CAPÍTULO XXI, RAZÃO E SIGNIFICADO

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— Ayla, e sobre a vinda de Jun para o Brasil? Vocês estão namorando?

Eu tentava entrar e sair de casa sem ser percebida, mas essa era uma tarefa difícil. Os dias que sucederam à volta de Jun não foram tão tranquilos quanto eu imaginava, porque as pessoas estavam ansiosas por respostas, mesmo que tudo parecesse claro. Eles queriam a confirmação do nosso relacionamento, e eu não tinha mais medo de esconder. Já sabia que além da minha família, meus fãs também me apoiavam, e isso me deixava mais tranquila.

Jun foi recebido na Coreia de forma estranha. Diferente da minha recepção no Brasil, a dele parecia menos calorosa e mais cheia de perguntas. Eu me sentia ansiosa, por outro lado, não sabendo mais como fugir das perguntas que me faziam, então imaginava que estava difícil para ele também. Estávamos esperando o momento certo para falar do nosso relacionamento.

— Ele é uma pessoa incrível, e por isso estamos todos na expectativa de que a acusação de plágio seja desmentida.— eu respondi a um dos repórteres, tentando me esquivar ao máximo da exata pergunta.

Me afasto da entrada do prédio após responder algumas poucas perguntas e sigo direto para casa, na tentativa de descansar um pouco. Tiro os sapatos com pressa e me jogo no sofá da sala, para que pudesse esticar o corpo em um lugar macio. O dia tinha sido o mais atarefado possível e meu celular estava repleto de mensagens e notificações. Minha família perguntava as últimas notícias, algumas páginas de fofoca me marcavam em publicações e algumas inúmeras ligações preenchiam minhas chamas perdidas.

Uma em específico me chamou atenção, e essa é a única ligação que retorno.

— Bom dia, dormiu bem?— pergunto para Jun, assim que o mesmo atende.

Era noite no Brasil e manhã na Coreia do Sul.

— Sonhei com você.— ele suspira, antes de continuar.— Sonhei que dormíamos juntos.

— Teve que acordar e ir direto para o banho, eu aposto.— digo maliciosa.

Escuto sua risada rouca logo pela manhã e me delicio ao sentir sua respiração. Era bom escutá-lo de alguma forma. Conversávamos todos os dias, em horários diferentes do dia, mas ainda assim eu sentia sua falta.

— Daqui a pouco terei a primeira entrevista, vai passar ao vivo.

— Sinto você nervoso. Está tudo bem?— era uma pergunta óbvia, mas necessária.

Jun suspira e demora alguns segundos antes de responder. Ele com certeza estava apreensivo.

— Nunca achei que a música fosse tão importante pra mim, Ay. Nem mesmo quando achei que estava em minha melhor fase.— sua respiração parecia pesada.— Mas agora sei que sem a música não vivo.

Jun fungou de leve e meu coração bateu descompassado, preocupado com as coisas que vinham acontecendo.

— Nessa entrevista serei verdadeiro. Não sei o que será de mim nas próximas horas, mas continuarei firme.

— E eu continuarei aqui. Estou com você, Jun.

— Se me perguntarem sobre você, devo ser sincero?— eu o sinto um pouco acanhado.

Eu só conseguia pensar que talvez fosse melhor apenas falar a verdade, ou não teríamos sossego tão cedo.

— Se sua preocupação é comigo, estou bem e quero que as pessoas saibam disso.— eu achava que queria, na verdade, mas estava preparada para tudo.— Então estou deixando essa decisão para você.

É a única coisa que meu coração consegue dizer no momento. Eu o apoiaria em qualquer escolha e estaria mais aliviada se pudesse falar abertamente do nosso namoro. Mas sabia que tudo precisava ser feito com cautela e atenção.

De Norte a Sul, Leste OesteWhere stories live. Discover now