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Jimin


Estou um lixo. Calça jeans larga e blusa de moletom, maquiagem de ontem borrada e completamente descabelado.

Olho para a menina atrás dele. Seu cabelo castanho encaracolado é sedoso e cai em ondas soltas pelas costas. Amaquiagem é leve e perfeita, mas ela é do tipo que nem precisaria de maquiagem. Claro.
É uma situação humilhante, minha vontade é de afundar no chão e desaparecer da vista daquela garota
bonita.

Quando me abaixo para pegar uma das minhas malas, Jungkook parece se lembrar que a garota está lá e dá
uma olhada para ela.

— Jimin, o que você está fazendo
aqui? —, ele pergunta.
Enquanto limpo a maquiagem borrada dos olhos, Jungkook diz a sua nova conquista:

— Você pode dar um minutinho para a gente? —. Ela me olha, faz que sim com a cabeça e volta para o corredor do prédio.

— Não acredito que você está
aqui —, ele diz e vai até a cozinha.

Jungkook tira o casaco, e sua camiseta branca lisa sobe, revelando a pele bronzeada. Vejo a tatuagem, os ramos retorcidos e enfurecidos da árvore morta em seu estômago me provocando. Pedindo para serem tocados.

Adoro aquela tatuagem, é a que mais gosto. Só agora vejo a semelhança entre ele e a árvore. Ambos insensíveis. Ambos sozinhos. Pelo menos a árvore tem esperança de florescer de novo. Jungkook não.

— Eu… Eu estava de saída —, consigo dizer afinal.
Ele parece tão perfeito, tão bonito.
Um lindo desastre.

— Por favor, me deixa explicar —, ele implora, e noto que suas olheiras são ainda mais carregadas do que as
minhas.

— Não. — Me abaixo para pegar as malas de novo, mas ele as agarra antes de mim e as joga de volta no chão.

— Dois minutos, é só isso que estou pedindo, Ji.

Dois minutos é tempo demais para ficar aqui com Jungkook, mas preciso acabar logo com isso se quiser seguir em frente com a minha vida. Suspiro e sento,
tentando conter qualquer ruído que possa arruinar minha ausência de expressão.
Jungkook fica nitidamente surpreso,
mas se apressa em sentar na cadeira do outro lado da mesa, de frente para mim.

— Você não perdeu tempo, né? —, digo baixinho, apontando a porta com o queixo.

— O quê? —, pergunta ele e, em seguida, parece se lembrar da morena.

— Ela trabalha comigo; o marido está
lá embaixo com a filha recém-nascida. Eles estão procurando apartamento, e ela queria dar uma olhada no nosso… ver a disposição dos quartos.

— Voce vai se mudar? —, pergunto.

— Não, se você quiser ficar. Mas não vejo por que ficar aqui sem você. Só estou avaliando as minhas opções.

Uma parte de mim sente uma pontada de alívio, mas logo minha parte mais defensiva lembra que, só porque ele não está dormindo com a morena, não significa que não vai dormir com outra em breve. Ignoro a fisgada de tristeza que sinto ao ouvir Jungkook falar sobre se mudar, mesmo que eu não esteja aqui para ver isso acontecer.

— Você acha que eu iria trazer alguém aqui? Só faz dois dias… é isso que você pensa de mim? — Que cara de pau.

— É! Depois de tudo isso, claro que
é! — Diante da minha crueldade, seu rosto é invadido por uma onda de dor.

Mas, depois de um instante, ele se
limita a um suspiro derrotado.

— Onde você passou a noite? Passei na casa do meu pai e você não estava lá.

AFTER - Depois da verdade  -  JIKOOKWhere stories live. Discover now