Capítulo 8: Um humano como você

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As vezes nós nos sacrificamos por coisas que nem queríamos lutar.

Passou-se mais alguns dias, aquela noite correu mais rápido do que todas as outras. Os dias de Karat eram cada vez mais longos desde que ele chegou a esta casa, mas surpreendentemente, aquela manhã chegou cedo e ele já estava de pé às sete horas. Contudo, o jovem não saiu, ele preferiu ficar no quarto lendo um livro e fumando um cigarro até Carl ou Bob aparecerem dizendo o mesmo recado de sempre, "O Mestre Kun chamou-o para o café da manhã.". Ele havia pegado aquele livro com Easton e terminou em três dias, agora estava lendo a sequência dele, "Depois de você", mas era realmente difícil ler um livro em que um dos protagonistas estava morto.

Karat leu mais dois capítulos e desistiu, talvez ele estivesse de luto por Will ainda, então, o rapaz deixou o livro na cama e levantou-se indo fumar mais um cigarro observando o dia lá fora. Não havia muito sol, provavelmente fosse chover. Naquele momento, observando a liberdade além da janela daquele quarto, ele acabou remoendo o mesmo sentimento melancólico que acendeu em seu peito desde que tudo isso aconteceu com ele. Karat ainda não conseguia sentir-se à vontade nesta casa, nem mesmo no seu próprio quarto, nem mesmo ele tendo criado uma espécie de rotina e se acostumado a ela e estivesse agora trabalhando sua mente para "aceitar" essa vida como seu destino. Esta mansão não é a sua casa, ele está completamente fora da sua zona de conforto aqui, não está fazendo mais nada do que realmente gosta e tem costume, perdeu sua liberdade, isto é sufocante!

Após algum tempo, ele abriu um pouco mais as cortinas da grande janela que era mais como uma porta e sentou-se no chão, deu mais uma tragada no cigarro observando a paisagem que via todos os dias e pensou na conversa que teve com Ethan dias atrás. Será que Kun realmente olhou para ele e sentiu alguma atração antes de tudo isso? Ele de repente quis saber, afinal, seu marido é um homem realmente bonito e de tirar o fôlego "Talvez eu beijasse ele de novo" Karat admitiu para si mesmo enquanto lembrava do casamento "Ele tem lábios macios." Ele defendeu-se enfatizando esse detalhe e deu mais uma tragada no cigarro olhando para o céu coberto de nuvens. Pensar em Kun não era algo que ele costumava fazer e sim evitar, mas agora estava realmente querendo pensar nisso. Talvez em um contexto diferente, ele teria aceitado o flerte de Kun se o homem tivesse vindo até ele? "Merda!" Karat xingou-se mentalmente. Ele estava cogitando algum envolvimento com o marido fora daquela situação, ele não poderia estar atraído, "Não, não!" Ele ainda é um prisioneiro deste casamento. Mesmo que, não tenha algemas ou cordas prendendo seus pulsos, tem uma aliança em seu dedo que não deveria estar ali, e mesmo que não tenha grades de uma cela o cercado, há muros e janelas. Ele não podia deixar-se levar pela boa aparência de Kun e suposições bobas de Ethan, seu lugar ali era de um objeto para acerto de contas.

"Onde está, Carl!?" O garoto resmungou levantando-se e foi até a porta. Mas, por incrível que pareça, não havia nenhum segurança no corredor. "Que merda tá acontecendo aqui?"

Aquilo era estranho, muito, muito estranho mesmo! Este lugar está sempre cercado de homens a cada canto, como é que agora de repente todos sumiram de uma vez? Karat ficou confuso e um pouco assustado, o que ele deveria fazer? Aquele era um cartão verde para tentar fugir, ou um cartão vermelho gritando "Perigo! Volte para o quarto."? Ele queria voltar, realmente queria, mas um sentimento de curiosidade o atingiu igual na noite em que conheceu Ethan. Que grande merda! No entanto, quando ele deu-se conta, já estava no meio do corredor ainda de pijama e com um cigarro entre os dedos.

Karat caminhou um pouco pela extensão daquele vão, procurando algo que não sabia exatamente o que era, talvez fosse um segurança. Até que, entre todas aquelas portas que o cercavam trancadas no corredor, havia uma que estava entreaberta. "Perigo, perigo, perigo!" Uma voz gritou em sua mente, mas o jovem ignorou e aproximou-se daquela porta, tudo estava muito calmo e silencioso, então, ele entrou devagar para não fazer barulho, estava com um pouco de medo do que poderia encontrar ali.

Prisioneiro do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora