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Capítulo 38 - Ruindo

Seria mais divertido do que pensava, até aquele momento todos que encontrou eram incrivelmente fracos e suscetíveis as suas ideias de auto destruição, mas aquele garoto, estava lhe saindo melhor que a encomenda.

Começou pegando leve, mas quando percebeu que aquele garoto estava lutando contra o estava desafiando, resolveu pegar mais pesado, ele não somente o atormentaria, não, ele o levaria ao limite do abismo da loucura.

***

A frustração de Dan parecia aumentar ainda mais com o ceticismo que sentia em relação a ajuda de David, ele não acreditava que ele pudesse fazer alguma coisa, Helena também não, mas tentava esconder isso.

Quando chegaram Dan ficou em silencio sentado na sala encarando a TV desligada enquanto ouvia música alto nos fones de ouvido, durante a caminhada toda ele ficou em silêncio ouvindo música e Helena respeitou seu espaço.

Enquanto estava lá, foi até seu quarto, David já estava lá esperando por ela.

"Eu vi a marca, como ele está."

"Nada bem."

David tentou sorrir de forma a consolar Helena.

"Ele diz que está ouvindo vozes, como sussurros na sua mente, falando coisas horríveis sobre ele fazer consigo mesmo e com os outros. Você acha que tem alguma coisa que possamos fazer?"

Ele pareceu pensar.

"Não sei dizer, não é como se soubesse como ele age, não sei se é como uma maldição que ele joga na pessoa ou como se ele mesmo ficasse lá sussurrando. Só posso dizer que não o sinto aqui nesse momento, não o vi junto de vocês."

"Ele pode se esconder de mim, acha que pode se esconder de você também?"

"Acredito que não, eu o sentiria agindo, é quase como a nossa ligação."

Helena sentou na cama pensando.

"Então acha que foi por causa disso que ele veio atrás de mim? Da gente, quero dizer. Ele sentiu a nossa ligação e quer impedir de você voltar?"

"Sim, e acredito que ele possa não ter sido despertado somente agora, como eu, mas ele podia estar vagando por aí, por isso talvez o motivo dele ser tão poderoso."

Deixou-se cair na cama, ficou deitada olhando para o teto, suspirou cansada. David deitou ao seu lado na mesma posição.

"Ele é meu melhor amigo, não posso perde-lo."

Uma lágrima escorreu pelo seu olho direito, suavemente David a pegou, passou o dedo ainda translucido pela face de Helena e capturou a lágrima que ficou suspensa como se flutuasse pelo seu dedo.

Ambos admiraram o fenômeno por um momento.

"Não se preocupe, eu vou acompanhar Dan essa semana e ficar de olho nele, se o assassino aparecer, eu não vou deixar que o machuque, não importa o que eu tenha que fazer."

Não se incomodou quando David se aproximou mais olhando no fundo de seus olhos, quase podia sentir o corpo dele ao lado do seu, quase podia sentir calor vir dele ou talvez fosse sua imaginação, mas não se importou, Helena sorriu agradecida por aquele pequeno momento de paz.

***

Estava decidido, ele suportaria tudo sozinho, não infligiria sua dor à Helena, Dan iria aguentar.

Conseguiu finalmente voltar para sua casa, depois de garantir a Helena que ligaria se acontecesse qualquer coisa, ou se ele sentisse qualquer coisa, ou por qualquer motivo que surgisse, inclusive se não acontecesse nada, ele deveria ligar.

Dan aproveitou o pouco de silencio que apareceu em sua mente enquanto estava na casa de Helena para verificar se não tinha recebido nenhuma mensagem da pessoa que estava esperando, mas infelizmente, não chegou nada.

Seguiu pela rua deserta, o vento frio do anoitecer que se aproximava atingia seu cabelo o bagunçando e jogando para todos os lados, olhou para o céu, nuvens tempestuosas se agitavam.

Parou por um momento encarando o céu, uma gota atingiu a lente esquerda de seu óculos e escorreu pela sua bochecha junto a suas lágrimas, a chuva se intensificou, com trovões soando ao horizonte e assim, Dan pode se deixar chorar e gritar o tanto que queria, pelo tanto que suportou e por o que ainda suportaria.