Pra você, guardei o amor
Que aprendi vendo os meus pais
O amor que tive e recebi
E, hoje, posso dar livre e feliz
Céu, cheiro e ar na cor que o arco-íris
Risca ao levitar.- Nando Reis, Pra Você Guardei o Amor
Violeta tentava achar uma maneira de contar a Eugênio sobre a descoberta que havia feito. Ela ainda estava anestesiada com tudo aquilo, como se vivesse em uma realidade longe da dela. Tudo que é novo assusta, e um filho era um passo muito maior do que achou que daria, algo fora dos planos, uma rota distante que teria que percorrer.
O corpo parecia o mesmo, não havia mudado ainda, olhava no espelho e tentava notar algo. Algo que fizesse a ficha cair. Ela parecia apenas a menina assustada que se viu longe do primeiro amor - havia crescido e agora teria com ele um filho. Foi para isso que Eugênio havia voltado? Para terem um filho? Céus, que descontrole da vida, após tanto tempo, tantas dores vividas e sentidas, algo bom (extremo, inesperado, assustadoramente longe de tudo que planejou) surgiu de um romance que outrora parecia impossível.
Eugênio e Violeta talvez estivessem enjoados dos mesmos rostos de sempre e agora precisavam de um novo rostinho para abrilhantar os dias pacatos.
- Violeta? - Eugênio se aproximou.
Ele a tirou daquele devaneio momentâneo, a olhou de cima a baixo, usava um vestido bonito, alaranjado, estava bela, como sempre estivera.
- Precisamos conversar. - Respirou fundo. - Tenho algo para te contar.
- Não me deixa assustado, Violeta.
- Senta aqui comigo. - Foi até a cama.
- Aconteceu alguma coisa? - A admiração virou aflição.
- Aconteceu sim.
- É com as meninas?
- Bom, talvez seja uma menina. - Murmurou. - Não sei dizer.
Na bruma leve das paixões que vem de dentro, tu vens chegando pra brincar no meu quintal.
- O que quis dizer? - Ela só estava o confundindo mais.
- O que quero dizer, Eugênio, é que nós dois conseguimos fazer algo muito bom. - Sorriu. - Algo que vai, como posso dizer? Pombas. Vai nos transformar.
- Então não é notícia ruim?
- Não. Não é. Acabei descobrindo por acaso que tem uma pessoa que te ama muito.
- Pipocas, está com ciúmes de quem, Violeta? - Desanimou. - Só tenho olhos pra você.
- Duvido que diga isso daqui um tempo. - Riu. - Querido, você vai gostar de amar essa pessoa.
- Meu coração é todo teu, oras.
- Tem certeza? Acho que essa pessoa vai te roubar um pedaço desse coração.
- Violeta, Violeta. - Semicerrou os olhos. - Onde quer chegar?
- Querido, felicidade quando transborda, dá frutos. - Suspirou.
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Tempo Para Viver
Fanfiction"O tempo é um rio que corre..." Tempo, o indecifrável e incontrolável. A parte bonita da vida que vai, mas não volta. O sôfrego que aflige memórias, o riso que inunda sonhos. Tempo, o abominável amigo que nunca nos deixa. Violeta Camargo achava ter...