Se fingindo de hétero

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Se sentindo um tanto quanto incomodado, Castiel entregou a carta de Lisa para o capitão do barco que escolheram. Havia sido uma viagem de dias até chegarem ao litoral e agora tinham que conseguir uma embarcação para atravessarem o oceano.

Com um olhar de desconfiança, o capitão abriu a carta e passou rapidamente os olhos pelo que estava escrito, erguendo o olhar para os dois homens na sua frente. Abriu um sorriso.

— Por favor, senhores, entrem. Vamos acomoda-los da melhor forma possível. — ele disse, abrindo espaço para que os dois passassem, devolvendo rapidamente a carta para o moreno.

Aquele não era um navio mercante, por isso Cass e Dean escolheram ele. Ao contrário disso, era uma embarcação nobre, feita para transportar pessoas de berço nobre. A carta de Lisa foi mais do que apenas útil.

Já tinham algumas pessoas no navio, a maioria usando roupas chiques demais para uma viagem de barco. O casal chamou atenção por onde passavam. O capitão os guiou até que desceram escadas que levava para baixo do convés. Em um navio convencional, aquele espaço seria dedicado a uma pequena prisão, mas como era um navio nobre, tinham quartos ali.

O homem parou em frente a um par de portas, uma ao lado da outra.

— Podem se acomodar nesses quartos, senhores. São uns dos melhores do navio.

— Dois quartos? Mas...

— Vai ser perfeito, obrigado. — Castiel interrompeu ao questionamento de Dean, sorrindo falsamente ao direcionar ao marido um olhar de "só concorda!".

— Vou deixá-los a sós. Espero que façam boa viagem. — o capitão desejou, sorrindo largamente para os falsos nobres, rapidamente se retirando.

Dean se virou para Castiel assim que ele sumiu de vista.

— Quartos separados?

— Precisamos do barco, Dean. Você sabe que não dá para voar por toda essa distância, vamos estar totalmente exaustos no meio do oceano.

— Ok, e daí?

— Ninguém aqui pode saber que somos casados, nos expulsariam no momento em que descobrissem. Não precisamos de fato estar separados, apenas fazê-los acreditar que sim.

Dean resmungou, insatisfeito, mas entendendo o que Cass quis dizer. Eles nunca realmente se importaram em esconder que tinham um relacionamento amoroso, até se divertiam com o choque e ódio dos outros, mas era verdade que naquela situação eles precisavam esconder isso ao máximo.

— Vai difícil ficar longe de você. — disse, por fim, levando as mãos a cintura do anjo e o puxando para perto com força moderada, o fazendo bater o peito no seu, um sorriso ladino surgindo nos lábios do anjo.

Mas tiveram que se separa as pressas quando ouviram vozes vindo de dentro do corredor, dois nobres que estavam saindo de seus quartos, aparentemente.

— Esse negócio de peito gigante é bobagem, o suficiente para caber na mão já é mais do que bom. — o demônio disse, sendo essa a única coisa que conseguiu pensar para simular uma conversa. Castiel arqueou as sobrancelhas e, tendo ouvido o que Dean disse, os rapazes riram e concordaram.

— Tinha que falar de peitos?! — Castiel reclamou quando os outros dois saíram.

— Foi você quem pediu para eu me fingir de hétero! — Dean se defendeu, sorrindo maliciosamente para o marido em seguida. — Não se preocupe, querido. Eu prefiro bunda, mais especificamente a sua. — disse e deu um tapa nas nádegas do anjo, encerrando o assunto. — Bom, vamos ver esse quarto.

Castiel sorriu e seguiu o marido.

°•

Claire e Kaia corriam pela floresta, as duas com suas respectivas armas em mãos, tentando despistar os anjos que as seguiam.

Não sabiam como tinham sido localizadas, não tinham ideia do que haviam feito de errado, mas ali estavam, fugindo o mais rápido que podiam, tentando usar o terreno irregular ao próprio favor, sem obter muito sucesso.

