Passado ≈ 55

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Maggie Catarina,

Dezesseis anos, Dinamarca.
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Eu preciso chegar no quartinho e colocar minhas sapatilhas para secar.

Eu preciso chegar no quartinho e colocar minhas sapatilhas para secar.

Repetia mentalmente, quando estava com a cabeça baixa por conta das gotas insistentes de chuva, segurando minha bolsa de pano de forma firme contra meu corpo.

Minha sapatilha preferida estava totalmente encharcada e eu iria precisar dela para amanhã cedo para a apresentação individual que teria, para mostrar o progresso que havia conquistado, nesses poucos messes que estou aqui.

Meus pais concordaram em me deixar ter essa pequena experiência de morar sozinha por um curto espaço de tempo para fazer a excursão de ballet. O que me deixou feliz, mas também me ajudou a perceber que eu não sabia me virar bem sozinha.

A prova disso, a situação a qual me encontrava.

Passei a mão no rosto quando o mesmo estava molhado pela chuva, o fazendo novamente quando minha visão estava embaçada.

Os faróis brancos de um carro me fez passar para o passeio, fechando os olhos de forma firme quando pisei em uma poça.

— moça? — a voz do homem soou interrogativa para mim, e eu franzi as sobrancelhas, tentando lembrar se o conhecia.

— boa tarde? — soou mais como uma pergunta do que outra coisa, eu sabia.

Mas, não era como se todo dia um homem de carro parasse perto de mim em um dia chuvoso.

— moça? — a voz do homem soou novamente, fazendo com que eu voltasse minha atenção a si — você ouviu o que eu disse?

Um vento frio me atingiu, mostrando para mim que eu estava parada sob uma forte chuva, com um homem desconhecido falando comigo.

Aquilo por algum motivo, fez meu estômago revirar.

De uma forma boa.

— não, me desculpe — me aproximei mais, mas não o suficiente para não conseguir recuar quando necessário — pode repetir?

— eu estou perguntando se você não quer uma carona? — franzi as sobrancelhas novamente, passando a mão no rosto quando o mesmo estava encharcado — eu sei que parece estranho, mas você está toda encharcada e eu te vi sair daquele... — vagou o olhar pelo meu corpo — aquela escola de ballet. E eu tenho uma prima que é de lá, você deve...

Continuei encarando o homem enquanto ele falava, ainda mais quando o som da chuva, sua fala ou qualquer outra coisa se silenciou, quando meus olhos estavam o analisando com mais interesse do que eu imaginava.

Por que eu estava fazendo aquilo?

Por que não recuso e peço para ele seguir seu rumo?

Meu corpo molhado esfriou.

Meu cabelo que estava preso para trás se arrepiou, e não foi surpresa para mim quando a curiosidade ganhou da racionalidade.

Ele é um homem tão bonito... — pensei — mas ele também não pode querer nada comigo, apenas me dar uma carona.

— e então? — pisquei, balançando a cabeça levemente de um lado para o outro, para me orientar.

— eu aceito — falei, entrando quando ele abriu a porta do carro — você pode me deixar na próxima rua.

Passado vol.1 - El finWhere stories live. Discover now