao meu lado, me oferecendo um copo d'água pelo qual agradeci mentalmente, tomando goles fartos e desesperados, grunhindo em alívio quando senti a água gelada tomar conta da minha garganta.

— O-o… O-o que aconteceu?

Vi Katsuki suspirar. Seus músculos estavam tensionados na medida em que ele desviava os olhos de mim, evitando me olhar nos olhos enquanto falava.

— Você sofreu um acidente há uma semana atrás, um carro bateu no seu em um cruzamento a duas quadras na Golden — Enquanto ele falava alguns flash de memória surgiam timidamente em minha mente, o medo, a dor e o desespero me atingiram tão forte que pensei ter voltado ao dia do acidente.

Estou aqui há uma semana? Bem, isso explica a enorme afiliação que o alfa exala — de forma sutil — no seu cheiro amadeirado de tempestade.

— Tivemos que colocá-lo em um coma induzido devido aos danos que o seu corpo recebeu, senhor Midoriya, só assim conseguiríamos manter a sua gestação sem lhe causar maiores danos do que os já apresentados — arfei. Então Kacchan já sabia da minha gravidez? Céus, ele deve estar me odiando tanto agora.

Meus olhos se encheram d'água de forma instantânea, e quando senti o seu cheiro azedar e a marca pinicar em minha nuca, não aguentei segurá-las por mais tempo. Eu devia ter contado ao Kacchan. Eu ia contar ao Kacchan. Mas ele acabou descobrindo da pior forma possível.

Seus dedos largos logo tocaram as minhas bochechas, limpando as lágrimas teimosas que nem percebi estarem transbordando dos meus olhos. O olhei querendo pedir desculpas, minha boca abrindo e fechando diversas vezes na tentativa de formular uma frase coerente que expressasse tudo que eu queria dizer, que eu precisava dizer.

— Conversamos depois.

Ele sussurrou tão baixo que pensei ter imaginado suas palavras, mas seu sorriso apagado confirmou que no fim, não imaginei nada. Funguei, chorando ainda mais pela certeza — recorrente em todos os dias desde que nos conhecemos — de que Kacchan sempre foi e será compressível comigo, pois mesmo nas piores das situações ele nunca deixou de entender o meu lado.

Inesperado Where stories live. Discover now