CAPÍTULO 12

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Reunidos na sala de visitas da residência do Visconde e da Viscondessa, Beatrice se entretia com um livro, enquanto Rosalind agraciou a todos com seu dom ao piano.

Vivian, com seu charme, aplaudiu a jovem que, agora, daria alegria e companhia para sua irmã e cunhado como filha.

Uma semana após o baile e a jovem de cabelos dourados ainda não havia perdoado totalmente sua genitora e nem sua melhor amiga. Também não mencionou — e nem o faria — o novo desafio entre ela e seu noivo.

Flores, presentes e declarações chegavam a todo instante, para a alegria de sua mãe e tios, mas Rosalind a conhecia bem o suficiente para saber que algo não estava certo.

Naquela tarde, para a surpresa de todos, o que chegou não foi um presente e, sim, o próprio Arthur.

Assustada, a jovem Birtwhistle se levantou apressadamente ao vê-lo e reverenciou brevemente.

— Lord Beauchamp! — exclamou Vivian, também o reverenciando.

— Boa tarde a todos. Peço desculpas por minha visita totalmente sem avisos, mas há algo que preciso conversar com Lady Beatrice — todos permaneceram no mesmo lugar, até que fosse frisado o que precisava fazer ali — A sós.

Um 'oh' uníssono soou pelo cômodo e todos os deixaram sozinhos. Bem, as mulheres, obviamente, colaram seus ouvidos na porta.

Sem entender, Bea se aproximou do homem com uma expressão preocupada.

— Está tudo bem? O que é tão urgente que não poderia ser tratado por um simples bilhete?

Arthur não estava bem, nem muito contente. Exasperado era a definição perfeita para seu estado.

— Precisamos nos casar semana que vem. Ou Antes.

— O quê? — seu tom saiu mais alto do que o esperado. As damas do outro lado da porta ficaram atentas — Posso saber o motivo de tanta pressa? Se bem me lembro vossa alteza adiaria esse casamento por mais vinte anos se pudesse.

O tom de sarcasmo em sua voz o deixava ainda mais descontente.

— Não pense que é por vossa senhoria que estou propondo tal absurdo, apenas... — respirou fundo, aproximando-se mais da dama para que pudesse falar mais baixo — Apenas é de meu interesse que casemos o quanto antes.

Seria mesmo muita audácia de sua parte acreditar que ele estaria fazendo aquilo por estar perdidamente apaixonado em sua pessoa ou por não suportar mais ficar longe. Quase acreditou em todos os cartões e flores que ele havia lhe mandado.

— Se está fazendo isso apenas para que tenha como desculpa o tempo curto para nos conhecermos...

— Ah, Deus, mas que... — fez uma pausa antes que fosse rude e a assustasse — Não é isso, eu só preciso que se case comigo o mais rápido possível. Não é nenhum motivo egoísta, apenas aceite. Por favor, eu preciso que aceite.

Obrigá-la não seria muito bom se quisesse ter paz o resto da vida.

Ponderosa, Beatrice soltou um suspiro pesado e baixou o olhar. Aquilo já estava começando mal, mas se era o que o destino lhe reservava não faria sentido adiar.

— Certo. O que vem agora?

Aliviado, Arthur esboçou um breve sorriso.

— Avise sua mãe que vamos para Spring Hall em dois dias. Amanhã venho te buscar para irmos falar com a rainha. Jamais vamos conseguir casar às pressas sem a permissão dela.

— M-mas... já estamos noivos há vinte anos, Arthur!

— E é isso o que diremos a ela!

[...]

Enquanto Beauchamp entrava em sua carruagem, a jovem lady segurava seu choro em silêncio. O que seria de sua vida em um casamento sem amor?

Rosalind, por outro lado, conhecia bem a amiga para saber que uma bomba estava prestes a explodir.

Bea seguiu para dentro da residência, seguida de Rose que não a deixaria carregar tanto peso sozinha.

Ao entrar em seu quarto, tudo o que conseguiu fazer foi cair sobre a cama e deixar que as lágrimas rolassem. A jovem de pele oliva entrou logo em seguida, pronta para confortá-la.

— Ei... — aproximou-se devagar, tocando o ombro da jovem noiva, que já estava soluçando entre os travesseiros. — Beatrice, eu sei que não fui a melhor amiga do mundo, mas... estou aqui. Sempre vou estar aqui.

Sem resposta, Rose levantou-se e já estava saindo quando percebeu que a outra estava sentada, cabisbaixa e ainda chorando.

— Ele não me ama, Rosalind... temo que nunca irá amar.

— Não... — tornou-se a se aproximar, pegando seu próprio lenço para secar as lágrimas da jovem — Ainda é cedo para pensar assim. Qualquer um consegue perceber os sentimentos dele por você, Bea.

Sua cabeça negava com pesar.

— Fizemos um acordo na noite do baile.

— Ow... tenho medo de perguntar, mas que acordo foi esse?

— Nos conheceríamos melhor até o casamento, faria ele me amar e eu a ele antes de finalmente sermos um casal.

— Céus, Beatrice... E o que os impede de obter tal sentimento depois de casados?

— Não vejo como ele pode me amar. Se nem faz questão de tentar agora, como poderá me amar depois de já me ter como esposa?

— E você? O ama?

Trice sabia bem a resposta para tal pergunta, mas se negava a aceitar. Jamais se prestaria ao papel de amar por dois.

— Não quero me sentir assim, Rosalind. Me recuso a sofrer por um aristocrata mesquinho e fútil!

— Já tenho minha resposta, então... 

Lady de YorkOnde histórias criam vida. Descubra agora