Prólogo

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Aviso: este capítulo possui descrição de cenas de violência e menções a suicídio.



A forma desesperada como o homem barrigudo corria por entre os vários corredores do local trazia uma vontade de gargalhar ao garoto que andava quase tranquilamente, se não fossem pelos passos apressados que precisava dar para alcançá-lo. Ele se atrapalhava entre as portas, não sabendo em qual entrar, e Yunho tinha certeza que o empresário se arrependia de ter o encontrado num lugar que mais se assemelhava à um labirinto. Ele gritava, pedia socorro, perguntava o que ele queria, mas bastava olhar para a pistola em suas mãos para saber com exatidão qual era seu objetivo.

Por mais que fosse divertido observá-lo correr como um rato sem saída, o garoto tinha fome por estar fora o dia inteiro, e sabendo que uma pizza quentinha o esperava no forno, ele passou a se apressar. Então, guiando o homem até uma das salas, fechou a porta atrás de si antes de se aproximar, a arma dançando tranquilamente entre os dedos. A vítima pressionou as costas na parede, tentando permanecer o mais longe possível, e continuou tentando chamar a atenção de alguma alma que pudesse estar andando perdida por aquelas bandas às duas horas da manhã.

Yunho puxou o ar entre os dentes, massageando as têmporas.

– Essa gritaria toda tá me irritando, Lee. – Avisou, tentando soar o mais amigável possível. A verdade é que não levava esse trabalho a sério. Achava normal ter que eliminar certas pessoas se tivesse como pagar as contas no final do mês. Tinha que se sustentar de alguma forma, afinal, e ao descobrir o talento para a matança, encontrou a oportunidade perfeita de conseguir se manter com uma coisa que havia nascido para fazer.

O choro desesperado do homem tornou-se contido, e ele estava dando tudo de si para tentar fazer silêncio após a ameaça disfarçada do outro. As mãos tremiam sobre a boca, as pernas mal se aguentavam em pé e o seu estômago se revirava, prestes a colocar todo o jantar para fora.

– Isso... Não precisa se exaltar... – Sussurrou o mais jovem, agora próximo a ponto de tocá-lo nos poucos cabelos que ainda restavam na cabeça. A calvície era só mais um aviso de que o seu casamento não passava de interesse, pois uma mulher jovem e bonita como a Srta. Lee nunca se aproximaria de um homem tão repugnante se não fosse pelo seu dinheiro. – Sinto muito por ter se envolvido com uma espécie venenosa.

Resgatando uma das mãos trêmulas entre as suas, Yunho acariciou a pele do homem, que parecendo confuso, esqueceu até de continuar a pedir por misericórdia. A arma que antes o mais jovem segurava foi colocada em sua palma, e ele fez questão de posicionar o dedo do outro em seu gatilho. Ele não perdeu tempo em tentar atirar no garoto, que balançou a cabeça negativamente e passou a estalar a língua nos dentes em reprovação a esse ato. A arma ainda estava travada e fez apenas um pequeno barulho.

– Que isso, senhor Lee. Estou tentando te ajudar. – Disse, voltando a apertar a mão da vítima com mais firmeza. Ele soluçava pelo choro recente, o corpo dando solavancos a cada instante como lembrete que ainda estava muito assustado. – Coitadinho, estava estressado demais por conta do trabalho.

A pontinha do cano da arma tocou a lateral de sua cabeça, fazendo o velho fechar os olhos e respirar um pouco mais forte.

– O senhor comprou essa arma para se defender no trabalho. – Ele disse, mas nada que falava era verdade. Estava tentando entrar na cabeça do homem com informações falsas que ele não sabia diferenciar no estado de choque. De fato, aquela arma pertencia ao Sr. Lee no papel, mas os documentos haviam sido forjados por Jongho para não levantar suspeitas do assassinado disfarçado de suicídio. – Mas não aguentou a pressão e ela acabou sendo usada pra que o senhor pudesse se matar.

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