𝒄𝒂𝒑𝒊́𝒕𝒖𝒍𝒐 𝟑𝟏 - 𝒐𝒖 𝒗𝒐𝒄𝒆̂ 𝒔𝒆𝒏𝒕𝒆, 𝒐𝒖 𝒏𝒂̃𝒐 𝒔𝒆𝒏𝒕𝒆

116 42 29
                                    

Lucca's POV

Monte Carlo, Mônaco.
Sexta-feira: dia de classificatório.

- Não precisava, né? - Felipe questionou sem tirar os olhos do nosso caminho até a saída. Ele havia acabado de deixar os boxes depois de não conseguir concluir uma corrida, e algumas horas já separavam a conversa com Naomi daquela pergunta, mas eu não precisava de nenhum letreiro luminoso para adivinhar que ele se referia a ela. - A garota só estava tentando ser legal.

Estávamos próximos à saída do paddock, e olhei por cima do ombro por um segundo para conferir se Nyu ainda estava a alguns passos atrás de nós. Mesmo que a animação da sua conversa com Aya, como sempre, parecesse estar deixando os dois avulsos de tudo ao seu redor, abaixei o tom de voz para que ela não me ouvisse.

- Eu sei - admiti, girando a catraca à minha frente. - Sendo sincero, até eu fiquei me sentindo meio mal depois. É só que, sei lá, não dá pra deixar ela se aproximar muito.

Eu sentia que não estava raciocinando direito desde o episódio dos confetes. Não sei explicar. Era como se minha mente tivesse guardado Naomi em um cofre trancado a sete chaves e, do nada, ela tivesse arrombado a fechadura e saído de lá de dentro sem mais nem menos. Tão de repente que até ela mesma foi pega desprevenida, descalça, com uma camiseta de turista e o rosto lavado que aparecia toda vez que eu tentava fechar os olhos para dormir.

Fê - que não sabia dos confetes - franziu o cenho, diminuindo o passo para me perguntar silenciosamente sobre o que eu estava falando. Só que nem eu sabia direito, ou pelo menos não sabia o suficiente para colocar em palavras que fizessem algum sentido e não soassem bregas demais, então me concentrei para tentar explicar de algum jeito inteligível.

- Você é do mesmo meio que eu, acho que vai entender... - Respirei fundo, torcendo para fazer algum sentido. - Sabe esse muro que a gente levanta toda vez que fala com alguém? Pra não deixar vazar informação ou, sei lá, qualquer coisa comprometedora?

Ele afirmou lentamente com a cabeça, processando o raciocínio.

- Ela derruba - dei de ombros.

- Como assim?

- Quando ela tá perto, parece que eu nunca construí a porra do muro, entende? Outro dia - belisquei de leve a ponte do meu nariz, fechando os olhos ao resgatar a lembrança -, a gente nem estava se falando direito, mas ficamos presos num elevador. Ela me fez uma pergunta, Felipe, uma, e eu de algum jeito saí contando dos sonhos da minha vida e tudo mais.

- Não sei se eu tô entendendo o problema - ele riu.

- Eu abaixo a guarda demais. Não sei como, mas ela sabe fazer isso comigo, e por um momento eu me convenci de que estava tudo bem - conclui, sério. - Só que todo aquele rolê do Andreas ter lido as matérias dela me esculachando me lembrou de que Naomi vai ser sempre a garota com a caneta na mão, e eu vou ser sempre o cara que ela quer foder.

O semblante sério de Felipe se dissolveu como água.

- E você quer foder com ela - ele arqueou uma sobrancelha com um sorriso torto.

- Não nesse sentido, Drugovich - fechei os olhos com força para não ver a expressão maliciosa, soltando uma risada sincera. - Meu Deus, você é podre.

- Você que escolheu as palavras erradas, mas falando sério - ele esperou até que eu me recompusesse para continuar a falar, cruzando os braços. - Repensa essa história aí do muro. Se Naomi sabe como fazer isso contigo, não é qualquer uma. E outra, aquele texto te elogiando não era da coluna dela?

- Mais ou menos - torci a boca, me lembrando de algo do qual jurei não me esquecer. Levantei o tom de voz, chamando a garota que há algum tempo já havia passado por nós. - Aya, cadê a Diana? Não vi ela hoje.

FLYING LAP [HIATUS E REVISÃO]Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