Com a flecha pronta no arco, Claire se virou e rapidamente atirou. Ela não viu onde ou quem a flecha atingiu, apenas voltou a olhar para frente e continuou correndo. Ela ouviu, no entanto, o grito de agonia do anjo que havia sido atingido e, pela luminosidade repentina que irradiou pela mata, com certeza tinha morrido.

Era uma situação de merda e as chances eram poucas. A única coisa que estava deixando a loira um pouco mais tranquila era o fato de que podia recorrer a pedir ajuda para os pais, embora quisesse evitar isso ao máximo.

Mirou e, em menos de um segundo, atirou no anjo que surgiu pela frente. A flecha se alojou no olho dele e o mesmo imediatamente foi ao chão, já sem vida, seu brilho angelical se extinguindo aos poucos.

Claire levou a a mão para trás e pegou mais uma flecha, sabendo que estavam acabando e logo ela estaria sem munição, restando apenas a possibilidade da luta corpo a corpo, mas eram muitos anjos para ela conseguir ligar e Kaia era iniciante, ou seja, chances quase zero.

Tinham que tirar os anjos da cola, era a única saída. A sorte das duas era a mata densa, que tornava impossível que os anjos avançassem voando. Do contrário, estariam em uma situação ainda pior.

Claire só conseguia pensar em seus pais e em como eles lidariam com isso. Provavelmente melhor do que ela, com certeza já teriam aniquilado aqueles anjos sem a menor dificuldade.

Por que tinha que ser tão difícil? O casal sempre fazia parecer tão simples.

Claire parou, apesar de seu cérebro a mandando continuar, quando Kaia gritou e sumiu do seu lado.

Apontando a flecha, a loira olhou para trás, vendo um anjo segurar Kaia pela camisa, a mantendo erguida a alguns centímetros do chão, uma lâmina angelical pronta para matar a garota.

Os outros anjos pararam também, finalmente tendo seu trunfo.

— Solta ela! — Claire mandou, pensando em chamar seus pais, mas sabendo que se largasse a flecha, sua única fonte de defesa iria para o buraco. — Solta ela agora ou eu meto essa flecha na sua traquéia!

— Abaixa o arco ou eu corto a garganta da sua namoradinha. — o anjo mandou e, apensar de seu coração batendo rapidamente, Claire se obrigou a manter a calma.

— Ah, é mesmo? Vamos ver quem é mais rápido então, minha flecha ou sua mão. — manteve a ameaça, odiando que suas mãos começavam a suar. — EU MANDEI SOLTAR!

Com um sorriso de canto, o anjo afastou a lâmina, pronto para cumprir sua ameaça e matar Kaia. Ele parou, no entanto, quando uma lança passou a toda velocidade ao seu lado e atingiu o peito do anjo ao seu lado, o arremessando metros para trás.

— O que foi isso? — uma anja disse, olhando ao redor, tentando encontrar os inimigos nas árvores. — O que você fez?! — perguntou a Claire, sendo imediatamente silenciada quando uma lança a atingiu em cheio também.

Vendo uma oportunidade, Kaia ergueu os braços, deslizando para fora da camisa e caindo no chão. No mesmo momento, outra lança voou por cima de sua cabeça e atingiu o último anjo restante, acabando facilmente com a ameaça angelical.

A morena cobriu os seios com os braços, catando sua camisa que havia caído no chão e se vestindo rapidamente. Quando se levantou, Claire apontava o arco para um grupo de mulheres. Todas vestiam lindas armaduras, usavam penteados práticos, em sua maioria tranças e estavam visivelmente armadas até os dentes.

— Vocês estavam nos procurando. — uma delas disse, parecia a líder, visto que usava uma tiara. — Vamos guiar vocês até nosso lar e ajudá-las no que precisarem.

Eram elas.

Finalmente tinham encontrado as Amazonas, ou elas tinham encontrado as duas.

O altar do ressurgir//DestielWhere stories live. Discover now