Capítulo - 11: Acordo de noivado

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Jason

Simplesmente fiquei estático, sem dizer absolutamente nada. Me contentei apenas em observar Jess sair da minha sala. Quando dei por mim, Natacha já havia terminado de dar a última volta à legadura da mão mais machucada, que nesse caso era a direita. A esquerda só tinha uns cortezinhos que poderiam ser resolvidos com pequenos adesivos.

— Pronto. - Disse ela, chamando a minha atenção.

Meu olhar fixou o dela. Natacha simplesmente manifestou um sorriso de canto e segurou a minha outra mão para fazer o curativo.

— Agora vamos tratar dessa. - Disse humidecendo uma porção de algodão com álcool.

— Ai! - Soltei quando senti o álcool entrar em contacto com as feridas.

— Calma, já vai passar. - Falou beijando as costas da minha mão.

Virou logo em seguida para poder colocar os pensos.
No momento um sentimento de culpa começou a tomar conta de mim. Eu havia traido - a, e agora ela estava ali cuidando de mim, mesmo tendo toda a razão do mundo para estar chateada comigo. Aí percebi o quão eu tenho sido injusto com ela. Eu precisava sim manter um certo limite com a Jess, isso era o mínimo que eu poderia fazer por ela.

— Sobre hoje... na casa da Jess. - Fez chamando a minha atenção, mas com uma voz serena.

Ela fez uma pequena pausa e logo continuou após expirar pesado.

— Eu sinto muito. Não deveria ter agido daquela maneira. - Disse cabisbaixa.

Senti uma pontada no coração, foi como se Deus me estivesse castigando.

— Você não teve culpa de nada. - Me apressei em dizer. - Qualquer namorada no seu lugar teria reagido da mesma maneira. - Segurei seu rosto.

— Eu... - Tentou falar quando foi interrompida por uma onda de choro.

Beijei sua testa e abracei - a.

— Sou eu quem precisa se desculpar. Eu não tenho sido justo com você... - Dei uma pausa, pensando no que aconteceu com a Jess. Enguli em seco para depois voltar a dizer:

— Com a gente.

Talvez eu estivesse a mentir para mim mesmo, ou talvez não, mas de uma coisa eu tinha certeza, eu tinha sentimentos por Natacha e ela por mim, e isso já bastava para a gente ser feliz. Talvez o meu pai sempre estivera certo e ela realmente fosse o meu destino. Quanto a Jess... sintia alguma coisa por ela, mas não sabia o que era, portanto, seria burrice da minha parte cair em uma aventura confusa e totalmente desconhecida, sem falar do facto de eu não a merecer.

(...)

Já eram por volta das 19 horas, um daqueles dias de trabalho no qual eu e Jess seríamos os últimos a sair da empresa, e como sempre saíamos juntos, mas desta vez simplesmente não a vi. Logo lembrei - me que quase não a vi durante todo o dia. Não perguntei o motivo de sua ausência à sua secretária e acho que talvez tenha sido melhor assim.
Sem mais demora entrei no carro e parti para à casa. No caminho liguei o rádio e como o universo não poupava na hora de castigar aqueles que mereciam, advinham só que música estava tocando? Pois é, It won't metter - The Weeknd. Involuntariamente deixei escapar um sorriso bobo de canto. Memórias de todas as vezes que estavam juntos nos divertindo invadiram minha mente sem permissão, que nem um ladrão. Me peguei pensando em seu sorriso, seus olhos e o que eu mais amava nela... sua gargalhada.

Lamentei por não te - la perto de mim naquele instante. Lamentei por não estar de boa com ela, lamentei por não poder ouvir sua voz.
Sentia uma baita falta dela. Mas eu não podia ser egoísta. Ela merecia alguém melhor que eu. Alguém que tivesse sentimentos apenas por ela. Alguém que a amasse de verdade e que não a faria sofrer, e esse alguém não era eu.

Desejo ProfundoWhere stories live. Discover now